Dimensões da adoração cristã (2ª parte)

Dimensões da adoração cristã (2ª parte)


Vejamos agora a dimensão carismática, o sermos energizados pelo Espírito.

A adoração como uma expressão da comunidade carismática (Romanos 12.3, 4) – “Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um” (v.3). Os intérpretes chamam a atenção para a mistura cultural presente na igreja de Roma, formada por judeus e gentios. Todavia, na Igreja, o corpo místico de Cristo, os cristãos não se encontram separados pela etnia. Eles formam uma unidade na diversidade. Ninguém deve olhar para o outro demonstrando superioridade, quer por status social ou por tradição religiosa.

“Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função” (v.4) – Essa unidade é vista claramente na analogia do corpo humano, uma das preferidas pelo apóstolo Paulo (1 Coríntios 12). O corpo humano, formado por diversos órgãos e membros, se constitui uma unidade. Cada membro tem sua função, uns são mais utilizados no dia a dia, todavia não se sobressaem em valor em relação aos demais. Assim também é na Igreja de Cristo. Se o corpo fosse formado por um só membro, então ele não seria de fato corpo, mas uma anomalia. Todos os cristãos romanos, quer judeus quer gentios, possuíam funções diferentes dentro do propósito de Deus.

A adoração como a expressão de uma comunidade profética (Romanos 12.6) – “... tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a proporção da fé” (v.6). Paulo destaca a diversidade dos dons, algo parecido com o que ele escreveu em 1 Coríntios 12, mostrando que eles são fruto da graça e não mérito humano. Como escrevia para uma igreja forjada pelo fogo de pentecostes (Atos 2.10), os dons não lhe eram estranhos. O apóstolo não viu necessidade de dar maiores explicações sobre o uso dos mesmos como fizera na igreja de Corinto. Aqui ele destaca primeiramente o dom da profecia. No Novo Testamento, há uma diferença entre a profecia como um dom espiritual, exercitado por qualquer crente (1 Coríntios 14.12), e o ofício profético, reservado a alguns a quem Deus escolheu (Efésios 4.11). Nesse aspecto, nem sempre quem profetiza é um profeta, enquanto todo profeta, evidentemente, profetiza. Isso pode ser ilustrado com as figuras de Ágabo, um profeta que aparece em Atos, e as filhas de Filipe, que mesmo não possuindo o oficio de profeta, no entanto, profetizavam. Foi o profeta Ágabo e não às filhas de Filipe que o Espírito Santo usou para falar com Paulo (Atos 11.28; 21.8-11). Contudo, deve ser destacado que a igreja deve ser vista como uma comunidade de profetas.

A adoração como uma expressão funcional (Romanos 12.6-8) – “Se ministério, dediquemo-nos ao ministério” (vv.7,8) – A palavra “ministério” é a tradução do grego diakonia, e aqui significa “serviço”. Paulo escrevia para uma igreja jovem, formada por leigos, portanto esse termo não possuía a conotação de “ministro” que lhe é atribuída hoje. Todavia, o “ministro” como uma função e não como um ofício pode ser visto aqui da mesma forma que Paulo se refere à função dos que “ensinam”, isto é, os mestres, nesse mesmo versículo. Devemos, no entanto, observar que o clericalismo rígido como conhecemos hoje só aparece no segundo século da igreja cristã. Isso não quer dizer que a organização ou instituição não são importantes. São, mas não podem se sobressair à Igreja. A instituição está contida na Igreja e não o contrário.

“... ou o que ensina esmere-se no fazê-lo” (v.7) – Paulo passa então a se dirigir aos mestres (gr. didaskalos). Os mestres estão listados como um dos dons quíntuplos do ministério, ao lado de apóstolos, profetas, evangelistas e pastores (Efésios 4.11). Eles são importantes porque através da instrução ajudam na formação espiritual da Igreja. Lucas os cita em Atos 13.1, quando a igreja enviou pela primeira vez os seus missionários. Uma igreja sem instrução não cresce, apenas incha. É por isso que os mestres precisam ser diligentes e esmerar-se no exercício de seus ofícios. Outros dons listados por Paulo são os de exortar, contribuir, presidir e exercer misericórdia (v.8).

por José Gonçalves

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