Jesus é inigualável. Seja como teólogo, ensinador, pregador e comunicador, Jesus não pode ser comparado a ninguém, visto que a todos sobrepuja sobremaneira. Ele não tem rival, pois todos estão muito abaixo de Sua grandeza e inteligência. Ele é, dentre os nascidos neste planeta, o único que pode dizer: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração” (Mateus 11.29). Qualquer outra pessoa que se expressa dessa forma, por mais nobre que seja, cometerá, no mínimo, um desatino, porquanto todos os que carregam a semente do mal impregnada desde a Queda no Éden, trazem consigo a arrogância do pecado. Jesus, porém, tendo sido gerado pelo Espírito Santo, sendo 100% homem e 100% Deus, não trazia as consequências do pecado original e, por isso, nunca pecou, nem engano algum se achou em sua boca (1 Pedro 2.22).
Jesus falava sobre aspectos importantes para esta vida e
para a eternidade, o que, geralmente, destoava do que os homens valorizavam,
como o jovem rico que, instigado a despir-se de seus bens patrimoniais,
abandonou a companhia de Jesus. Desde muito cedo, aos doze anos, perante os doutores
da lei no Templo, compartilhou os mistérios de Deus, fazendo com que eles
ficassem impactados com a Sua sabedoria e exímia comunicação. E não podia ser
diferente, afinal Ele é a Palavra que se fez carne e habitou entre nós (João 1.14)!
O argumento de Jesus não era arrogante, nem sua roupagem (a linguagem)
elevada, rebuscada. O que Ele dizia era bem assimilado pelos que tinham estudo
e pelos analfabetos. Os que procuravam lhe contradizer eram prontamente convencidos
de que não tinham razão. Quando qualquer resposta dEle parecia não ser
suficiente para convencer, converter, Ele emudecia. Não lançava pérolas aos
porcos, mas deixava, com Seu silêncio, a ideia de que havia algo maior,
incompreensível, por trás daquela atitude. Ele, com isso, estimulava os homens
a se aprofundarem no conhecimento de Deus. Utilizava um método pedagógico com
esteio na sabedoria salomônica: “Não responda ao insensato com igual
insensatez, do contrário você se igualará a ele. Responda ao insensato como a
sua insensatez merece, do contrário ele pensará que é mesmo um sábio”
(Provérbios 26.4,5 – NVI).
Jesus falou da natureza decaída do homem, mostrando o que o pecado
pode ocasionar, quando disse àquele paralítico que foi descido por quatro
amigos, por cordas, antes de lhe curar: “Os teus pecados estão perdoados” (Marcos
2.5). Ora, sem dúvida, sendo o
homem um ser relacional, se sua primeira relação fundamental – com Deus – não
estiver íntegra, então nada mais pode estar verdadeiramente em ordem. Por este
motivo, Ele, antes de curar, perdoou-lhe os pecados, prioridade inequívoca de
Sua mensagem e ministério, chamando, assim, a atenção do homem para o cerne do mal
humano. Quando também Ele conversou com outro paralítico, que estava às margens
do Tanque Betesda, disse-lhe igualmente que não pecasse mais — idêntica mensagem
dada a uma mulher pega em adultério. Ensinou, com isso, que é a natureza
decaída o principal problema humano, ou seja, se alguém não estiver com comunhão
com Deus, então, apesar de todas as coisas até parecerem boas, em seu devido
lugar, ainda assim a pessoa continuará enferma, não estará curada!
Outro assunto de grande relevância tratado por esse Jesus
impressionante foi acerca da bondade “escandalosa” de Deus. A isso os teólogos
chamam de graça. Ele disse que Deus faz cair a chuva sobre justos e injustos,
sem distinção meritória (Mateus 5.45). Ou seja, o Todo-Poderoso estende a Sua
mão, abre Seus braços e abençoa a todos. Criminosos, agnósticos e ateus são
alvos da bondade divina. Os judeus não estavam acostumados com esse amor sem
fronteiras. O bem-querer religioso possuía contornos, limites, etnias. Deus, porém,
desde a festa angelical do nascimento da Palavra, anunciou que a chegada
daquele Menino era um gesto de “boa vontade de Deus para os homens” (Lucas 2.14).
