Cada cristão deve ser consciente que a família foi criada por Deus e Ele estabeleceu para ela os Seus propósitos, os quais não podem ser anulados
Visibiliza-se diante de nossos olhos os ataques pútridos feitos contra a instituição denominada família, cuja constituição é totalmente divina (Gênesis 2.24). Os movimentos que objetivam anuir a família, que se firma no padrão bíblico, são os mais diversos, mas podemos enumerar alguns aqui: o feminismo, os que lutam pelo casamento igualitário, os movimentos LGBTQIA+, o movimento de parentalidade solo, o movimento poliamor e de relações não-monogâmicas, movimentos de direitos reprodutivos e o movimento pela educação sexual. Os argumentos e pensamentos de tais movimentos são ferrenhos e se opõem totalmente aos princípios bíblicos. Dessa maneira, a Igreja de Cristo deve rejeitá-los, não se conformando com este mundo e suas filosofias (Romanos 12.2).
Na atualidade, inclusive nos livros jurídicos, o conceito de
família não mais está atrelado à tradicional família nuclear. Vê-se sua diversificação
e mudanças sociais constantemente. Os que advogam em favor dessas alterações
salientam que tais evoluções e mudanças acontecem devido às mudanças sociais, culturais
e legais, mas é oportuno aqui fazermos uso das palavras do livre-docente em
Filosofia do Direito, promotor público no Estado do Rio Grande do Sul, Jacy Souza
Mendonça, em sua obra Introdução ao Estudo do Direito, que, falando sobre
a família, leciona o seguinte:
“Algumas instituições jurídicas são essenciais à realização
da pessoa humana. A primeira delas é a família. Nela nascemos, vivemos e morremos.
Reconhece a Declaração, no art. 16, que ‘A família é o núcleo natural e fundamental
da sociedade’, é por isso ‘que tem direito à proteção natural e fundamental da
sociedade e do Estado’; reconhece mais, que ‘Os homens e as mulheres de maior idade,
sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair
matrimônio e fundar uma família’; para contratar com costumes generalizados no
passado, ainda presentes em algumas comunidades modernas, insiste em que ‘O
casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes’
e, uma vez constituída a família, marido e mulher ‘gozam de iguais direitos em relação
ao casamento, sua duração e dissolução’. Os legisladores de todo o mundo precisam
perceber que, a partir da natureza humana, a Declaração reconhece a família como
resultante da união de homem com mulher, observação que, apesar de
óbvia, se faz hoje necessária, em face da tendência de certos sistemas
jurídicos positivos de considerarem família a união homossexual. Que pessoas do
mesmo sexo, no exercício de sua liberdade, possam constituir uma sociedade, que
essa sociedade possa envolver relacionamento afetivo entre elas e até
relacionamento sexual, ninguém pode contestar, mas o que é necessário
proclamar, em alto e bom som, é que isso não é família, pois família é essencialmente
a união de um homem com uma mulher” (MENDONÇA, 2010, p. 154).
A exposição do jurista acima, coaduna-se, em sua maior parte,
com a expressão bíblica de Gênesis 1.27 e 2.24, sustentando que a constituição da
família se dá através do homem e da mulher, macho e fêmea. Além disso, ele está
certo quando advoga em favor da liberdade humana que todo ser tem e pode fazer
uso dela como bem lhe entende, mas que, por outro lado, é certo que não se pode
alterar a natureza humana. Ainda que em nome de uma dita liberdade as pessoas optem
por modelos de famílias diferentes do que foi estabelecido por Deus, não se
pode chamar esses novos modelos de família, mas apenas de sociedades, pois a
constituição da família divina estrutura-se na união de um homem e de uma mulher,
o macho e a fêmea, pois é tão somente dessa forma que se dará a procriação.
