A Igreja de Cristo e o genuíno avivamento

A Igreja de Cristo e o genuíno avivamento

O pastor Elinaldo Renovato de Lima, líder da Assembleia de Deus em Parnamirim (RN) há 24 anos e membro da Comissão de Apologética da Convenção Geral dos Ministros das Igrejas Evangélicas Assembleia de Deus no Brasil (CGADB), é o comentarista deste primeiro trimestre de 2023 da revista Lições Bíblicas de Adultos da CPAD para a Escola Bíblica Dominical, que trata sobre Avivamento. Formado em Teologia, Economia e Administração, com mestrado em Ciências da Religião e Administração, pastor Elinaldo fala, nesta entrevista de alguns dos principais pontos que estão sendo tratados na revista, dentre eles os ingredientes bíblicos para um genuíno avivamento. Ele fala também sobre os empecilhos para o avivamento e sobre o avivamento nos dias do rei Josias, e dá orientações ao professor de Escola Dominical sobre a forma como deve ministrar o conteúdo deste trimestre.

Pastor Elinaldo, infelizmente, observamos em muitos lugares, no Brasil e no mundo, igrejas que já se desviaram do bom propósito deixado pelo Senhor Jesus e Seus apóstolos, necessitando urgentemente de um avivamento. Sendo assim, quais são os ingredientes de um genuíno avivamento segundo a Palavra de Deus?

De acordo com a Bíblia, em geral, todos os avivamentos são precedidos, primeiro, de uma situação de esfriamento ou decadência espiritual; depois, em resposta a essa situação deprimente, temos o que é preconizado em 2 Crônicas 7.14: “... e se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra”. Nesse texto, vemos as precondições para que Deus mande a resposta dos céus para a solução dos problemas espirituais de um povo ou de uma igreja.

A resposta de Deus foi muito precisa. Para que haja avivamento, com resposta dos céus, são indispensáveis as seguintes atitudes: 1) humilhação diante de Deus, dos líderes e do povo em geral; 2) oração sincera a Deus; 3) busca da face do Senhor (mais que oração); e 4) outra condição indispensável: arrependimento dos maus caminhos, de pecados, de iniquidades, no meio do povo ou da igreja. Havendo tais requisitos, Deus diz: 1) Ele ouve dos céus; 2) perdoa os pecados; e 3) sara a terra ou a igreja que busca o avivamento. Nosso Brasil precisa de um grande avivamento. As forças do mal estão avançando de modo agressivo contra nossa nação. Só Deus pode salvar o Brasil da maldição que o Diabo tem programado para destruir o nosso querido país.

Vemos, através da história da Igreja, genuínos avivamentos que aconteceram por causa de homens e mulheres que se dedicaram a Deus; mas, nestes últimos tempos, o que tem servido de empecilho para que isto aconteça novamente?

Penso que a resposta a essa interessante pergunta podemos extrair da resposta à pergunta anterior. Ao que parece, até onde podemos observar, as igrejas, em grande parte (não todas), não estão valorizando os requisitos bíblicos para que haja um avivamento. Em muitos lugares, tanto pastores quanto obreiros em geral têm dado lugar ao “orgulho ministerial”: pelo fato de terem cargos ou posições na igreja local, julgam-se “maiores” que os outros. Isso é soberba, orgulho, presunção. Como os crentes procuram imitar seus pastores, também dão lugar a esse comportamento que Deus não aprova. Ou seja, o primeiro requisito, o da humilhação, não é atendido em muitas igrejas locais. Em segundo lugar, um dos maiores empecilhos ao avivamento é a falta de oração, da busca pela presença de Deus. Até onde alcanço, os cultos de oração em grande parte das igrejas são os menos frequentados pelos seus membros. Grande parte dos crentes só vai ao culto uma vez por semana, aos domingos e feriados. Jesus não está presente nos outros cultos? Ele não está nos cultos de oração ou de doutrina? Diante disso, há uma grande falta de interesse pela busca do batismo com o Espírito Santo com línguas estranhas, como diz Atos 2.1-4. De igual modo, pouquíssimos crentes buscam os dons espirituais. Não são cessassionistas, mas não se dedicam a buscar “os melhores dons”, como diz São Paulo (1Co 12.31). Como resultado, não se vê mais tantos batismos com o Espírito Santo, a não ser em eventos, em congressos e conferências. Sem esses “ingredientes”, jamais poderá haver avivamento genuíno.

