Quão impressionante e maravilhoso é o plano salvífico de Deus para a humanidade por intermédio do sacrifício expiatório de Jesus no Calvário. Quando os polos e os prismas da doutrina da salvação são analisados, logo se percebe que o projeto é eterno e seu desenvolvimento, gradativo, até chegar à completude dos propósitos divinos.
Verdadeiramente, os planos de Deus não podem ser impedidos,
nem frustrados! Assim como todo projeto humano de grande envergadura tem início,
princípios e etapas, assim podemos compreender a salvação. Com a origem do
pecado na esfera terrena, logo são manifestas as promessas da reconciliação e
redenção para a humanidade caída (Gênesis 3.15). Este propósito divino, que é
absoluto e não relativo, pode até gerar conflitos, dúvidas, incredulidades e
oposições ferrenhas por parte de blocos religiosos e étnicos, porém Deus
escolhe vias, e elas são acertadíssimas. Principalmente após o Dilúvio, o
Senhor vai tecendo e construindo, chamando e vocacionando pessoas dentro da
linhagem semítica com o propósito de salvação micro, mas vendo ao longe o plano
macro da salvação para todos. Dentro do propósito micro, surgem promessas de
plenitude salvífica, como a dada a Abrão: “...e em ti serão benditas todas as
famílias da terra” (Gênesis 12.3).
Com a nação de Israel já estabelecida, agora com uma Terra
Santa, um templo santo e uma lei santa, os descendentes de Abraão se consideraram
exclusivos na salvação divina, rejeitando outros povos, excluindo-os das
riquezas e benesses da eleição salvífica, que é eterna e para todos. Mas, Deus
não se esquece de Seu plano maior. Por isso, levanta profetas nacionalistas
para ratificar tais promessas, como Jonas, enviado a uma nação gentílica e pagã
para anunciar arrependimento e misericórdia, e tantos outros profetas, a exemplo
do profeta Isaías: “Eu, o Senhor, te chamei em justiça, e te tomarei pela mão,
e te guardarei, e te darei por concerto do povo e para luz dos gentios” (Isaías
42.6). Isaías, o profeta messiânico, pelos oráculos divinos, revela o propósito
maior: salvação a todos.
Na “plenitude dos tempos” (Gálatas 4.4), onde as promessas
messiânicas são cumpridas e estabelecidas na pessoa de nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo -, surgem indagações se o tempo para os gentios havia chegado. Pode se
perceber isso quando o Senhor enviou os doze apóstolos apenas “às ovelhas
perdidas da casa de Israel” (Mateus 10.1-6). O próprio Salvador afirma à mulher
cananeia que não havia sido enviado a não ser às ovelhas perdidas da casa de
Israel (Mateus 15.21-24). São episódios necessários ao povo do concerto. Porém,
há fatos específicos em relação aos gentios: 1) a fé do centurião romano, que
em toda Israel Jesus não havia visto (Mateus 8.5-13); e 2) o samaritano curado
da lepra, que voltou para agradecer e ouve a resposta suave e poderosa: “Vai em
paz, a tua fé te salvou” (Lucas 17.11-19).
Com relação aos fatos de salvação primeiramente anunciada
aos judeus, isto é logico. Eles eram o povo do concerto e das promessas (Efésios
2.12). O apóstolo Paulo também compreende este modus operandi da
salvação anunciada primeiramente aos judeus. Nos primeiros capítulos da
Epistola aos Romanos, há uma ênfase muito importante sobre a salvação anunciada
primeiramente a eles (Romanos 2-3). Porém, ao nos depararmos com o texto de João
10.16, é possível notarmos Jesus lançando luz sobre a questão da salvação
disponível a todos e, consequentemente, toda a visão nacionalista e
exclusivista no que tange a Israel como portadora única da salvação é excluída
e derribada e o proposito macro da redenção é estabelecido: “Ainda tenho outras
ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas
ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor”. Nem todos entenderam e
receberam aquela verdade, inclusive os próprios judeus cristãos
recém-convertidos tinham essa dificuldade, mas uma coisa é certa: o muro da
separação foi desfeito. O tempo dos gentios havia chegado (Efésios 2.14). Nós,
gentios (todo aquele que não é judeu), por intermédio dEle, Jesus, fomos agregados
ao aprisco pela justiça da fé. Nós, que estávamos longe, fomos chamados para
perto, formando, assim, um só rebanho: a Igreja. Os efeitos culturais, étnicos,
raciais e ideológicos não têm mais poder sobre aqueles que se rendem a Ele e
estão nEle pela fé. Ouvimos a voz do Sumo Pastor, Jesus, e por Ele somos
guiados (João 10.16).
A casa de Cornélio, um gentio, visitada por um judeu, Pedro,
foi um dos locais de onde as primeiras ovelhas que estavam longe foram trazidas
para dentro do aprisco pelo poder do Evangelho (Atos 10). A obra na vida dos
gentios é confirmada por meio do ministério de Paulo, que ficou conhecido como
“Apóstolo dos Gentios”, reconhecido pelos apóstolos da Igreja Primitiva (Atos 15).
Séculos se passaram e hoje o número de gentios salvos em
Cristo dentro do aprisco é impressionante, mas ainda se faz necessário que a obra
da evangelização continue até a Volta de Cristo, para que muitas ovelhas que
estão longe sejam trazidas para o rebanho do Bom Pastor.
Deus não faz acepção de pessoas. Jesus tem pressa de agregar
ovelhas ao Seu rebanho. Tudo se dissolve, mas a unidade do rebanho é
permanente. O Pastor do rebanho é fiel e deu a Sua própria vida por cada
ovelha. Glória a Deus!
por Gesiel Pereira
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