A mensagem ao mundo: arrependimento

A mensagem ao mundo: arrependimento

A voz que soava nos desertos de Israel dizia: “Arredei-vos”: “E, naqueles dias, apareceu João, o Batista, pregando no deserto da Judéia, E dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus” (Mateus 3.1,2). Era a pregação de João Batista. Já havia séculos que esse tipo de mensagem não era mais pregada entre o povo de Deus. Muitos tinham se desviado por vários caminhos, que não eram o da salvação. Alguns seguiram pelo caminho da religiosidade, com muitos atos cerimoniais, adotando muitas doutrinas que eram ensinamentos de homens e que, de diversas formas, ousavam se colocar acima dos mandamentos de Deus. Eram como ovelhas sem pastor, como disse Jesus (Marcos 6.30-34).

João Batista foi revelado ao povo de Israel habitando em um deserto, com a missão de pregar o arrependimento de pecados. Suas palavras indicavam a necessidade de uma mudança de atitude, uma mudança de direção. O arrepender-se envolve tomada de decisão, ação. Não é apenas um sentimento de remorso, como aconteceu com Judas após ter traído Jesus, que, em vez de procurar o Mestre, tirou a sua própria vida (Mateus 27.3-5). O arrependimento envolve fazer alguma coisa para reparar o erro. É algo que você vive e não algo que meramente se acredita. Acreditar ou crer? Até mesmo Satanás. Mas ele não se arrepende, não tem atitudes de arrependimento, diferentemente do filho pródigo (Lucas 15.11-32). Quando o jovem “cai em si mesmo” (um retorno a seu estado mental correto), ele raciocina e diz: “Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti” (v. 18). E ele se levantou e retornou para seu pai. Isso é o verdadeiro arrependimento. Esse retorno é uma gloriosa experiência de mudança de vida, de mudança de ações, que traz uma pessoa para “casa” novamente, e para o seio do Pai celeste.

Vale destacar que o tempo em que João Batista pregava era um tempo difícil. Era a época do imperador romano, que era considerado deus; de Pôncio Pilatos, que entregou Jesus para ser crucificado; de Filipe e Antipas, governadores desumanos; e dos líderes Anás e Caifás, que foram responsáveis por acusar Jesus e convencer o povo de que Ele deveria ser crucificado. Ou seja, era um ambiente totalmente desfavorável. João pregava no deserto, não era uma zona de conforto, e sua pregação era recheada de denúncias contra o pecado das pessoas, sem mudar o discurso de acordo com o ouvinte e sem a preocupação de ser politicamente correto. Sua pregação era direta, correta, confrontadora e orientadora, pois indicava o novo caminho que todos deveriam seguir se desejassem alcançar a salvação de suas almas.

Na Bíblia, encontramos diversas passagens que dizem que, para sermos perdoados, precisamos nos arrepender. O arrependimento foi a causa de Nínive não ser destruída (Jonas 3.5-10). De igual modo, Deus adiou Seu juízo sobre Acabe por este ter se arrependido (1 Reis 21.29). Deus espera do ser humano uma demonstração de sincera tristeza por causa das ações pecaminosas, o abandono do pecado e o comprometimento de prosseguir em obediência à Sua Palavra. Portanto, arrependimento está dentro de um contexto bíblico, explicitamente dentro do processo da salvação. É necessário arrependimento (mudança de vida), mudança de sentimentos e ações. “Quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pela concupiscência do engano, e vos renoveis no espírito do vosso sentido, e vos revistais do novo homem, que, segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade” (Efésios 4.22-24). O despojar-se do velho homem fala de renúncia. Jesus disse que ninguém poderia seguir a Ele se não estivesse disposto a fazer renúncias (Lucas 14.33). Renunciar é abrir mão de algo. É dizer “não” quando a vontade é dizer “sim”. Mesmo que algo seja um direito natural que tenhamos, deve ser renunciado, se isso se constitui um empecilho para nossa salvação. Sabemos que renunciar, sob nenhum aspecto, é uma lição fácil de ser aprendida.

O capitalismo moderno tem levado as pessoas a valorizar mais o ter do que o ser. Acostumamo-nos com coisas descartáveis, mas continuamos querendo novos produtos que substituam os antigos. Esta é a lógica da máquina do consumo: cada vez mais. Por sua vez, o hedonismo, a filosofia de vida que prega que cada pessoa deve satisfazer todas as suas vontades, tem dominado cada vez mais a sociedade atual. Uma constante busca pelo prazer é a rotina do homem moderno. As consequências disso é que quando não consegue realizar seus desejos, a pessoa se sente frustrada e triste. Na renúncia, entretanto, há bênçãos. Ao renunciarmos com total entrega, colocamos Jesus no pódio, em primeiro lugar. Quando renunciamos, nos dispomos a ouvir a voz e a vontade de Deus, colocando assim nossos desejos banais em segundo plano. Isso não é ruim, pois, assim, compreendemos nossa dependência de Deus e o amor dEle para conosco. Entendemos que somente Ele basta, pois Ele preenche tudo e nos dá tudo conforme nossa real necessidade.

Voltando a João Batista, diríamos ainda que Deus lhe de um chamado muito profundo e indispensável para o mundo. Ele teria que preparar o caminho para o Senhor. Sua pregação de arrependimento tinha esse objetivo, fazer com que mentes e corações estivessem abertos para a mensagem de Jesus. O mundo vive um tempo semelhante àqueles dias, no sentido da chegada de Jesus, e o papel da Igreja hoje é o mesmo de João: preparar o caminho do Senhor com a pregação do Evangelho da paz, que transforma o mais vil pecador. O mundo precisa olhar para a igreja como um lugar onde o amor, a graça e a misericórdia de Deus estão presentes como remédio para Suas almas, mas também como modelo a ser seguido por todos aqueles que desejam desfrutar da vida eterna em Cristo. “Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele” (João 3.17).

Sejamos, pois, testemunhas fiéis do Senhor Jesus, pregando arrependimento em todo o tempo e lugar, sendo fiéis às nossas convicções segundo as Escrituras, pois somente um testemunho segundo a Palavra (1 Coríntios 15.1-4) terá o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê.

Por Gregg Ferreira.

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