Como trazer um conceito tão revolucionário de maneira que todos compreendessem?
Somente o maior comunicador de todos os tempos poderia introduzir na mente e no
coração dos homens esse terno e meigo olhar de Deus sobre a Sua criação.
Nessa esteira, Jesus falou de um perdão sem limites e também
o vivenciou na cruz, ao bradar do alto do Gólgota: “Perdoa-lhes, porque eles
não sabem o que fazem” (Lucas 23.34). No Antigo Testamento, há lampejos desse aspecto
do caráter de Deus, como no arrependimento do rei Acabe, quando o Senhor Deus
falou com o profeta Elias determinando que anunciasse ao rei injusto a misericórdia
divina (1 Reis 21.27-29), ou no caso emblemático do profeta Jonas, enviado por
Deus a pregar a Palavra de Deus aos habitantes da capital do terrível império
assírio, história contada no livro do referido profeta. Mas a intensidade desse
perdão ensinado por Jesus (“setenta vezes sete”) apresenta-se totalmente desconcertante.
As ideias de Jesus, em regra, assim, eram vergonhosas para alguns
moralistas, contraditórias para os religiosos, desafiadoras para os filósofos,
ameaçadoras para os políticos e poderosos, mas para o povo de Deus traduzia-se
numa engrenagem bastante funcional para fazer o homem viver bem neste mundo, no
seio social, e prepará-lo para entrar na cidade celestial.
O maior comunicador do mundo também foi muito enfático
acerca do poder da fé (gr. pistis), a qual não traz consigo somente o
significado de crer, mas se consubstancia numa crença acompanhada de obras,
obediência. Com isso, Jesus abriu o Evangelho para todos os que quisessem, pela
fé, viver para Deus.
A tradição judaica colocava os judeus acima das outras
pessoas. Jesus, porém, anulou essa visão etnocentrista, que já tinha sido prenunciada
no Antigo Testamento, quando Deus mostrou Sua graça aos não judeus pela
instrumentalização de inúmeros homens e mulheres que não pertenciam à descendência
abraâmica. E agora, no alvorecer do ministério do Filho, Ele usou o caso de um
centurião romano — o qual sequer tem seu nome mencionado — para fazer conhecido
o poder da fé. Disse Jesus: “Vai e como crestes te seja feito” (Mateus 8.13).
Neste caso, “crer era poder”.
Ele quis incutir nos homens que a fé vai além da razão. Ela não contradiz a
razão, mas a ultrapassa. Ela é o portão do nosso futuro.
Numa sociedade oprimida pelo jugo pesado dos romanos, insinuar
que “crer” era o caminho da vitória não deve ter sido fácil. Os fariseus podem
ter explodido de indignação, pois eles gostavam de complicar as coisas, já que
viajavam para fazer um prosélito, mas com seus rituais faziam-no réu do fogo do
inferno. Jesus, entretanto, recomendou apenas que o centurião cresse e o
milagre aconteceria. Inúmeros religiosos modernos, teólogos, esotéricos e
tantos outros diriam um emaranhado de fórmulas complexas, mas Jesus apontou
para o poder da fé, como também fez com Marta, ensinando-a como ver a glória de
Deus (João 11.40).
Jesus era um homem que trazia a mensagem confrontadora do Pai
e, por isso, pode ser considerado um ensinador, pregador, “politicamente
incorreto”. Ele, em nossos dias, não seria benquisto no seio da mídia, pois o taxariam
de intolerante, fundamentalista. Mas, não! Nenhum rótulo se aplicaria
corretamente a Ele, que distinguia-se dos demais tanto na forma, pois falava com
autoridade (Lucas 4.32), quanto no conteúdo, explicando acerca dos assuntos
mais relevantes da existência, deixando claro, nesse diapasão, que “aquilo que
as pessoas acham que vale muito não vale nada para Deus” (Lucas 16.15 – NTLH). Sua comunicação era tão
eficaz que, certa vez, soldados que tencionavam prendê-lO anunciaram, com razão,
que “nunca homem algum falou assim como este homem” (João 7.46 – ARC).
por Reynaldo Odilo Martins Soares
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