O posicionamento dos cristãos em defesa da família segundo
os princípios bíblicos não é algo cego, fanático, sem base, pois primeiramente se
estrutura na Bíblia Sagrada, depois nos seguimentos e definições da própria
Constituição Federal e nas definições básicas do Direito de Família. Ao falar
sobre a família, Gilberto Vieira Cotrim a descreve assim: “Dentre os diversos grupos
sociais, a família merece especial atenção, porque é o primeiro grupo do qual
fazemos parte. É na família, portanto, que aprendemos as primeiras lições do
convívio social. Os sociólogos classificaram a família como grupo primário,
porque nele as pessoas se relacionam de maneira íntima e direta” (COTRIM, 1993,
p. 84).
Em sua obra, Vieira continua elencando as quatro funções da
família dentro da sociedade: função procriativa, educativa, emocional e econômica.
Novamente podemos dizer que essas colocações se ajustam aos dizeres bíblicos. A
Constituição Federal, no seu artigo 226, descreve a família como a base da
sociedade. Firmados nessa colocação, os juristas trabalharam armando que tal sociedade
se firmaria por meio do matrimônio, formada pelo marido, a mulher e os filhos
(Dicionário Jurídico, 2004. p. 77).
Ora, se todas as declarações sobre a família como base da
sociedade estavam plenamente de acordo com a Bíblia, o que mudou então? Por que
agora tanto ódio é destilado contra os que seguem os dizeres que antigamente
eram sustentados? E por que agora estão classificando como homofóbicos os que
defendem o direito da família e sua constituição divina, em especial o
casamento entre um homem e uma mulher? Toda essa mudança resulta de ideologias contrárias
aos preceitos bíblicos, de uma sociedade que a cada dia se afasta mais de Deus
e da Bíblia, que é definida por João como estando sob a influência e controle
do deus deste século (1 João 5.19).
Ainda está de pé a família nuclear – pai, mãe e filhos –,
mas para que esta subsista é preciso que a Igreja seja forte e combata todos os
ataques que são direcionados a ela. Os padrões de novos modelos de famílias na
atualidade são diversos. Por exemplo, famílias monoparentais, famílias reconstruídas,
famílias homoparentais, famílias ampliadas, famílias de criação, famílias por escolhas,
famílias multiculturais, famílias sem filhos, famílias de acolhimentos e
adoção, famílias virtuais etc.
É importante conhecer cada tipo de família e avaliar pela
Bíblia até que ponto suas construções estão em consonância com os ensinos da Palavra
de Deus, posto que ainda que haja evolução, desenvolvimento social e cultural,
nada disso pode se chocar com o que está exarado na Palavra de Deus, visto que
a família deve seguir o padrão bíblico de como ela foi instituída por Deus.
Diante das erosões que estavam acontecendo já nas famílias dos dias de Cristo,
Ele mesmo apelou para o princípio estabelecido por Deus (Mateus 19.4-6).
Através da Bíblia e de uma saudável teologia, a família é
descrita como uma instituição divina. Por meio dela se compreende o seu papel
preponderante para as relações humanas, bem como os intentos divinos,
evidenciando, assim, os princípios éticos e morais. Ao folhearmos a Palavra de Deus,
está claro que a humanidade, no geral, teve sua fonte de existência em Deus (Gênesis
1.26,26), que no Seu projeto incluiu a família como instituição. Pela narrativa
bíblica, Adão e Eva são o primeiro casal (Gênesis 2.24). O pastor, escritor e
hermeneuta Esdras Costa Bentho, em sua obra A Família no Antigo Testamento,
nos agracia com uma colocação esplendorosa ao tratar da família como instituição
divina: “Deus é quem decidiu criar a família. Esta foi formada para ser um
centro de comunhão e cooperação entre os cônjuges. Um núcleo por meio do qual
as bênçãos divinas fluiriam e se espalhariam sobre a terra (Gênesis 1.28). Não era
parte do projeto célico que o homem vivesse só, sem ninguém ao seu lado para
compartilhar tudo o que era e tudo o que recebeu da parte de Deus” (BENTHO,
2006, p. 24).
