William Seymour: o líder da Rua Azusa

William Seymour: o líder da Rua Azusa

Referência do principal centro difusor do Movimento Pentecostal moderno

Nascido em 1870, William Joseph Seymour era filho dos ex-escravos Simon Seymour e Phyllis Salabarr, que inicialmente seguiam uma religião de sua tradição africana, mas passaram a congregar em uma igreja católica e uma igreja batista. O pequeno William foi batizado ainda bebê em uma igreja católica por seus pais, mas como depois eles se tornaram batistas, ele cresceu em uma tradição batista, mas sem decidir-se de fato a Cristo. Sua decisão só foi realizar-se anos depois, quando já adulto.

Seymour teve uma criação humilde em Centerville, Louisiana, cidade onde nasceu, vivendo em meio a muita pobreza e devastação. Sonhando em mudar de vida, com pouco mais de 20 anos, ele viajou por todo o meio-oeste se oferecendo em vários trabalhos, principalmente como garçom em hotéis. Aos 25 anos, chegando em Indianápolis, trabalhou como porteiro da companhia ferroviária e depois como recepcionista de um dos principais restaurantes da região. Foi ali que, finalmente, em 1895, entregou a sua vida a Cristo em uma Igreja Metodista.

Cinco anos após vir a Cristo, Seymour se uniu ao Movimento de Restauração da Igreja de Deus (Movimento da Santidade) em Cincinatti, no estado de Ohio. Naquela cidade, pegou varíola, doença que o levou à cegueira em um dos olhos. Por outro lado, ali se aprofundou no conhecimento das Escrituras, passando a esposar o batismo de santificação wesleyano, a crença na cura divina, o pré-milenismo pré-tribulacionista e a crença em um avivamento do Espírito a acontecer antes do Arrebatamento da Igreja. Em 1902, foi ordenado ministro dessa igreja, ligada ao Movimento de Santidade. Nos três anos seguintes, ele viajou como evangelista, ministrando em Chicago, Geórgia, Mississippi, Louisiana e Texas.

Em 1905, Seymour finalmente se estabeleceu em Houston, para onde sua família havia se mudado. No verão daquele ano, ele serviria como pastor substituto temporário de Lucy Farrow, uma ministra da Santidade e sobrinha do abolicionista negro Frederick Douglass. Foi através de Lucy Farrow, que Seymour conheceria o homem que teria um forte impacto em sua direção espiritual e ministério: o evangelista branco Charles Fox Parham, também originário do Movimento de Santidade e que se tornara o pioneiro do pentecostalismo norte-americano. Farrow o incentivou a estudar com Parham.

Foi assim que, aos 35 anos, em Houston, Seymour passou a frequentar a Escola de Treinamento Bíblico do pregador pentecostal Charles Fox Parham. Por causa das leis de segregação da época (que impediam que brancos estudassem junto com negros), Seymour não pôde frequentar oficialmente a escola, mas, conversando com o professor Parham, tiveram a ideia de ele se sentar em uma cadeira no corredor do lado de fora da sala, próximo à porta ou da janela da sala, para assistir à aula sem que eles quebrassem a lei do estado. Assim, Seymour aprendeu a doutrina do batismo no Espírito Santo com a evidência de falar em outras línguas e creu nela, começando a buscar essa experiência para a sua vida. Ainda em Houston, ele frequentemente se envolvia em atividades evangelísticas na área negra da cidade. Ali, Seymour fez conexões com outros crentes e, no início de 1906, foi convidado a se tornar o pastor de uma pequena Igreja de Santidade em Los Angeles, Califórnia.

