Por que cantar hinos da Harpa Cristã?

Por que cantar hinos da Harpa Cristã?

O hinário oficial das Assembleias de Deus, a Harpa Cristã, embora tenha completado 100 anos de existência, contém mensagens e princípios atemporais. Além de apresentar as principais doutrinas pentecostais em forma de música, é bastante amado por muitos irmãos em todo o Brasil. Porém, algumas igrejas vêm substituindo essas belas canções por “sucessos do momento”.

Isso não significa que devemos cantar apenas hinos da Harpa Cristã, mas que estes não podem ser esquecidos, pois estão diretamente ligados com princípios fundamentais do pentecostalismo. Deixar esses hinos de lado significa abrir mão de uma parte de nossa identidade pentecostal. Em vista disso, pode-se notar pelo menos duas razões pelas quais esses hinos não podem ser esquecidos. São elas:

1) A Harpa reflete a identidade pentecostal

Embora a Declaração de Fé das Assembleias de Deus seja uma obra mais atual, muitos princípios nela estabelecidos podem ser observados nos hinos da Harpa Cristã. As doutrinas do batismo no Espírito Santo e da continuidade dos dons estão presentes em letras como “Poder Pentecostal” (nº 24); “Fogo Divino” (nº 122); “Imploramos teu poder” (nº 155); “Derrama Teu Espírito!” (nº 387); e “Senhor, Manda Teu Poder” (nº 358). A salvação pela graça mediante a fé (Efésios 2.8) pode ser observada em “Conversão” (nº 15); “Manso e Suave” (nº 568); e “Que Mudança!” (nº 111). A maravilhosa esperança do retorno de Jesus é bastante notória em “Nossa Esperança” (nº 300); “Vencendo Vem Jesus” (nº 525); “Cristo Virá” (nº 74); “Cristo Voltará” (nº 123); e “Breve Verei o Bom Jesus” (nº 442).

Além disso, a Harpa contém hinos que marcaram a história do movimento carismático no século XX. De acordo com o Dr. Cecil M. Robeck, em uma publicação da revista Enrichment Journal comemorando os 100 anos do Avivamento da Rua Azuza, a música The Conforter Has Come “era o hino tema da missão”(1). Tal canção corresponde ao famoso hino “O Bom Consolador” (nº 100), que além de tratar de doutrinas básicas do pentecostalismo, era muito amado em um dos avivamentos mais importantes para a história do movimento carismático.

2) “Os mais belos hinos e poesias foram escritos em tribulação”(2)

Um dos temas mais complexos dentro do Cristianismo é o terrível dilema do sofrimento. Embora o assunto seja difícil, as melodias presentes na Harpa Cristã o tratam sempre com bastante maturidade, destacando a confiança no Senhor em meio aos problemas.

Alguns autores escreveram canções quando viveram terríveis adversidades. Por exemplo, o famoso hino “Sossegai” (nº 578), na versão original em inglês Master, The Tempest is Raging, foi escrito por Mary Ann Baker após ter vivido duas tragédias. Mary perdeu seus pais por tuberculose e em seguida o irmão pela mesma doença. Logo depois dessas adversidades, Mary escreveu um hino que destaca a confiança em Deus na tempestade.(3)

A metodista Frances Jane Crosby (mais conhecida como Fanny Crosby), uma das maiores compositoras de hinos da história, escreveu algumas canções como “Celeste Diretor” (nº 113), “Com Tua Mão” (nº 33), “Na Rocha Eterna Firmado Estou eu” (nº 258) etc., em meio a terríveis adversidades. Quando Fanny tinha apenas algumas semanas de vida, ficou cega por causa de um erro médico e, logo em seguida, perdeu o pai. Porém, Fanny manteve sua confiança firme em Deus e expressou isso nas suas composições.(4)

Na sua autobiografia, quando estava avançada em idade, Fanny mostra claramente como amava e confiava inteiramente em Deus: “Parecia pretendido pela bendita Providência de Deus que eu deveria ficar cega durante toda a minha vida; e agradeço-Lhe pela dispensação. [...] Eu não poderia ter escrito milhares de hinos [...] se tivesse sido prejudicada pelas distrações de ver todos os objetos interessantes e belos que teriam sido apresentados ao meu conhecimento”.(5) Certamente, ela é um grande exemplo para todos os cristãos. Além desses autores, existem outros que compuseram canções em meio a dificuldades, porém o espaço não permite abordar todos.

O hinário assembleiano, portanto, é uma coleção de hinos que, além de estarem relacionados à identidade pentecostal, foi escrito por autores inspirados por Deus que enfrentaram o sofrimento de maneira exemplar. É aconselhável aos pentecostais procurarem aprender mais sobre seu hinário por meio de cultos que tenham por objetivo ensinar os irmãos a cantarem hinos que não conheçam. Certamente será uma ferramenta de grande edificação para a congregação.

Notas

(1) Dr. Cecil M. Robeck é professor de história da Igreja no Seminário Fuller (EUA). A publicação desta revista norte-americana pode ser encontrada (no idioma inglês) em: <http://enrichmentjournal.ag.org/200602/200602_026_Azusa.cfm>. Acesso em: 28 jul. 2018.

(2) Esse é um trecho do hino “A Bem Aventurança do Crente” (nº 126), escrito por Emil Gustafson e traduzido por Frida Vingren, esposa do missionário sueco Gunnar Vingren.

(3) DANIEL, Silas. A História dos Hinos que Amamos. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p.64.

(4) Idem, p. 242-245;

(5) CROSBY, Frances Jane. Classic Reprint Series: Fanny Crosby’s Life Story. New York: Every Where Publishing Company, 1903, p. 13-14.

por Moisés Xavier Guimarães Valentim

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