Tecendo as vestes do propósito

Tecendo as vestes do propósito

Você já orou por uma causa e, ao ser atendido, teve que abrir mão da bênção recebida? O texto bíblico que menciona a saga de Ana, esposa de Elcana e mãe do profeta Samuel, mostra essa inusitada situação (1 Samuel 2.19). Ana era uma mulher que sofria com a sua infertilidade, contudo as suas orações foram atendidas pelo Criador e, após desmamar o seu filho, entregou a sua criança ao serviço do próprio Deus.

Ana, cujo nome significa “graça”, foi realmente agraciada pelo Senhor após grande angústia, mesmo sendo verdadeiramente amada por seu esposo. Devido à sua esterilidade, ela não conseguia encontrar motivos para contentamento. A sua frustração piorava devido ao comportamento cruel de Penina, mulher com a qual seu esposo contraíra novas núpcias. A sua “rival”, muito fértil, competia por atenção e irritava a pobre mulher.

Imagine-se tendo que enfrentar um problema que te afeta tanto no presente quanto no futuro. O que você faria nessa situação? Como uma pessoa temente a Deus, ela colocou na mão do Senhor e fez um voto a Ele (1 Samuel 1.11). Deus aceitou seu voto e resolveu o problema, tornando-a fértil e concedendo-lhe Samuel (1 Samuel 1.19).

No lugar de Ana, muitas mulheres se aproveitariam da situação para promover vingança, mantendo acriança a fim de provocar a “rival” Penina, e ficariam satisfeitas comas regalias recebidas devido ao fato de ser aa esposa amada e mãe da criança mais esperada por Elcana. Mas Ana era um exemplo de crente em Deus, pois esquece Penina e triunfa no Senhor! Ela agradece alegremente através da poesia hebraica no capítulo 2 de 1 Samuel, onde declara a onipotência, a santidade, a onisciência e a soberania de Deus. Tendo rogado por um filho e votado que 0 daria ao Senhor para sempre, acabou sendo atendida e cumpriu 0 seu voto ao entregar a criança 1aos cuidados do sacerdote, como forma de gratidão (1 Samuel 1.27,28), uma atitude devota, reverente e piedosa.

A atitude de Ana não teve conexão alguma com a sua habitual desenvoltura junto a Penina. Não foram frívolos os motivos de Ana: ela entregou seu filho porque ela sabia do propósito que envolvia a entrega de seu filho. Ela entregou a criança porque sabia que, embora fosse sua a tarefa de gerar, amar, Zelar, orar e preparar o menino, pertencia a Deus a soberania do propósito. Apesar disso, a entrega não lhe tiraria a obrigação de instruir a criança da melhor maneira que pudesse, segundo o objetivo por ela votado, para que, com o passar dos anos, não se desviasse do bom caminho (Provérbios 22.6).

Atualmente, as mulheres exercem múltiplas tarefas dentro e fora do lar, de modo que é necessário muito jogo de cintura para gerenciar e qualificar o tempo de atenção e orientação aos filhos, sabendo que isso é imprescindível para que os herdeiros cresçam saudáveis nas áreas biológica, emocional e espiritual, dentro do propósito divino, livres das influências nocivas deste mundo. Para isso é preciso ter a sabedoria divina para que, com criatividade, possamos significar atitudes ou gestos, de modo que a marca do amor, quebre as barreiras do tempo e do espaço geográfico que possam estar presentes na relação.

A personagem em questão nos fornece o seu exemplo disso ao visitar o filho na cidade de Siló, quando seu esposo Elcana e a família se deslocavam para oferecer o sacrifício anual. Ano após ano ela oferecia o mesmo presente, uma túnica pequena feita de linho, chamada éfode, que embora com o mesmo modelo da anterior tinha por diferencial as medidas adequadas ao crescimento do menino Samuel.

Numa breve tentativa de empatia com Ana, imagino quantas mensagens e quantas palavras de amor foram ditas em forma de oração enquanto costurava aquelas vestes e quantos conselhos foram dados a cada visita em Siló. Ao ler 1 Samuel 2.11, penso que, ao se despedir pela primeira vez do filho amado, Ana tenha dito: “Você é a minha alegria, mas não posso te levar para casa, porque Deus me deu você para servir no ambiente do propósito, se alimentar e crescer no ambiente do propósito, se relacionar com pessoas no propósito, ouvir e atender a voz de Deus que te chamou para o propósito, então você vai ficar, mas não esqueça que papai e mamãe te amam muito!”.

Também podemos acreditar que na primeira visita ela poderia ter dito: “Que bom te ver, meu filho querido! Você está crescendo bastante, sirva ao Senhor com alegria, perante o sacerdote Eli, aprendendo o máximo que puder. Não esqueça: mamãe e papai te amam e continuamos em oração por você”.

O diálogo com o filho também poderia ser este: “Estamos felizes pelo seu crescimento. Mamãe está atenta às suas necessidades, por esse motivo eu confeccionei esta roupa, que é parecida com a do sacerdote Eli. Você gostou? Continue aprendendo e honrando a Deus. Estamos orgulhosos de você!”.

Quem sabe até em alguma visita os genitores tenham ouvido acerca da promiscuidade dos filhos de Eli e tenham comentado: “Preste atenção, não desagrade o nosso Deus! Não seja vaidoso! Saiba que o seu crescimento não muda o seu propósito!”.

Muitas são as suposições em mente sobre a influência de Ana e seu esposo junto a seu filho. Mas creio que esses momentos em família foram primordiais para que Samuel tenha crescido fazendo-se agradável para com o Senhor e também para com os homens (1 Samuel 2.26), tornando-se um dos maiores profetas de Israel. Como mulheres cristãs neste século, peçamos ao Senhor que nos ajude a servi-lo com a devoção de Ana, estando dispostas a entrega sem reservas de nossos filhos em Suas mãos e sem esmorecer na “confecção das vestes” que os motivem rumo ao glorioso propósito divino.

Por Edna Alves da Silva Santos.

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