Foi assim que, em 1906, Seymour foi parar em Los Angeles, onde criou um rebuliço na comunidade de santidade da cidade por causa da sua pregação sobre o batismo no Espírito Santo e o falar em línguas. Depois de quase um mês pregando na cidade, ele chegou à igreja para mais uma vez ensinar no culto de domingo à noite e encontrou a porta fechada para ele, devido ao seu ensino sobre o batismo pentecostal. Alguns irmãos, porém, crendo em sua mensagem, abriram sua casa, na Rua Bonnie Brae, para uma reunião de oração. Dentro de um mês, essas humildes reuniões de oração explodiram. Muitos irmãos começaram a ser batizados no Espírito Santo com evidência de línguas, com oração e cântico em línguas. O próprio Seymour, que ensinava essa experiência sem tê-la recebido ainda, foi batizado em uma dessas reuniões. Logo, a casa não comportava mais o número de pessoas que vinham à reunião e o grupo se mudou para um prédio maior, um antigo galpão que antes servira de celeiro e estava instalado na Rua Azusa, 312. Este foi o começo do que ficou conhecido como “O Avivamento da Rua Azusa”, que impactou o mundo.

Muitos milagres aconteciam ali, de maneira que pessoas de várias partes dos Estados Unidos, e depois do mundo, acorriam às reuniões naquele humilde endereço. Muitos foram salvos, batizados no Espírito Santo e curados, tanto no corpo quanto na alma. Todos os nove dons de 1 Coríntios 12 se manifestavam ali. Outro detalhe marcante é que, em uma época de forte segregação social nos Estados Unidos, a igreja em Azusa reunia.

Foi assim que o simples William J. Seymour se tornou um dos homens mais influentes do nascente Movimento Pentecostal moderno. Sua liderança e participação no Avivamento da Rua Azusa provocou o crescimento de um novo despertar global para o ministério do Espírito Santo e para um grande movimento de envio missionário. Sim, porque esse movimento não ficou apenas dentro das paredes do prédio da Missão da Rua Azusa. Em nove meses, muitos missionários já estavam sendo enviados para toda a costa oeste dos Estados Unidos, e treze missionários partiram para a África. Apenas dois anos após o derramamento do Espírito Santo em 1906, missionários comissionados na Missão da Rua Azusa podiam ser encontrados no México, Canadá, Europa, Oriente Médio, África, várias partes da Ásia e até no norte da Rússia. Além disso, o legado da Rua Azusa formou e moldou muitos líderes influentes no Corpo de Cristo ao longo do século passado, sendo também o precursor de várias grandes denominações, como as Assembleias de Deus, a Igreja de Deus em Cristo e a Igreja do Evangelho Quadrangular.

Frank Bartleman, colaborador e companheiro de Seymour na liderança da Missão da Rua Azusa, descreveu-o assim: “Ele era muito simples, espiritual e humilde. [...] O irmão Seymour geralmente se sentava atrás de duas caixas vazias, uma em cima da outra. Ele geralmente mantinha a cabeça dentro da caixa durante a reunião, em oração. Não havia orgulho ali” (BARTLEMAN, Frank. Azusa Street, South Plainfield: Bridge Publishing Inc., 1980, pp. 41 e 58. William H. Durham, sobre o qual falamos na edição retrasada do jornal Mensageiro da Paz, era um pastor de Chicago que foi batizado no Espírito Santo em Azusa e impôs as mãos sobre Gunnar Vingren e Daniel Berg os enviando ao país. Ele descreveu assim Seymour: “Ele anda e fala com Deus. Seu poder está em sua fraqueza. Ele parece manter uma dependência impotente de Deus e é tão simples como uma criança, e ao mesmo tempo está tão cheio de Deus que você sente o amor e o poder toda vez que se aproxima dele” (ROBECK JR, Cecil M. The Azusa Street Mission and Revival: The Birth of the Global Pentecostal Movement, Nashville: Thomas Nelson, Inc., 2006, p. 91).

William Joseph Seymour faleceu em 1922 sem ter realizado todos os seus objetivos, e a Missão de Fé Apostólica na Rua Azusa, igreja fundada por ele, acabou fechando, mas a sua vida e a forma como Deus usou seu ministério impactaram o mundo evangélico de então, com os frutos podendo ser vistos até os dias de hoje em várias partes do mundo.

Compartilhe este artigo. Obrigado.

Comentário

Seu comentário é muito importante

Postagem Anterior Próxima Postagem