“E [Arão] tomará o incensário cheio de brasas de fogo do altar de diante do Senhor, e os seus punhos cheios de incenso aromático moído e o meterá dentro do véu. E porá o incenso sobre o fogo, perante o Senhor, e a nuvem do incenso cobrirá o propiciatório, que está sobre o Testemunho, para que não morra” (Levíticos 16.12-13).
O propósito da nuvem produzida pelo incenso colocado sobre a
tampa do Propiciatório, na Arca da Aliança, era produzir uma fumaça tal que
escondesse a Glória da Arca do olhar do Sumo Sacerdote. Sua função era a de
proteger o homem, evitando sua morte, uma vez que a natureza pecaminosa não
poderia subsistir diante da Santidade de Deus. Nem toda cortina de fumaça, no
entanto, presta-se ao mesmo serviço protetivo, mas, por vezes, serve à
dissimulação e à ocultação de objetivos escusos.
Temos visto nuvens. Mais densas do que as nuvens que vimos
nos últimos dias em Israel, levantadas a partir dos bombardeios ou dos efeitos
destes, com a queda de edifícios, destruição de estradas e de veículos, há
sobre aqueles sítios tão amados sufocantes cortinas de fumaça dispostas de
maneira a ofuscar os caminhos da geopolítica do Oriente Médio, priorizando transtornar
os passos da ainda jovem nação de Israel.
Com o objetivo de tentar esclarecer alguns pontos nesse horizonte
perturbado pela recente guerra envolvendo Israel e o grupo terrorista Hamas,
enumeramos algumas importantes perguntas, cujas respostas ajudam a acompanhar o
curso dos recentes acontecimentos:
O que é o Hamas? Segundo John Hagee (“Em Defesa de Israel”,
CPAD), o “Hamas (“Movimento Islâmico de Resistência”) é um acrônimo árabe que
significa “zelo”. O Hamas é um grupo islâmico da autoridade Palestina. Criado
em 1987, o Hamas é conhecido pelas suas bombas suicidas e outros ataques, dirigidos
contra civis israelenses, assim como alvos militares e de segurança. Os
estatutos do Hamas (escritos em 1988 e ainda em vigor) exigem a destruição do
Estado de Israel e o estabelecimento de um estado Palestino Islâmico na área que
hoje é Israel, a Cisjordânia e a Faixa de Gaza. Os estatutos declaram: ‘Não há
solução para a questão palestina, exceto por intermédio da Jihad’.”
O Hamas é o legítimo governante da região de Gaza? Apesar de
o grupo terrorista ter vencido as eleições na Palestina em 2006, assumindo o controle
das forças de segurança, a situação sofreu várias mudanças desde então. Hoje,
Mahmoud Abbas, líder do grupo Fathah, a “ala militar” dos pleiteantes, costuma
ser a voz a ser ouvida quando o assunto diz respeito à chamada causa palestina.
O Hamas, em Gaza, é um grupo terrorista que sujeita a população local a todo o
tipo de medo e de privação. Os cerca de 2 milhões de habitantes daquela região
são mantidos na condição de reféns diante dos desmandos e da violência do
Hamas.
Qual a razão pela qual o Hamas atacou Israel? Para
transtornar ou impedir os atuais movimentos de aproximação entre Israel e a Arábia
Saudita e os Emirados Árabes. Colocando-se numa situação de fragilidade diante
da já esperada resposta israelense, o Hamas atrai a simpatia de outros países
árabes e interrompe as tratativas em curso. O Hamas não tem intenção ou força para
subjugar Israel, mas levantou, a partir dos ataques, o desvio de olhar
necessário para tumultuar processos a tanto tempo esperados. Além disso, o
Hamas busca desestabilizar a política interna israelense, promovendo divisão e anunciando
uma fragilidade que permita a outras facções políticas dentro do Estado Judeu
ascenderem ao poder. Parte desses grupos é de ideologia pró-árabe.
O Hamas respeitará as normas internacionais com relação aos
reféns? Não. O Hamas é um grupo terrorista, à margem das leis internacionais,
não reconhece os limites do respeito humano e considera-se livre para torturar,
estuprar, privar, queimar vivos, degolar e humilhar de todas as formas seus
prisioneiros. Em contrapartida, pode usá-los como moeda de troca, para livrar terroristas
em poder de Israel.
Israel agiu legitimamente ao declarar guerra? Sim. Israel é
uma nação soberana, com total liberdade de reagir diante de ataques que coloquem
em risco sua população e sua integridade nacional.
O ataque desde a faixa de Gaza foi um ato de exceção? Não.
Rotineiramente o Hamas age segundo a mesma agenda, qual seja: atacar; esperar a
resposta israelense; fazer um (amplamente divulgado) pedido de cessar-fogo;
promover propaganda contra Israel com o argumento de que houve uma resposta
excessiva; usar o tempo de discussão na mídia para sua reorganização, captação de
recursos (que não são usados para o bem da população local, mas para o
rearmamento); preparo; e, finalmente, busca de um momento oportuno para
novamente atacar.
Por que o dia 6 de outubro foi considerado um dia propício?
