Por que a tribo de Dã não está relacionada entre os 144 mil?

Por que a tribo de Dã não está relacionada entre os 144 mil?

Como a pergunta formulada é de cunho escatológico, se faz necessário inicialmente pontuar que a escatologia esposada pelo Pentecostalismo Clássico é predominantemente futurista, pré-milenista e pré-tribulacionista. O que isso quer dizer? Cremos que as profecias do Apocalipse ainda não se cumpriram. Cremos que haverá um milênio literal (Apocalipse 20.1-6), precedido de alguns eventos, como a Grande Tribulação, com a ocorrência da manifestação do Anticristo e duração de sete anos (Daniel 9.27; Apocalipse 6-18; Mateus 24.15-21). Cremos ainda que antes da Grande Tribulação haverá o Arrebatamento da Igreja (Mateus 24.40,41; 1Ts 4.16,17). Apocalipse 1.19 e 4.1 diz, claramente, que os eventos apocalípticos ainda hão de acontecer, o que fundamenta o futurismo.

Quanto aos 144 mil judeus de Apocalipse 7.14, o saudoso pastor e teólogo Antonio Gilberto explica: “Trata-se de um grupo de judeus, salvos e preservados na Terra durante a Grande Tribulação para testemunharem de Cristo em lugar da Igreja” (“Bíblia com Comentários Antonio Gilberto”, p. 2117). Se são mencionados claramente como integrantes “de todas as tribos dos filhos de Israel”, torna-se intrigante o fato de não ser mencionada a tribo de Dã, além da omissão quanto à meia-tribo de Efraim, já que Manassés aparece, bem como a citação de José também como tribo.

O teólogo Antonio Gilberto esclarece: “Certamente Dã e Efraim são omitidos por causa de sua idolatria e imoralidade registradas na Bíblia. Dã, por exemplo, foi a primeira tribo a cair fundo nesses pecados, arrastando multidões na sua esteira” (Juízes 18.14-20,30,31 e 1 Reis 12.28-30). Esse é o mesmo entendimento de outros conhecidos expositores, como Matthew Henry, e de obras reconhecidas, como a “Bíblia de Estudo Holman” e a “Bíblia de Genebra”.

Há, todavia, opiniões distintas dessa, como a de Finis Jennings Dake, para quem não é a idolatria a causa da não inclusão de Dã e Efraim. “A verdadeira razão por que ninguém de Dã é selado aqui é que ninguém é servo de Deus (v.3) naquele momento” (DAKE, p. 2048). De uma ou de outra forma, podemos entender também que a ausência de Dã e Efraim entre os selados demonstra que o selo dos 144 mil não será um ato incondicional – assim como hoje não há uma eleição incondicional –, mas fruto da crença dos judeus, que serão alcançados pela graça de Deus.

Isso se amolda à observação feita por French L. Arrington e Roger Stronstad, no sentido de que “esses judeus não estão aqui por causa de sua qualificação étnica, mas pelo seu caráter”. Antonio Gilberto observa que “durante o Milênio de Cristo na terra, Dã vem em primeiro lugar, e logo mais também Efraim (Ezequiel 48.2,6)”, e que isso deve representar o fato de que “na conversão dos judeus durante a Grande Tribulação, Dã e Efraim não crerão a princípio, mas crerão depois”.

Concluindo, podemos afirmar, então, que a opinião majoritária, com a qual nos alinhamos, é que Dã não aparece entre os selados de Apocalipse 7.4 por causa de seu histórico de idolatria e, além disso, pela ausência de uma manifestação de arrependimento durante a Grande Tribulação, diferente das demais tribos.

Por Silas Queiroz.

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