Desvio gerado pela cobiça ao dinheiro

Desvio gerado pela cobiça ao dinheiro


Atualmente, vivemos em um mundo que, infelizmente, gira em torno das riquezas materiais. O próprio sistema de produção é chamado de “capitalismo”, indicando que a dinâmica em que a humanidade se desenvolve está fortemente cadenciada pelo capital, ou seja, pelo dinheiro que gera dinheiro. Cada vez há menos espaço para os valores humanos e para a promoção do bem comum. O amor pelo dinheiro tem levado a nossa sociedade a um distanciamento do que é bom e, dessa forma, as consequências têm sido catastróficas.

O amor pelas riquezas desse mundo leva o homem a um total afastamento dos propósitos divinos. Suas atenções são voltadas para alimentar a ambição e o acúmulo de posses materiais, desencadeando um esquecimento do próximo e uma insensibilidade crescente. O vigor que deveria ser empenhado em buscar o Reino de Deus passa a ser direcionado à busca dos valores do mundo e à satisfação que as riquezas parecem proporcionar.

Paulo, ao escrever ao jovem Timóteo, demonstrou preocupação também com as questões acerca das riquezas e com a inclinação humana a priorizá-las em detrimento dos valores certos. Observemos o versículo a seguir: “Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1 Timóteo 6.10).

Muitos, equivocadamente, afirmam que “o dinheiro é a raiz de todos os males”. No entanto, o texto bíblico nos traz uma revelação bem diferente: “O amor do dinheiro é a raiz de toda a espécie de males”. Ou seja, não é o dinheiro em si, mas um sentimento que promove uma total inversão de valores afastando o homem de Deus e levando-o a uma doentia dependência pela satisfação gerada pelas riquezas deste mundo. Lawrence Richards (2007) afirma que aqueles que se motivam pelo amor do dinheiro são vulneráveis ao desejo em seguir qualquer caminho, independente dos meios, para conseguir riquezas. O que vale é a exploração do próximo e os esforços em promover o máximo possível de lucro e vantagem sobre as demais pessoas.

A “cobiça”, a qual o texto faz referência, está ligada ao que está na parte inicial do versículo, onde está escrito que “o amor do dinheiro é a raiz de toda a espécie de males”. A palavra “males” deriva do grego kakos, que significa mau, ímpio, perverso em conduta e caráter. No sentido do texto lido, literalmente revela que o amor ao dinheiro leva à iniquidade, à maldade e a aflições. Essa é a cobiça que incentiva muitos a se desviarem da fé e a negligenciarem as verdades aprendidas acerca da vida cristã.

As riquezas deste mundo podem ser um grande problema se forem alvo da predileção humana ao invés do amor a Deus. O pastor Antonio Gilberto (2021) faz importantes observações acerca da postura dos ricos deste mundo. Primeiramente, duas perguntas deverão ser respondidas: Como conseguiram a riqueza? E o que foi feito com essa riqueza conseguida? Em seguida, ele conclui afirmando que quando se ama o dinheiro, não há espaço para um pensamento solidário genuíno, mas quando servimos a Deus, o coração piedoso tem uma visão bem distinta: tratar com bondade os pobres; usar o dinheiro para o bem e preocupar-se com o bem-estar do próximo; submeter-se à direção pastoral. Enfim, ter dinheiro não implica em um afastamento de Deus. O que afasta o ser humano dos propósitos divinos é o “amor do dinheiro”.

Na parte final do referido versículo, podemos ler que aqueles que se deixaram dominar pelo amor do dinheiro e, consequentemente, se desviaram da fé, se transpassaram a si mesmos com muitas dores. Há um ditado bastante conhecido e que merece ser aqui mencionado: “Dinheiro não traz felicidade”. Uma grande verdade! O amor pelas riquezas jamais trará ao coração humano a paz e a alegria genuína que somente são encontradas em Jesus. Quantos são cercados por riquezas, mas choram amargamente pelas dores, frustrações e amarguras colecionadas ao longo do caminho?

Nas cartas escritas a Timóteo, Paulo fala diversas vezes acerca dos perigos e desafios da vida cotidiana trazendo orientações bem claras sobre a postura que o cristão deveria ter: chamava o dinheiro de “torpe ganância” (1 Timóteo 3.3), advertia sobre os falsos valores (2 Timóteo 4.10), instruía a fugir das paixões da mocidade (2 Timóteo 2.22), ensinava como as riquezas deveriam ser usadas (1 Timóteo 6.17-19), entre outras tantas orientações.

Enfim, não é possível servir a Deus e ao dinheiro (Mateus 6.24). Podemos perceber que o amor ao dinheiro tem sido a raiz de muitos problemas: desde roubos, homicídios e corrupção até guerras e a destruição de famílias. Esse sentimento tem levado muitos a se desviarem do caminho e amargarem tristes consequências. Diante de tal realidade, a nós cristãos cabe a maravilhosa missão de anunciar ao mundo que Jesus é, em todo o tempo, a melhor escolha.

Referências:

Bíblia com comentários de Antonio Gilberto. Rio de Janeiro: CPAD, 2021.

Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.

RICHARDS, Lawrence. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

por Marcos Tedesco

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