Você já conheceu ou conhece alguém que vive amargurado? Alguém que sofre as consequências de seus erros e vive reclamando da vida? Alguém que não consegue se relacionar bem com as pessoas, e as poucas que fazem parte de seu rol de amizade são praticamente obrigadas a não se relacionarem com outras? Conhece alguém que tem problemas com pessoas externas e também com as de dentro de sua própria casa? Não sei se você já percebeu, mas na maioria das vezes elas também têm um poder grande de contaminar as pessoas que estão ao seu lado.
Em nosso dia a dia, é quase difÃcil não se relacionar com as
pessoas à nossa volta; aliás, nós dependemos delas para muitas coisas. Por
isso, somos levados direta ou indiretamente a estabelecer algum tipo de relacionamento
interpessoal para nos completarmos como seres humanos. Seja na troca ou no
cooperativismo em sociedade, tudo que precisamos depende ou dependerá de
alguém; caso contrário, não conseguiremos ir muito além. Todavia, vez ou outra,
nos deparamos com pessoas mal-amadas em nosso meio. São pessoas que enfrentam
problemas emocionais, porém nem sempre assumem essa realidade. E por não assumirem
seus erros, geralmente acabam cometendo as mesmas falhas e colhendo os mesmos
resultados negativos que as levam, muitas vezes, a se afastarem das pessoas.
Mas tudo isso não acontece da noite para o dia. É resultado
de um processo de péssimas escolhas que se deram ao longo da vida e que
precisam ser mudadas; se não, provocarão prejuÃzos de diferentes ordens. A orientação
de Hebreus 12. 14,15 é para
termos cuidado para que nenhuma raiz de amargura, brotando, nos perturbe e,
consequentemente, contamine outras pessoas.
A paz com todos
O texto de Hebreus é geralmente citado com ênfase na
santificação, contudo ele não fala apenas de santificação como requisito para ver
a Deus. Ele acentua, somado à santificação ou como complemento à santificação
da vida do crente, a busca por um relacionamento de paz com todos aqueles que
nos cercam. É importante frisar que esta paz nos relacionamentos deve ser buscada,
ou seja, sou o principal agente dessa iniciativa. Na santificação, eu busco,
mas o principal agente que opera a santificação em minha vida é o EspÃrito
Santo. Na relação com o próximo, devo buscar viver em paz para poder contemplar
a face de Deus.
Dentro de um contexto externo à salvação, você poderia muito
bem me dizer que não está nem aà para o fato de não ter um bom relacionamento
com as pessoas. No entanto, o contexto da fé em que estamos inseridos nos expõe
a realidade de que, para vivermos uma vida de santidade, que nos levará consequentemente
a uma vida com Cristo, dependemos também de como tratamos as pessoas à nossa volta.
Neste sentido, o próprio Cristo advertiu: “Se trouxeres a tua oferta ao altar,
e aà te lembrares que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante
do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com o teu irmão e, depois,
vem e apresenta a tua oferta” (Mateus 5.23,24). Ora irmãos, se o fato de não
estar bem com meu irmão agrava na minha oferta a Deus, pense nos prejuÃzos
provocados à minha salvação. Noutras palavras, é a mais pura hipocrisia estar
no Reino, mas não me sentir bem ao lado das pessoas que compõem esse Reino.
A busca pela paz com todos parte principalmente de uma vida de
renúncia. Certo dia, conversava com uma pessoa que estava muito triste com seu
cônjuge por haver o fl agrado visualizando algumas imagens no celular. Ao lhe
indagar se seu cônjuge tinha o costume de fazer isso, me disse que não e que se
tratava de uma pessoa boa. Logo, lhe disse para abrir o seu coração em uma
conversa amigável com o seu cônjuge e lhe perdoar. Naquele momento, essa pessoa
me disse que iria esperar que ele pedisse perdão. Fiz interpelação dizendo que
o perdão devia ser liberado por ela – que obviamente ficou magoada com a situação
– mesmo que o outro não fizesse esse pedido. Quando fizesse isso,
automaticamente estaria blindando seu coração contra qualquer manifestação de
raiz de amargura. Mas percebi que havia um orgulho velado que lhe fazia esperar
um pedido de perdão que ela mesma sabia que não aconteceria.
Às vezes, o nosso orgulho e a nossa forma de pensar nos impedem
de viver em paz com os outros. Alguns dizem: “Ah! Eu sou desse jeito mesmo” ou
“Não adianta, eu nasci assim e vou morrer assim”. O problema é que quanto mais
as pessoas agem dessa maneira, mais se afastam das outras e também de Deus. Por
isso, é importante e necessário renunciarmos nosso ego e nossa razão em prol de
um relacionamento de paz com os outros.
Privação da graça
O autor aos Hebreus nos orienta a tomarmos dois cuidados
importantes em nossa carreira rumo ao Céu. O primeiro é exatamente ter cuidado
para que ninguém se prive da graça de Deus. É ela que nos permite perdoar os
outros e viver de acordo com o que a BÃblia nos orienta. Aliás, é importante
ressaltar que a liberação do perdão para viver uma vida de paz com o meu irmão
é resultado direto do perdão de Deus para minha vida. Quando decidimos perdoar
o outro, estamos apenas refletindo o perdão que o Senhor Jesus já nos concedeu
através de Sua morte e expiação na cruz do Calvário. Por isso, Jesus disse no grande
Sermão do Monte: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também
vosso pai celestial vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens as
suas ofensas, também vosso pai vos não perdoará as vossas ofensas” (Mateus 6.14,15).
Seria estranho pensar a graça de Deus apenas como salvação e perdão
individualmente, ignorando o fato de que essa graça se revela também na minha
conduta e relacionamento com os outros. A graça de Deus precisa ser tão real ao
ponto de se fazer notável através da minha vida em todos os sentidos.
Ninguém que busque viver uma vida longe das pessoas e com
maus relacionamentos pode dizer que se sente bem dessa maneira. Isso, muitas
vezes, está patente em seu dia a dia, na maneira como se comporta e como reage
às adversidades e aos conflitos do cotidiano. Certo é que a raiz de amargura
causa perturbação à vida das pessoas e pode contaminar outras.
por Edeilson Santos
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