O autor da Carta aos Hebreus fala de reencarnação?

O autor da Carta aos Hebreus fala de reencarnação?


O texto escrito em Hebreus 11.35 dá base para a doutrina da reencarnação? Como interpretar corretamente esse versículo?

Em um estudo da história das religiões ou das religiões comparadas, constatamos que em períodos, civilizações e culturas distintas existiram correntes que defenderam o conceito da reencarnação.

A Enciclopédia Britânica, plataforma de dados voltada para a educação, define a reencarnação como “renascimento de um indivíduo após a morte corporal – seja a consciência, a mente, a alma ou alguma outra entidade – em uma ou mais existências sucessivas”. No Dicionário Teológico (CPAD), a definição é que a reencarnação é o “ensino que admite como fato a volta das almas a novos corpos. O mais notório doutrinador da reencarnação foi o francês Alan Kardec”. Essa linha de pensamento pode ser encontrada nas cartilhas doutrinárias de algumas vertentes religiosas: Hinduísmo, Budismo, Jainismo e Espiritismo Kardecista, entre outras. Essa última foi amplamente difundida em solo brasileiro pelo médium Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier).

O versículo que é objeto de nossa análise está localizado na última parte da Epístola aos Hebreus. O capítulo 11 é popularmente conhecido como “A Galeria dos Heróis da Fé”, em que o autor está valendo-se de vultos da fé do Antigo Testamento para fortalecer a confissão de fé dos seus leitores. No texto de Hebreus 11.35, lemos “as mulheres receberam pela ressurreição os seus mortos; uns foram torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição”. A palavra “ressurreição” neste texto vem do grego anastase, cujo significado é “levantar-se”, “levantar-se novamente”, “ressuscitar”. Ora, a ressurreição é a volta do espírito ao corpo. Temos vários exemplos disso na Bíblia (1 Reis 17.17-24; 2 Reis 4.32-37; 2 Reis 13.20,21; Lucas 7.11-15; Lucas 8.41-42,49-55; João 11.1-44; Mateus 27.52; Atos 9.36-43; Atos 20.9,10), porém a falsa doutrina da reencarnação ensina o retorno do espírito a um outro corpo e em um momento futuro, o que não se sustenta nas Escrituras. Precisamos colocar “os óculos” do contexto para entendermos o presente texto. Lembremos que o autor sagrado está citando exemplos de fé do Antigo Testamento. Dessa forma, evidentemente, ele se refere às ressurreições promovidas pelos ministérios de Elias (1 Reis 17.17-24) e Eliseu (2 Reis 4.8-37). Nessas duas passagens, duas mulheres tiveram seus filhos ressuscitados após a morte ter sido atestada para ambos.

Além disso, a própria Epístola aos Hebreus rechaça a equivocada teoria da reencarnação, quando diz: “...e, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo” (Hebreus 9.27). Portanto, não nos deixemos ser enganados por este conceito doutrinário herético e apeguemo-nos aos ensinamentos que de fato são embasados na Palavra de Deus.

Referências

ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. Rio de Janeiro: CPAD, 1998.

CALVINO, João, Hebreus. São José dos Campos, SP: Fiel, 2012.

STRONG, James. Dicionário Bíblico Strong. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2002.

TAYLOR, S. Richard; HARPER, A. F (et al). Comentário Bíblico Beacon: Hebreus a Apocalipse. Rio Janeiro: CPAD, 2006.

por Geovane Leite

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