As festividades de final de ano celebram o dia da mudança de um ano para outro. A cada ano, a Terra completa uma volta em torno do Sol. Esse movimento é conhecido como translação. A volta completa ao redor do sol corresponde ao ano civil, que equivale a 365 dias e a cada quatro anos, a 366 dias (ano bissexto). Ao término de cada volta, a terra recomeça o movimento. Por isso, o ano novo é considerado um tempo de “recomeço”. Por isso, a celebração também é chamada de réveillon, do verbo francês réveiller, que significa “despertar”, “acordar”, “reanimar”. E, como todo recomeço, o ano novo é carregado de esperança, renovação e mudança.
Precedentes históricos
O hábito de marcar o tempo nos calendários remonta há
milhares de anos, porém os métodos eram distintos. Os primeiros povos usavam as
fases da lua, os egípcios observavam o sol. Os chineses combinavam os dois
métodos. Assim, a comemoração do ano novo obedecia à data do calendário de cada
nação.
O atual calendário adotado pela maior parte dos países do
mundo evoluiu durante a República Romana. No ano 45 a.C., o imperador Júlio
César instituiu o denominado Calendário Juliano. Nesse calendário, “o ano
civil” passou a ter início em 1º de janeiro, porém o ano novo nem sempre era
celebrado nessa data. Alguns cristãos comemoravam o ano novo em dias diversos,
tal como a maior parte da Europa, que até por volta do século XVI celebrava a
data em 25 de março. Na tradição católica, a data recordava o dia em que
Gabriel anunciou à Virgem Maria que ela ficaria grávida, exatamente nove meses
antes do Natal. No entanto, em 1582, o papa Gregório XIII fez alguns ajustes no
calendário. Algumas datas que estavam deslocadas foram alteradas para
coincidirem com as respectivas mudanças das estações. A partir daí, na maior
parte dos países, 1º de janeiro se consolidou como o início do ano.
Superstições e sincretismo
O Dicionário Brasileiro (1998) define superstição
como “confiança em coisas vãs ou ineficazes”, isto é, a crença infundada de que
determinados ritos podem trazer azar ou sorte. Já o sincretismo “refere-se ao
processo de captação por uma religião dos elementos de outra” (Ferguson, 2011,
p. 923). Em outras palavras, sincretismo é a mistura de doutrinas e crenças.
Muitas celebrações de ano novo que ocorrem no Brasil agregam
superstições e sincretismo. A umbanda e o candomblé inseriram o uso de roupas
brancas. A superstição vem dos adeptos do culto afro, que por ocasião da
“virada”, vestem-se de branco e jogam flores e oferendas no mar para Iemanjá,
cultuada como mãe das águas e dos orixás. “A mídia começou a reproduzir [...] e
a moda pegou a partir da popularização nas novelas e programas de TV, nos anos
oitenta e noventa” (Siqueira, 2012). Portanto, o costume de usar roupas brancas
no ano novo, muitas vezes reproduzido por cristãos desavisados, está associado
ao culto a Iemanjá. Nesta direção, o réveillon é carregado de simpatias, tais
como: guardar uma folha de louro na carteira para atrair riqueza; tomar sopa de
lentilhas para assegurar fartura; dar um pulo com o pé direito como impulso
para subir na vida; pular sete ondas do mar a fim de invocar os poderes de
Iemanjá e abrir caminhos para o novo ano. Todos estes ritos são antibíblicos.
A celebração
cristã
A comemoração cristã acontece no culto de vigília realizado
no dia 31 de dezembro, para aguardar a chegada do ano novo. O principal motivo
do culto é render graças a Deus pelo ano findo e rogar bênçãos divinas para o
ano que se aproxima. Muitas igrejas aproveitam esse culto para realizar o
batismo nas águas. Após a meia-noite, nos primeiros minutos do novo ano, também
é celebrada com júbilo a Ceia do Senhor.
A depender do costume local, a virada do ano é recebida pela
igreja com oração de joelhos e com cânticos de adoração. Como já asseverado, a
temática deste culto é ação de graças e intercessão. Gratidão a Deus pela vida
dos santos (Efésios 1.15,16) e por todas as bênçãos espirituais (Efésios
1.3-14). Intercessão pelo cuidado divino e pelos planos e projetos a serem
executados (Tiago 4.14,15; 5.16).
Enquanto, em diversas partes do mundo, fogos de artifícios
enchem os céus e as pessoas se aglomeram em praias, praças e casas, a Igreja de
Jesus enche os céus com louvores de gratidão e se reúne para aguardar o novo
ano na presença do Senhor. Na oportunidade, os irmãos em Cristo se abraçam e
desejam bênçãos uns aos outros. Contudo, em alguns lugares este bom costume
entrou em desuso. O culto de espera do ano novo foi substituído para alguns por
eventos seculares permeados de superstições, sincretismo e paganismo. Faz-se
urgente e imprescindível o retorno ao primeiro amor e à prática das boas obras
(Apocalipse 2.4,5).
A comemoração em família
Celebrar o ano novo com a família é ao mesmo tempo saudável
e prazeroso. Saudável porque é uma oportunidade de estreitar os laços
familiares, estabelecer vínculos e criar boas e agradáveis memórias (Salmos
133.1; Eclesiastes 4.9-12). É igualmente prazeroso pelo privilégio de rever os
que moram distante e de reunir a maior parte da família em um mesmo ambiente (Salmos
127.1-5). Trata-se de um momento ímpar. Experiências e expectativas são
compartilhadas e fatos e histórias marcantes são relembrados, os edificantes e
até os constrangedores. Vitórias e conquistas são festejadas. Fracassos servem
de exemplo a não ser repetidos. Gracejos, risos e até as lágrimas fazem parte
da celebração.
A reunião também serve para anunciar Cristo. Familiares
afastados, fracos na fé ou não convertidos são alcançados em eventos desta
natureza. Os talentos são colocados a serviço do Reino. Alguns cantam com
afinação, outros extraem acordes maravilhosos dos instrumentos musicais, outros
têm uma palavra ungida e alguns derramam suas almas na intercessão. São
momentos inesquecíveis que ficam marcados para sempre na mente e nos corações.
As gerações mais jovens aprendem a valorizar e manter o legado para a posteridade.
A celebração serve para o fortalecimento da fé e para a unidade e o salutar
convívio familiar.
Ano novo é sinônimo de recomeço; é tempo de renovo; é
oportunidade de adoração, gratidão e intercessão; de celebrar com a família, de
restaurar o saudável hábito de festejar a dádiva do recomeço com os entes
queridos (1 Timóteo 5.8). Celebremos o ano novo com Cristo e nossa família!
Referências
Bibliográficas
FERNANDES, Francisco. Dicionário Brasileiro Globo.
São Paulo: Globo, 1998.
FERGUSON, Sinclair B. Novo Dicionário de Teologia.
São Paulo: Hagnos, 2011.
SIQUEIRA, Thaís. Ano Novo: Hábitos de réveillon têm
diferentes origens. Portal da UFPA, 10 dez. 2012.
por Dirlei da Silva da Costa Baptista
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