O excessivo apego às coisas supérfluas

O excessivo apego às coisas supérfluas


No passado, as pessoas viviam com simplicidade, considerando que elas produziam o que consumiam de forma simples e efetiva. No século 18, com a Revolução Industrial e a produção em série, o mercado mundial começou a produzir bens diversos, gerando assim o crescimento rápido do consumo. No século 19, surgiu o rádio e com ele a propaganda em série, o que aumentou mais o consumo. Depois disso, no século 20 (mais especificamente, em 1927), surgiu a televisão, e agora as pessoas passaram a ser acionadas pelos sentidos da audição e da visão. Então veio a internet em 1969 e cresceu o marketing acionando o desejo das pessoas. Com as redes sociais, todo mundo tem acesso a tudo e a todos. Assim, aumentou de forma excessiva o desejo de consumir cada vez mais. Hoje, com a facilidade de comprar tudo do sofá de sua casa, aumentou muito o consumo (compra de bens) e o consumismo (comprar compulsivamente). Esse consumismo desenfreado leva as pessoas a comprarem não somente o necessário, mas sobretudo o desejado, movidas pelos órgãos do sentido e pela percepção que move o sistema límbico do cérebro (o das emoções) e o sistema de compensação cerebral; leva as pessoas a comprarem e consumir de forma consciente e inconsciente. É por isso que as pessoas consumem tanto, inclusive os supérfluos. Mas há outros fatores:

Possuir é ter poder. O mundo pensa que ter grandes, caríssimas e luxuosas coisas significa ter poder. O tipo do carro, o tamanho da casa, a marca e o preço da bolsa são exemplos de poder e influência. Infelizmente, é assim que até alguns servos de Deus expressam suas vaidades e desejos.

Por necessidade de autoafirmarão ou de ser reconhecido pelos outros. São pessoas inseguras e com baixa autoestima. Há pessoas que adquirem roupas, calçados e outras coisas de marcas caríssimas só para serem vistas, para se sentirem pertencentes a uma elite arrogante e prepotente. Lembre-se que um terno de 20 mil reais veste da mesma forma que um de menos de mil reais, e assim por diante. Pior ainda é quando os pais expõem seus filhos a essa arrogância consumista. E pior: há pais que expõem suas crianças nas redes sociais para parecer mais importantes que outras.

Comportamento narcisista. O narcisismo é um transtorno patológico de personalidade baseado no mito grego de Narciso, que, olhando no espelho d’água, se apaixonou por sua própria beleza. Muitos, até no meio cristão, se acham superiores aos outros e tentam se destacar não pelo ser, mas pelo ter.

Consumismo compulsivo. Chamado na psicologia “oneomania”, um desejo mórbido e impulsivo de fazer compras e adquirir coisas. Se alguém sofre desta patologia comprando muitas coisas desnecessárias, sem parar, precisa procurar um profissional de saúde mental.

Considerando que nunca houve no mundo tanto consumismo, os servos de Deus, líderes de suas famílias, precisam seguir princípios de consumo consciente e responsável para si e para seus filhos. As crianças precisam ser ensinadas a consumir de forma equilibrada. Fazer todas as vontades dos filhos não só leva a gastos desnecessários como destrói as crianças por falta de limites e disciplina.

Como tratar esse problema?

Liberte-se da ansiedade. Jesus declarou em Mateus 6.25: “Não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber, nem pelo corpo pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais que o alimento e o corpo mais que as vestes?”. Caro irmão, não permita que a ansiedade por coisas te adoeça. Deus está no controle de tudo!

Liberte-se do consumismo inconsciente. Cuidado com a sedução das propagandas e das necessidades construídas pelas mídias. Há pessoas doentes emocionalmente que não têm controle sobre seus gastos. Se liberte disso e assim se proteja de dívidas e de algumas angústias.  Busque  o  equilíbrio.  Cada  servo de Deus deveria buscar esse equilíbrio fazendo um orçamento mensal, começando pelas prioridades e depois pelas coisas menos importantes. Jesus declara em Lucas 14.28: “Qual de vocês, se quiser construir uma torre, primeiro não se assenta e calcula o preço, para ver se tem dinheiro suficiente para completá-la?”. Isso é inteligência espiritual e financeira. Quem faz isso não fica endividado a ponto de viver estressado e atribulado.

Não confunda necessidade com desejos. Muitas pessoas gastam seus recursos com coisas supérfluas movidas pelo desejo. Muitos desejos são artificiais, constituídos pelo marketing. São desejos por coisas que nunca serão usadas. Outros atendem a todos os pedidos dos filhos para compensar o carinho e a presença na vida deles. Aprenda discernir as necessidades dos desejos.

Proteja sua família. Os responsáveis pela família precisam orientar os filhos a um consumo responsável e criterioso.

Se proteja da inveja. A Bíblia diz em Salmos 37 para não termos inveja dos homens poderosos. Muitas pessoas consomem coisas a partir do que outras pessoas têm. Alguém observa os móveis da casa do vizinho e pensa: “Preciso ter um móvel desse”. São necessidades artificiais provocados pelos sentidos. As pessoas criam necessidades a partir da competição e inveja. Nosso tesouro está no céu. “Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e onde os ladrões arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês tesouros nos céus, onde a traça e a ferrugem não destroem e onde os ladrões não arrombam nem furtam” (Mateus 6.19,20). Invista sabiamente no Reino dos Céus.

Viva com simplicidade. “Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a vocês mesmos” (Filipenses 2.3). Com sabedoria e humildade, seremos muito mais felizes e abençoados.

Agradeça. A virtude mais linda do cristão é agradecer pelo que tem e nunca lamentar pelo que não tem. Cada servo de Deus deve considerar os ensinamentos bíblicos para suas vidas e suas famílias. Jesus afirma: “Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6.33). Faz-se necessário abandonar as futilidades, os prazeres efêmeros, as vaidades, os filtros das redes sociais, as mediocridades e focar nas prioridades, pensar nas coisas do céu e não nas da terra. É tempo de cuidar da mente e do coração de nossas crianças, ameaçadas pela leviandade dos poderes constituídos. Em vez de corrermos atrás de marcas, façamos como Paulo: “Trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus” (Gálatas 6.17). Deus nos ajude!

por Israel Alves Ferreira

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