John Nelson Hyde, o homem que orava

John Nelson Hyde, o homem que orava

Usado por Deus para grande avivamento na Índia no início do século 20

A vida e o ministério do missionário norte-americano John Hyde ficaram famosos no Brasil após o lançamento, em 1953, de sua biografia em português. Escrita originalmente em inglês pelo pastor e missionário Francis A. McGaw, sendo lançada nos Estados Unidos em 1923, ela foi traduzida para o nosso idioma pelo saudoso missionário Orland Spencer Boyer (1893-1978), das Assembleias de Deus nos Estados Unidos, que dedicou cerca de 50 anos de sua vida à evangelização do nosso país. A Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD) foi responsável pela sua publicação, sob o título John Hyde: O Homem que Orava, obra que atravessou as décadas com dezenas de reedições em plagas brasileiras.

Filho do pastor Smith Harris Hyde, que durante quase duas décadas dirigiu a Igreja Presbiteriana de Carthage, no estado de Illinois, nos Estados Unidos, John Nelson Hyde (1865-1912) se notabilizou como missionário na Índia, em uma época em que o evangelho ainda era muito incipiente naquele país. Conta-se que de 1892 a 1911, por meio de seu ministério, mais de 100 mil indianos renderam-se a Cristo, além de a igreja em solo indiano experimentar um avivamento espiritual.

Filho de pais piedosos, que realizavam todos os dias o culto doméstico, ocasião em que sempre oravam com os filhos pela conversão dos pagãos a Cristo, John Hyde teve acesa em seu coração, ainda muito cedo, a chama por missões. O amor dos pais pela evangelização do mundo influenciou tanto os filhos que, dos seis herdeiros (três homens e três mulheres), três dedicaram suas vidas à pregação do evangelho, dentre eles John. O primeiro a sentir a chamada para a obra missionária, porém, foi o seu irmão Edmund, um jovem pregador leigo que entrara no seminário para se preparar para o ministério e era estudante voluntário para o trabalho de missões no estrangeiro. Entretanto, quando estava em plena atividade na obra de Deus em seu país, liderando o trabalho de Escola Dominical no estado de Montana, Edmund foi acometido por uma enfermidade que o levou precocemente à morte.

A morte do irmão Edmund fez com que John, que também se sentia chamado para pregar o evangelho, decidisse voluntariar-se para a obra missionária. Assim, um ano depois, após orar intensamente sobre o assunto e receber a confirmação de Deus em seu coração, John Hyde partiu em um navio para servir a Deus na evangelização da Índia. Era o outono de 1892 e ele contava com 27 anos.

Durante essa viagem, um fato marcou a vida de John. Poucas horas antes de partir do porto de Nova York, ele recebera uma carta de um amigo de seu pai que tentara ir à obra missionária no passado, mas não lhe fora permitido ir. John leu a carta já no navio, durante a viagem. Sobre o conteúdo dela e a sua reação, ele escreveu: “O amigo insistia na carta que eu buscasse o batismo com Espírito Santo como a habilitação essencial na obra missionária. Irritado ao acabar de ler a carta, amassei-a e joguei-a no convés. Esse amigo acha que eu não recebi o batismo com o Espírito? Ele pensa que vou à Índia sem munir-me dessa arma? Eu estava aborrecido. Mas, por fim, com mais juízo, apanhei novamente a carta e a li de novo. Reconheci então que eu carecia de algo que ainda não havia recebido. O resultado foi que, durante o resto da viagem, me entreguei inteiramente à oração para que fosse, de fato, cheio do Espírito e soubesse, por uma experiência autêntica, o que Jesus queria dar a entender quando disse: ‘Recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria, e até as extremidades da terra’ (Atos 1.8). A essas orações a bordo do navio houve, por fim, maravilhosa resposta”.

Aqui é importante dar contexto: nessa época, final do século 19, já se popularizara no meio evangélico norte-americano o entendimento de que o batismo no Espírito Santo não é sinônimo de conversão a Cristo, mas um revestimento de poder do Alto que a pessoa que já é salva por Cristo recebe de seu Senhor para empoderar e dinamizar a sua vida de serviço a Deus. Homens como Charles Grandison Finney, Dwight Lyman Moody, A. J. Gordon, R. A. Torrey e A. B. Simpson, dentre tantos outros nomes que se destacavam no meio evangélico norte-americano naqueles dias, pregavam e ensinavam essa verdade. Era comum também a manifestação dos dons espirituais entre aqueles que buscavam essa bênção. Inicialmente, John Hyde era resistente a essa ideia. Como ensinavam os teólogos tradicionais de sua denominação, ele achava que a habitação do Espírito em seu coração quando ele aceitou a Cristo como Salvador em sua infância já era o batismo no Espírito Santo. Porém, reconhecendo a sua incapacidade e limitações diante do grande desafio que teria na Índia, e confrontado pelo alerta da carta que lera, John sentiu que faltava realmente algo e resolveu orar pedindo a Deus para ser cheio do Espírito como os discípulos no Dia de Pentecostes.