O casamento é declarado na Bíblia Sagrada como instituição divina,
uma união plenamente santa, que, armada entre um homem e uma mulher, os levam a
tornarem-se uma só carne (Gênesis 2.24). Deus estabeleceu proteção a qualquer
ataque contra o casamento, sejam eles o adultério (Êxodo 20.14) e outros tipos
de relações sexuais ilícitas que escamoteiam o padrão estabelecido por Deus
para a vida sexual a dois (Levíticos 18; Hebreus 13.4).
Na convivência da vida a dois pelo matrimônio, cada um,
dentro do lar, tem o seu papel especifico, conforme determinado pela Palavra
de Deus. Pede-se ao marido que ame a sua esposa e viva com ela com entendimento
(Efésios 5.28; Colossenses 3.19; 1 Pedro 3.7). As esposas são aconselhadas a se
submeterem aos seus maridos e serem boas donas de casa (Efésios 5.22; Tito 2.4).
Aos pais cabe a responsabilidade de educarem seus filhos, cabendo também aos filhos
horarem seus pais (Êxodo 20.12).
A família, pelo viés bíblico, é marcada por uma relação de
amor mútuo e compreensão, o que gera um relacionamento duradouro e saudável.
Uma família que se estrutura dentro dos padrões bíblicos é bênção para a
sociedade, pois contribuirá para a criação de filhos bem-educados no aspecto moral
e ético, bem como espiritual, não se entregando a atos voluptuosos, nem à
pratica de vandalismo, badernas, brigas, nem coisas ilegais como drogas, crimes
e tráfico. Uma família cristã que se firma na Palavra de Deus contribuirá para
o bem da sociedade, bem como atentará para os menos favorecidos, como os pobres,
os órfãos e as viúvas (Tiago 1.27).
A família que segue o modelo bíblico estabelecido por Deus sempre
será cândida, pois valorizará a leitura da Palavra, a oração, o amor ao próximo,
e jamais se envolverá com atos brutais e pecaminosos, com traições e brigas;
antes, a união será marcada pela fidelidade e a verdade. Na família que impera
o conteúdo bíblico, o perdão e a reconciliação são coisas constantes.
Pelo conteúdo escriturístico da Bíblia, a base da
instituição divina da família é Gênesis 2.18-25. Deus tanto a criou como
estabeleceu o modelo no qual ela deve estar assente, posto que há um propósito
Seu para a família: a união sagrada entre um homem e uma mulher. Cada cristão deve
ser consciente que a família foi criada por Deus e para ela estabeleceu seus
propósitos, os quais não podem ser anulados. Ao criar Adão e Eva, Deus os
abençoou para viverem a vida a dois e formar uma família, macho e fêmea. Essa é
a verdade absoluta que deve permanecer para sempre e ser defendida pelos
verdadeiros servos de Deus.
No propósito de Deus para a criação da família como
instituição, além da união para a vida a dois, há também o propósito da a procriação.
Nesse quadro, os laços afetivos entre os cônjuges e o apoio que se deve dar aos
filhos devem ser permanentes, pois é no ambiente familiar sagrado que a fé e
os bons valores puros irão se desenvolver, perpetuar e propagar para as
gerações futuras.
Para que o amor, o respeito e a consideração existam no seio
familiar, sem qualquer tipo de machismo, abuso e maus tratos, o papel de cada
um está bem definido, pois as instruções do manual da família, a Bíblia
Sagrada, como acima já prolatado, orienta como deve o esposo tratar a esposa,
como a esposa deve tratar o marido, e como os pais devem tratar os filhos e
vice-versa. Ao seguir essas normativas bíblicas, a responsabilidade, o amor e a
consideração serão coisas presentes no lar, o que irá resultar em uma família
como descrita no Salmo 128.