Porque, há 50 anos atrás, ocorreu a Guerra do Yom Kippur, um ataque surpresa
durante o mais sagrado feriado judaico. Desta feita, por conta da diferença
entre os calendários judaico e gregoriano, a data caiu em plena festa de
Simchat Torah, ou seja, a Alegria da Torah, que encerra as festividades de
Tabernáculos. O sábado é um dia de descanso, celebração e festividades. Esse
ano, a data marcou um dos maiores traumas para o povo judeu.
A resposta de Israel é excessiva? Não. Israel precisa
defender suas fronteiras e as vidas que dentro delas se acolhem. Mulheres,
crianças, idosos, soldados... foram indistintamente atacados e violentamente mortos
ou feitos reféns. É esperada uma resposta.
O Hamas explorará politicamente a situação? Já está fazendo uso
das circunstâncias, usando, mais uma vez, a justificativa da necessidade da
população civil de Gaza. Com isso, empurrará Israel para a posição de vilão,
assumirá o vitimismo e angariará simpatias e fundos internacionais.
A criação de um outro estado seria a solução para o
problema? Não. A solução aceitável para o Hamas é a aniquilação de Israel e do povo
judeu. A questão de um outro estado já foi resolvida quando da dissolução do
Mandato Britânico e a criação de dois estados, um deles é chamado Jordânia e o
outro Israel. Quanto aos remanescentes árabes que permaneceram em território
israelense, quer por vontade própria, quer pela impossibilidade de irem para
países árabes (que, na ocasião, não os aceitaram), são usados pelas lideranças
anti-Israel para provocar uma nova divisão do território legado à nação
judaica, num projeto sem fim, até os limites da destruição de Israel.
A guerra deve estender-se até a região Norte? Não é
provável. Ao Norte, o Hezbollah não teria, ao menos no presente momento,
condições de manter uma ofensiva contra Israel. O máximo que pode fazer – e faz
– é lançar ataques aleatórios para desestabilizar a fronteira e passar a ideia
de que Israel sofre ataques a partir de todas as direções.
O ataque revelou falhas no sistema de defesa israelense?
Sim, principalmente quando consideramos que um ataque dessa dimensão envolveu
meses de preparo e muito material (além de armamentos prontos) enviado para a
região de Gaza. O perigo maior, contudo, não está em reconhecer isso, mas em mover
os ataques para os guerreiros internos, desviando-os dos verdadeiros inimigos.
Não é hora para acusações.
Há perigos para a política interna israelense? Sim, mas,
hoje, não há um grupo ou família em Israel que não tenha sofrido uma única
baixa em tão poucos dias. Toda a nação está em choque e em luto, unida pela
mesma dor.
A guerra será duradoura? Não é o perfil dos contra-ataques
israelenses. Costumam ser efetivos e rápidos. Deve haver uma mudança de atitude
com relação à política local.
Qual a posição da ONU com relação a Israel no momento? Organização
pleiteia a criação de um corredor humanitário para suprir a população de Gaza
com água e alimentos, uma vez que Israel bloqueou o envio de suprimentos à
região. O que a ONU não deveria esquecer é que o verdadeiro corredor humanitário
que tem permitido a sobrevivência da população daquele pequeno trecho de terra
chama-se Israel. Com empregos, ajuda na área de saúde, provisão para a manutenção
das famílias (cujos chefes, em sua maioria, trabalham em solo israelense) e um
sem número de oportunidades, não fosse Israel e a população local já teria sucumbido.
Qual o papel do Brasil, neste momento à frente do Conselho
de Segurança da ONU, com relação ao conflito? Provavelmente, o Brasil repetirá
o discurso da maioria dos atores internacionais, repudiando a guerra, mas, ao
mesmo tempo, pendendo para uma visão acolhedora à população de Gaza,
esquecendo-se da afronta provocada à nação de Israel. É possível, no entanto,
que nossa nação recorde sua herança judaica e, sem abrir mão da causa humanitária,
reconheça a justiça da existência e defesa do Estado Judeu, causa na qual
estamos historicamente engajados.
Quem julgará os ofensores de Israel? Aquele que é o
verdadeiramente ofendido, pois “em verdade vos digo que, quando o fizestes a um
destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mateus 25.40).
Israel sobreviverá ao conflito? Sim. “Am Israel Chai” (“O
povo de Israel vive!”) tem sido a expressão nos lábios dos israelenses. Porque o
Deus de Israel vive, Israel vive.
Qual o desafio da Igreja no presente momento? Em primeiro lugar,
orar. Há vidas necessitando de nossas orações. Almas precisam ter a
oportunidade de gozar vida para receberam a salvação. Em segundo lugar, paira
sobre nós o desafio e a responsabilidade de procurar ver além das cortinas de
fumaça e enxergar as artimanhas ocultas elaboradas para a destruição de um projeto
que não é nosso, mas é do próprio Deus, e que tem em Israel um papel futuro bem
determinado.
Oremos pela paz de Israel. Oremos pela paz de Jerusalém.
Oremos pelos povos árabes. Oremos para que a Glória do Senhor seja estabelecida
naquele lugar e que seja vista – por todos.
por Sara Alice Cavalcanti
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