Em se relato, John Hyde diz (os grifos a seguir são nossos) que se entregou “inteiramente à oração para que fosse, de fato, cheio do Espírito e soubesse, por uma experiência autêntica, o que Jesus queria dar a entender quando disse: ‘Recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo...’”. Porém, ele não diz na carta como ele recebeu a certeza, a confirmação, d e que recebera mesmo, agora, a “experiência autêntica” do batismo com Espírito Santo. Ele só conclui o relato dizendo que, “por fim, houve uma maravilhosa resposta”. E assim ele chegou à Índia.

Já em solo indiano, surgiram os primeiros desafios. Por ser parcialmente surdo, John sentiu inicialmente certa dificuldade em aprender a língua nativa. Todavia, ao final, depois de muito esforço, ele aprendeu não só a língua urdu, mas também o punjabi, falando ambos os idiomas com desenvoltura. Paralelamente ao estudo dessas línguas, dedicou-se também a um estudo mais intenso das Sagradas Escrituras, pois dizia, com razão, que todo pregador e missionário deveria manejar bem o conteúdo bíblico.

Logo após esse período inicial de aprendizado, John começou a evangelizar, mas os resultados, no começo, não vinham. Diante dessa situação, intensificou a sua vida de oração, clamando a Deus horas a fio todos os dias pela salvação dos indianos. Foi assim que irrompeu o avivamento, mais precisamente em 1904, na chamada Convenção de Siakolt, e ele se estendeu até 1911, ano de sua partida à Inglaterra para pregar, local onde piorou de saúde e acabou falecendo no ano seguinte, antes de completar 47 anos.

Aqueles sete anos de avivamento de Deus na Índia, que teve John Hyde como seu principal instrumento, resultou em mais de 100 mil vidas convertidas a Cristo naquele país, além de centenas de obreiros reavivados espiritualmente naquela nação e do surgimento de dezenas de novos obreiros para ajudar na obra de Deus ali. Nesse período, John pregava também, mas a sua principal atividade era a intercessão. Ele orava tanto todos os dias, horas e horas por dia, muitas vezes em jejum também, que passou a ser chamado pelos indianos como “O Homem que Orava”.

Conta o missionário Francis McGaw, biógrafo de John Hyde, que durante os “trinta dias e trinta noites” que antecederam a Convenção de Siakolt em 1904, John e mais dois companheiros “permaneceram na presença do Senhor em oração”. Como resultado, durante a convenção, que reunia pastores, evangelistas e professores tanto da igreja da Índia quanto missionários que trabalhavam ali, houve confissão de pecados, arrependimento, quebrantamento e vidas cheias do Espírito. E então veio a colheita: muitas vidas começaram a se render a Cristo na Índia. Além disso, John fundou a União de Oração de Punjab, que reunia pastores nativos e missionários na Índia.

Em meio à perseguição, em 1899, John criou o hábito pessoal de passar noites inteiras em oração. Logo, apesar das perseguições, mais almas do que antes começaram a vir a Cristo. John, porém, queria mais. Então, em 1908, ele pediu ao Senhor pelo menos uma conversão por dia em seu ministério; doze meses depois, mais de 400 pessoas haviam se convertido. Logo, em 1909, ele pediu a Deus pelo menos duas almas por dia, e acabou recebendo mais do que isso. Pediu, então, em 1910, pelo menos quatro por dia, e Deus lhe deu muito mais de 10 almas por dia. Isso sem contar as milhares de vidas que vinham a Cristo pelo trabalho de missionários e pastores na Índia que foram incendiados pelo fogo divino através do ministério de John Hyde, de maneira que se estima que, durante os seus 19 anos de ministério na Índia, como já dissemos, mais de 100 mil vidas vieram a Cristo direta ou indiretamente como resultado de seu ministério.

John Hyde é apenas um exemplo dentre tantos do que Deus pode fazer com, para e pelo homem que é totalmente a Ele entregue. Sigamos o seu exemplo de abnegação e dependência de Deus.

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