A transfiguração de Jesus e nossa vida

A transfiguração de Jesus e nossa vida

A transfiguração de Jesus aconteceu quatro meses antes de Sua crucificação. Como sempre, Ele chamava os Seus discípulos mais chegados para uma conversa em particular. Desta feita, queria mostrar algo sobrenatural aos três discípulos amados: Pedro, Tiago e João. Marcos diz, no capítulo 9, versículo 2, que Jesus “tomou consigo os três discípulos”. Jesus sempre está pronto para tomar-nos para Ele. Ele é a nossa proteção (Salmo 91.1). É nosso companheiro. Em Mateus 28.20 Ele diz: “...estou convoco todos os dias...”.

Os três discípulos tinham características diferentes: Pedro era afoito, sempre tomava a frente dos demais. Valente. Seu nome significa “pedra”. Morreu crucificado de cabeça para baixo por não querer morrer como o seu Senhor. Já Tiago, morreu depois de ter falado à turba com amor, sendo lançado do pináculo do templo, e bateram-lhe com o pau de lavandeiro até morrer. Por fim, João, o apóstolo do amor, foi lançado (no ano 95 A.D) numa caldeira de azeite fervente. Como isso não lhe afetou o corpo, foi desterrado para a Ilha de Patmos (onde escreveu o livro de Apocalipse).

Estando os três reunidos, levou a sós para falar-lhes coisas que não interessavam aos outros. Jesus sempre deseja fazer-nos revelações grandiosas. Moisés também teve esse privilégio, pois subiu para estar com Deus no Monte Sinai e pelo contato que teve com o Senhor, o seu rosto passou a brilhar ao ponto das pessoas não poderem olhar para ele (Êxodo 34.29-35). Bom é quando podemos estar com Deus em oração, especialmente pelas madrugadas. Eles subiram a um alto monte, possivelmente o Monte Tabor, que tinha 593 metros de altura e uma base de um quilômetro. O caminho para se chegar ao cume era muito tortuoso e cheio de pedras. Por comparação, o crente também tem que passar por caminhos escabrosos e pedras no caminho. O resultado foi contemplar a transfiguração de Jesus diante deles.

A transformação de Jesus foi metafísica. Mas o brilho não vinha da própria roupa de Jesus, como diz o versículo dois. Foi uma transformação gloriosa, isto é, uma visão futura de como seria o nosso Jesus ressurreto. Quando Jesus ressuscitou, passou a ter um corpo imortal, glorioso, incorruptível, muito embora nunca tenha se corrompido de espécie alguma. Esse corpo igual ao dEle, teremos no arrebatamento. João declarou: “Assim como Ele é, o veremos” (1 João 3.2) Ver também Apocalipse 1.13-17).

Diante daquele quadro, os seus vestidos tornaram-se resplandecentes, em extremo, brancos como a neve. A brancura dos vestidos apenas refletia o que vinha do corpo de Jesus. Os que cercavam Moisés, quando seu rosto resplandecia, tiveram que cobri-lo pelo intenso brilho que emanava de seu rosto. Foi resultado do seu contato com Deus. Não há na terra sabão em pó que possa branquear as nossas vestes de justiça, só o sangue de Jesus Cristo. A própria vida estava ali diante dos três discípulos. Nós, também meros mortais, seremos revestidos da imortalidade e seremos semelhantes a Ele na Sua vinda (1 Coríntios 15).

No monte, onde eles estavam, aconteceram três coisas inéditas: vê-se a transformação e a glória de Deus, e ouve-se a voz do Senhor. Apareceram Moisés e Elias, que falavam com Jesus. Aqui, vemos que Elias representava os profetas e Moisés a Lei. Jesus, a graça. Eram seis pessoas no monte. Todos se viam. Jesus estava transfigurado. Elias havia sido arrebatado num redemoinho (2 Reis 2.1-11). Neste texto vemos como Eliseu recebeu a bênção de não ter se afastado de Elias: “Pede-me o que queres antes que seja tomado de ti”, disse Elias para Eliseu. Se tivesse se afastado antes, teria perdido a bênção da porção dobrada do espírito de Elias.

Outra coisa a observar é que Pedro, Tiago e João conheceram a Moisés e Elias, muito embora nunca os tivessem visto. Creio eu, que isto nos mostra que não perdemos a nossa identidade no céu. Vamos nos conhecer, sem as lembranças das coisas terrenas, pois na transformação para o corpo glorioso, teremos 100% da nossa capacidade e outra dimensão de vida inimaginável.

Como participante da reunião celestial, Pedro toma a palavra, como sempre o fazia. Quis falar em nome dos demais. Tomando exemplo, quando Jesus foi preso, cortou a orelha de um dos da turba (Mateus 26.49-52). No Mar da Galileia quis andar por sobre as águas (Mateus 14.22-33). Diante de tanta glória, ficou como que abobalhado, sem saber o que dizia ou pedia, isto porque estavam assombrados e perplexos diante do que viam. “Mestre, bom é que nós estejamos aqui, e façamos três cabanas, uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias” (Mateus 9.5,6). Tal era o estado de pureza e beleza do quadro, que não mais desejavam sair do local. Quando estamos bem perto de Jesus não temos ânimo para nos afastar dEle. É como os dois discípulos no caminho de Emaús, que sentiram seus corações arderem quando estavam com Jesus, sem saberem que era Ele (Lucas 24.13-33). Não sabemos quanto tempo estiveram juntos, mas foi o suficiente para aguardar o Deus do Céu falar. Foi através da descida de uma nuvem que ouviram a voz de Deus dizer: “Este é meu Filho amado, a Ele ouvi.” Foi uma ordem vinda do céu. Deus estava ali presente, e Sua voz pôde ser ouvida por todos. Só devemos ouvir a Jesus, o autor e consumador de nossa fé. Só devemos ter olhos para Ele. Só devemos ter ouvidos para Ele. Só devemos ter mãos de trabalho para Ele, e pés para Ele. “Quão formosos são os pés daqueles que anunciam as boas novas” (Isaías 52.7).

Passado o quadro, não mais viram ninguém. Os momentos que passamos na presença de Deus são celestiais, depois voltamos à realidade da vida; era preciso que Jesus e os discípulos voltassem ao trabalho duro do dia-a-dia. Ele ia rumo ao Calvário e os demais cumpririam suas tarefas de apóstolos na entrega da mensagem da Palavra de Deus, curando e ensinando ao povo.

Descidos do monte, eles depararam-se com os outros discípulos e encontraram um quadro de deformação. Foi o que viram: um jovem endemoninhado e uma turba. Enquanto a glória de Deus resplandecia no cume do monte, os discípulos estavam discutindo com os escribas a respeito da expulsão dos demônios do menino, e não conseguiram fazê-lo. O Evangelho não é para ser discutido, mas anunciado aos povos e nações. O apóstolo Paulo disse: “Prega a Palavra”. Naquele momento, todos acorreram a Jesus, pois sabiam que Ele tinha a solução. Nossos problemas devem ser levados a Ele (Mateus 11.25). Eles levaram o menino a Jesus, lição que devemos aprender: levar as pessoas a Jesus, pois Ele é a solução para todos os problemas.

O pai daquela criança não tinha sossego, nem o filho desde a infância. É assim que o inimigo faz com a humanidade: “procura tirar a paz do coração dos homens.” Aquele pai implorou por compaixão, que é o último apelo da alma humana. Mas Jesus transferiu para o homem a responsabilidade de crer. Devemos nos aproximar de Deus, crendo que Ele existe, pois tudo é possível ao que crê. O pai creu e seu filho foi libertado das garras do inimigo.

por Nemuel Kessler

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