Essa família como instituição divina deve ter como alicerce o
amor. É relevante que ele seja cultivado nesse âmbito, pois irá fortalecer
muito mais o compromisso assumido entre ambos, bem como as demais relações
envolvendo os filhos. Bíblica e teologicamente falando, Deus é amor, e quando somos
dominados pelo amor ágape, as mais belas virtudes irão se desenvolver em nós (1
Coríntios 13). A família que se firma na Palavra e no amor de Deus (1 João
4.8) não somente estará bem firme, mas terá uma espiritualidade verdadeira.
No preâmbulo, evidenciamos que os ataques contra a família como
instituição divina, ou seja, como criação de Deus, são diversos, os quais são
promovidos por pessoas que ferrenhamente se apegam às suas ideologias maléficas
contrárias aos princípios bíblicos, buscando de uma vez por todas erradicar a
família tradicional. Não podemos assistir tudo passivamente, mas devemos agir,
promovendo ensinos salutares através das Sagradas Escrituras, falando da família
como uma criação divina, dando ênfase aos princípios e valores familiares cristãos,
impactando uma sociedade que está anuviada pelo pecado (Filipenses 2.15).
Para combatermos os ataques contra a família como instituição
divina, temos que dar ênfase à sua base, a Bíblia, a qual revela Deus como o
criador da família, estabelecendo o padrão correto: macho e fêmea (Gênesis 1.27;
Mateus 19.4; Marcos 10.16). Note que o próprio Cristo deu ênfase e defendeu
esse padrão. É preciso também que os pais criem nesse ambiente familiar a
prática constante da oração. Ao orar em família, o fortalecimento, tanto humano
como espiritual, acontece. Ademais, virá a orientação necessária para tudo.
Pela oração, a boa estrutura virá, estando bem alicerçados para enfrentar lutas
e desafios, inclusive a ansiedade (Filipenses 4.6-7).
É preciso fortalecer a vida a dois para que as erosões não venham
desestabilizar o compromisso feito perante o altar e se mantenha o ideal
divino. Tudo isso é feito por meio de um reforço para essa união sagrada, não
deixando que nada de fora venha desestabilizá-la. Assim, o amor do marido e o
respeito da esposa, bem como a honra, respeito e obediência por parte dos filhos,
são os passos fundamentais para uma boa edificação familiar. O pai e a mãe que
são cristãos devem estar alertas para os desafios de uma cultura sem Deus, que
por meio de suas influências negativas estão tentando afetar a família
instituída por Ele. Destarte, é imprescindível que as medidas sejam tomadas
para que tais ataques não venham trazer contaminação para o modelo certo. Para
isso não acontecer, é preciso ter a Palavra no lar, oração constante e a
prática do amor e do perdão. Tudo isso irá tanto fortalecer como criar um
ambiente familiar saudável, respeitoso, honroso e unido (Colossenses 3.13-14).
As tempestades contra a casa, isto é, a nossa família, podem
vir de todos os lados, como bem falou Jesus em Seu sermão: a chuva veio de
cima, de baixo e dos lados. Mas a casa não caiu, pois estava edificada sobre a
rocha (Mateus 7.25). Portanto, uma família que segue o padrão bíblico, em que o
esposo, a esposa e os filhos se sujeitam às suas normas, resistirá poderosamente
os ataques vindos de todos os lados contra a família, visto que estará bem
alicerçada.
Notas Bibliográficas
COTRIM, Vieira Gilberto. Direito e legislação. São
Paulo: Saraiva, 1993.
ANGHER, Joyce Anne. Constituição da república federativa
do Brasil. São Paulo: Rideel, 2003.
GUIMARÃES, Torrieri Deocleciano. Dicionário Jurídico.
São Paulo: Rideel, 2004.
MENDONÇA, Souza de Jacy. Introdução ao Estudo do Direito.
São Paulo: Rideel, 2010.
BENTHO, Costa Esdras. A Família no Antigo Testamento.
Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
por Osiel Gomes
Compartilhe este artigo. Obrigado.
Postar um comentário
Seu comentário é muito importante