Nestes últimos dias, temos observado uma tendência de cunho polÃtico-ideológico no meio cristão tentando desassociar a nossa fé dos valores absolutos e conservadores que sempre prezamos. Vale lembrar que quando nos referimos a valores absolutos, são aqueles que claramente estão expostos nas páginas da BÃblia Sagrada, estando acima das variações culturais temporais. São valores que têm servido de modelo para construirmos nossos valores fundamentais, tanto os terrenos como os do porvir.
Cito como exemplo o momento em que formamos nossas famÃlias.
ExtraÃmos das Sagradas Escrituras os princÃpios para a famÃlia para obtermos
sucesso nessa empreitada.
Quando expomos nossa ética e nossa moral, acreditamos que
por mais que os valores culturais sejam mutáveis, existem princÃpios que não
podem ser mudados, pois revelam a nossa santidade e testemunho no meio de uma
sociedade corrompida pelo pecado e que carece da graça de Deus.
Quando olhamos para a História e a Palavra de Deus,
percebemos que, no meio de gerações corrompidas pelo pecado, Deus sempre
manteve a luz e o sal, fosse com uma única pessoa, com um pequeno grupo ou com
uma multidão. O Senhor jamais deixou o mundo sem testemunhas. Desde o sangue de
Abel, a integridade de Enoque, a pregação de Noé e a fé de Abraão, que se
estendeu aos seus filhos e descendentes, até formar uma nação-testemunha, como
o próprio Criador se refere a Israel: “Vós sois as minhas testemunhas” (IsaÃas
43.10). Enfim, desde os profetas, até chegar a João Batista, o precursor do
Messias. Em Cristo, temos a maior e mais completa revelação do testemunho de
Deus aos homens, pois Ele próprio revelou-se à humanidade. Cristo, então,
fundou a Sua Igreja e instituiu-a como Sua testemunha na Terra. Assim lemos em
Atos dos Apóstolos 1.8: “Mas recebereis a virtude do EspÃrito Santo, que há de
vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a
Judéia e Samaria, e até aos confins da terra”.
O povo de Deus deve aceitar o modus vivendi deste
mundo até o ponto de ele não ferir, como afirmei acima, os valores absolutos
expostos na Palavra de Deus. Vemos essa diferença entre o povo de Deus e o
mundo quando Hamã, no intuito de atingir Mardoqueu e os demais judeus, procurou
o rei Assuero a fim de registrar queixa: “E Hamã disse ao rei Assuero: ‘Existe
espalhado e dividido entre os povos em todas as provÃncias do teu reino um
povo, cujas leis são diferentes das leis de todos os povos, e que não cumpre as
leis do rei; por isso não convém ao rei deixá-lo ficar’” (Ester 3.8).
O cristianismo progressista é antibÃblico, devendo ser
rejeitado pelo povo de Deus. Não é a BÃblia que deve ajustar-se à s variantes
teológicas que surgem no seio da Igreja, mas é a verdadeira Igreja que irá
sempre adequar-se e obedecer aos ensinamentos da Palavra de Deus. O Eterno não
nos chamou para sermos politicamente corretos, mas, sim, para sermos
biblicamente corretos.
O nosso modelo de formação da famÃlia é o exposto na Palavra
de Deus: “Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua
mulher, e serão ambos uma carne” (Gênesis 2.24). O nosso conceito de formação
da vida também é o exposto pela Palavra de Deus, e para nós ela começa na
concepção, como a BÃblia claramente nos ensina: “Os teus olhos viram o meu
corpo ainda informe, e no teu livro todas estas coisas foram escritas, as quais
iam sendo dia a dia formadas, quando nem ainda uma delas havia” (Salmos
139.16); e “E eis que em teu ventre conceberás, e darás à luz um filho, e
pôr-lhe-ás o nome de Jesus” (Lucas 1.31). Para nós, não deve haver harmonia
entre o nosso modo de pensar e o de qualquer filosofia polÃtico-ideológica que
relativize a existência de Deus ou tente tirá-lO do centro da História, pois a
BÃblia afirma: “Diz o néscio em seu coração: não há Deus” (Salmos 14.1).
Existem movimentos polÃticos que comungam com sistemas que perseguem cristãos e
matam missionários. Isso é muito triste!
Sim, como cristãos, precisamos seguir as orientações na
Palavra do Senhor, quando o seu conteúdo admoesta-nos a orar pelos nossos
governantes e amar a nossa pátria: “Toda alma esteja sujeita à s autoridades
superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades
que há foram ordenadas por Deus. Por isso, quem resiste à autoridade resiste Ã
ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação.
Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres
tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela” (Romanos
13.1-3). Mas nós também precisamos prezar pelos valores da famÃlia, aquela que
foi instituÃda por Deus, na Sua Palavra.
Quando analisamos a História dos avivamentos da Igreja,
percebemos que eles eram subproduto de cristãos que amavam a Palavra de Deus e
a vida de oração, e conservavam os modelos expostos pelas Sagradas Escrituras.
Os puritanos receberam esta nomenclatura por desejarem uma purificação maior em
meio à Reforma inglesa. Os metodistas foram assim chamados, pejorativamente,
pois viviam de forma metódica, tanto nos longos estudos da Palavra de Deus como
nas orações e jejuns, liderados pelos irmãos Wesley. Os pietistas receberam tal
nome porque buscavam uma experiência pessoal e mais piedosa com Deus dentro do
luteranismo. O movimento holiness (“santidade”) recebeu este nome em
virtude da busca por uma maior santificação. Todos eles foram conservadores.
Quando referimo-nos a conservadores, dentro do modelo
bÃblico, isto não nos abre portas a fim de enveredarmos pelo caminho da
hipocrisia religiosa, do falso modelo de santificação, distante do verdadeiro
amor cristão e do exercÃcio da misericórdia. Muito menos interpretarmos textos
fora do seu contexto a fim de impormos regras meramente humanas. Ser
conservador não significa ser legalista. Buscar a santificação não significa
ser “esquisito”. Esse falso conservadorismo nunca enganou o Senhor Jesus. Pelo contrário,
o Senhor repreendeu várias vezes a hipocrisia religiosa que imperava na
liderança religiosa de sua época.
Todavia, a Igreja de Cristo não será verdadeiramente o Corpo
de Cristo se não for uma Igreja bÃblica; e ela não será verdadeiramente uma
Igreja bÃblica, se não for conservadora dos valores absolutos. O nosso Senhor
Jesus Cristo, referindo-se à Igreja, disse dela: “Vós sois o sal da terra; e se
o sal for insÃpido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para
se lançar fora, e ser pisado pelos homens” (Mateus 5.13). Ora, um dos usos
fundamentais do sal nos dias de Jesus era conservar. Então, nós somos, sim,
conservadores. Conservadores dos valores bÃblicos.
por Cláudio César Laurindo da Silva
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