Por fim, outro grande empecilho é a ocorrência de pecados, transgressões ou iniquidades no meio das pessoas, nas igrejas, sem que haja arrependimento, confissão e abandono dos pecados (Provérbios 28.13). Sem essas condições, é impossível haver avivamento como resposta de Deus.

Há alguns avivamentos narrados nas Escrituras. Quais deles o senhor destacaria como grandes exemplos para nós hoje?

Realmente, houve grandes avivamentos no tempo de Samuel, no reinado de Davi (2 Samuel 6,7), no reino de Asa (2 Crônicas 14.1-16), com Josafá (2 Crônicas 17-20), no reinado de Ezequias (2 Crônicas 29-32), no reino de Josias (2 Crônicas 34, 35) e no tempo de tantos outros reis e homens de Deus. Destaco o avivamento no tempo de Josias como um dos mais significativos para os dias atuais, quando precisamos buscar a Deus por um avivamento.

O povo de Israel passava por grande decadência espiritual, envolvido em terrível idolatria aos deuses estranhos em lugar de buscarem a Deus. Com o rei Manassés, era tão grande a decadência espiritual da nação, que o povo chegou a fazer “pior do que as nações que o Senhor tinha destruído de diante dos filhos de Israel. E falou o Senhor a Manassés e ao seu povo, porém não lhe deram ouvidos” (2 Crônicas 33.1-10). E Deus não tardou em mandar Seus juízos sobre a nação israelita. Depois de terrível fracasso espiritual, Josias foi chamado e usado por Deus para reconduzir o povo à presença do Senhor. Ainda adolescente, com 16 anos, “começou a buscar ao Deus de Davi, seu pai”, e no duodécimo ano de seu reinado, com vinte anos, “começou a purificar a Judá e a Jerusalém dos altos e dos bosques, e das imagens de escultura e de fundição” (2 Crônicas 34.1-3).

Foi tão grande o impacto das mudanças realizadas por Josias, mesmo muito jovem, que os altares aos demônios foram derrubados, e o povo convocado para buscar e adorar somente a Deus. Até o livro da lei, que estava perdido, foi achado (2 Crônicas 34.14,15) e lido perante o rei e o povo, levando-o ao arrependimento sincero. Ele teve apoio da profetiza Hulda, que lhe entregou mensagem de Deus, que viu nele um servo humilde e fiel. Dentre suas medidas positivas, convocou o povo para realizar a Páscoa, que fora desprezada. Josias foi bem-sucedido na busca do avivamento, porque “fez concerto perante o Senhor, para andar após o Senhor, e para guardar os seus mandamentos, e os seus testemunhos, e os seus estatutos, com todo o coração, e com toda a sua alma, cumprindo as palavras do concerto que estão escritas naquele livro” (2 Crônicas 34.31). Podemos citar, ainda, no Novo Testamento, o avivamento nos Atos dos Apóstolos, após a descida do Espírito Santo, conforme prometido por Jesus. A partir dali, e nas epístolas, vemos que a Igreja de Cristo tomou um impulso extraordinário, com salvação de almas, a busca pelo batismo com línguas estranhas, como evidência inicial, e a busca pelos dons espirituais. Ou seja, o exemplo da Igreja Primitiva deve ser o modelo para a Igreja cristã nos dias atuais.

Antes do avivamento da Igreja, é preciso cada crente buscar o avivamento pessoal. Deixe uma mensagem ao professor de ED e seus alunos sobre esse importante ponto.

Realmente, não pode haver avivamento na Igreja, ou nas igrejas, se os crentes não buscarem a presença de Deus para serem cheios do Espírito Santo. A Palavra de Deus diz: “Enchei-vos do Espírito” (Efésios 5.18). O tempo do verbo é reflexivo. Ou seja, o sujeito da oração busca para si mesmo o enchimento do Espírito Santo. Por outro lado, não pode haver crentes avivados se a igreja local, por sua liderança, não estimular essa busca pelo avivamento. Minha mensagem para o professor da EBD é que ele foi chamado para ser um promotor de exemplo de vida para os alunos. Não deve ser apenas um transmissor de conhecimentos, mas instrumento de Deus para promover mudanças na vida dos que lhe ouvem na EBD.

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