O amor pelas riquezas desse mundo leva o homem a um total
afastamento dos propósitos divinos. Suas atenções são voltadas para alimentar a
ambição e o acúmulo de posses materiais, desencadeando um esquecimento do
próximo e uma insensibilidade crescente. O vigor que deveria ser empenhado em
buscar o Reino de Deus passa a ser direcionado à busca dos valores do mundo e à
satisfação que as riquezas parecem proporcionar.
Paulo, ao escrever ao jovem Timóteo, demonstrou preocupação
também com as questões acerca das riquezas e com a inclinação humana a
priorizá-las em detrimento dos valores certos. Observemos o versículo a seguir:
“Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça
alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1 Timóteo
6.10).
Muitos, equivocadamente, afirmam que “o dinheiro é a raiz de
todos os males”. No entanto, o texto bíblico nos traz uma revelação bem
diferente: “O amor do dinheiro é a raiz de toda a espécie de males”. Ou seja,
não é o dinheiro em si, mas um sentimento que promove uma total inversão de
valores afastando o homem de Deus e levando-o a uma doentia dependência pela satisfação
gerada pelas riquezas deste mundo. Lawrence Richards (2007) afirma que aqueles
que se motivam pelo amor do dinheiro são vulneráveis ao desejo em seguir
qualquer caminho, independente dos meios, para conseguir riquezas. O que vale é
a exploração do próximo e os esforços em promover o máximo possível de lucro e
vantagem sobre as demais pessoas.
A “cobiça”, a qual o texto faz referência, está ligada ao
que está na parte inicial do versículo, onde está escrito que “o amor do
dinheiro é a raiz de toda a espécie de males”. A palavra “males” deriva do
grego kakos, que significa mau, ímpio, perverso em conduta e caráter. No
sentido do texto lido, literalmente revela que o amor ao dinheiro leva à
iniquidade, à maldade e a aflições. Essa é a cobiça que incentiva muitos a se
desviarem da fé e a negligenciarem as verdades aprendidas acerca da vida
cristã.
As riquezas deste mundo podem ser um grande problema se forem
alvo da predileção humana ao invés do amor a Deus. O pastor Antonio Gilberto (2021)
faz importantes observações acerca da postura dos ricos deste mundo. Primeiramente,
duas perguntas deverão ser respondidas: Como conseguiram a riqueza? E o que foi
feito com essa riqueza conseguida? Em seguida, ele conclui afirmando que quando
se ama o dinheiro, não há espaço para um pensamento solidário genuíno, mas
quando servimos a Deus, o coração piedoso tem uma visão bem distinta: tratar
com bondade os pobres; usar o dinheiro para o bem e preocupar-se com o bem-estar
do próximo; submeter-se à direção pastoral. Enfim, ter dinheiro não implica em
um afastamento de Deus. O que afasta o ser humano dos propósitos divinos é o
“amor do dinheiro”.
Na parte final do referido versículo, podemos ler que
aqueles que se deixaram dominar pelo amor do dinheiro e, consequentemente, se desviaram
da fé, se transpassaram a si mesmos com muitas dores. Há um ditado bastante
conhecido e que merece ser aqui mencionado: “Dinheiro não traz felicidade”. Uma
grande verdade! O amor pelas riquezas jamais trará ao coração humano a paz e a
alegria genuína que somente são encontradas em Jesus. Quantos são cercados por riquezas,
mas choram amargamente pelas dores, frustrações e amarguras colecionadas ao
longo do caminho?
Nas cartas escritas a Timóteo, Paulo fala diversas vezes
acerca dos perigos e desafios da vida cotidiana trazendo orientações bem claras
sobre a postura que o cristão deveria ter: chamava o dinheiro de “torpe
ganância” (1 Timóteo 3.3), advertia sobre os falsos valores (2 Timóteo 4.10),
instruía a fugir das paixões da mocidade (2 Timóteo 2.22), ensinava como as
riquezas deveriam ser usadas (1 Timóteo 6.17-19), entre outras tantas
orientações.
Enfim, não é possível servir a Deus e ao dinheiro (Mateus 6.24).
Podemos perceber que o amor ao dinheiro tem sido a raiz de muitos problemas:
desde roubos, homicídios e corrupção até guerras e a destruição de famílias.
Esse sentimento tem levado muitos a se desviarem do caminho e amargarem tristes
consequências. Diante de tal realidade, a nós cristãos cabe a maravilhosa
missão de anunciar ao mundo que Jesus é, em todo o tempo, a melhor escolha.
Referências:
Bíblia com comentários de Antonio Gilberto. Rio de
Janeiro: CPAD, 2021.
Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego. Rio
de Janeiro: CPAD, 2015.
RICHARDS, Lawrence. Comentário Histórico-Cultural do Novo
Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
por Marcos Tedesco
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