Mundo atingirá 8 bilhões em novembro e desafio missionário permanece

Mundo atingirá 8 bilhões em novembro e desafio missionário permanece

Devido a dificuldade de acesso, apenas 3% dos missionários cristãos estão entre os mais de 3 bilhões de pessoas no mundo ainda não-alcançadas

De acordo com o último relatório World Population Prospect (“Perspectiva da População Mundial”) da Organização das Nações Unidas (ONU), a população mundial deverá chegar a 8 bilhões de pessoas até o dia 15 de novembro deste ano; e até 2023, a Índia deverá ultrapassar a China como o país mais populoso do mundo, quando a previsão anterior era que isso aconteceria em 2025. O relatório, que é anual, teve sua mais recente edição divulgada pela ONU no dia 11 de julho, data que é denominada o Dia Mundial da População.

“O Dia Mundial da População deste ano caiu durante um ano marcante, quando antecipamos o nascimento do oitavo bilionésimo habitante da Terra”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, reagindo às revelações do relatório. O documento afirma ainda que a população mundial deverá aumentar em mais meio bilhão até 2030. Em 2050, a população global deverá atingir 9,7 bilhões; e em 2100, chegará a 10,4 bilhões. Esse crescimento, no entanto, não será distribuído uniformemente. A previsão é de que mais da metade do aumento de 2,4 bilhões da população global esperada para os próximos 28 anos estará concentrada em apenas oito países: República Democrática do Congo, Egito, Etiópia, Índia, Nigéria, Paquistão, Filipinas e República Unida da Tanzânia.

“Taxas de crescimento díspares entre os maiores países do mundo reordenarão sua classificação por tamanho. A Índia deverá ultrapassar a China como o país mais populoso do mundo em 2023. Espera-se que os países da África Subsaariana continuem crescendo até 2100 e contribuam com mais da metade do aumento da população global previsto até 2050”, explicou o relatório.

Em contrapartida, o crescimento populacional esperado até o final deste século para a Austrália, a Nova Zelândia, o norte da África e a Ásia Ocidental é um pouco mais lento. Por sua vez, segundo os especialistas, as populações do leste e sudeste da Ásia, da Ásia Central e do Sul, da América Latina, do Caribe, da Europa e da América do Norte devem atingir seu pico populacional e começar a diminuir antes de 2100.

De acordo com o relatório, a diminuição dos níveis de mortalidade resultou em um aumento da expectativa de vida ao nascer, que atingiu 72,8 anos em 2019. As mulheres têm uma expectativa de vida maior do que os homens. “A expectativa de vida ao nascer para as mulheres excedeu a dos homens em 5,4 anos em todo o mundo, com expectativas de vida femininas e masculinas em 73,8 e 68,4, respectivamente. Uma vantagem de sobrevivência feminina é observada em todas as regiões e países, variando de 7 anos na América Latina e Caribe a 2,9 anos na Austrália e Nova Zelândia”, informa o relatório.

Mundo atingirá 8 bilhões em novembro e desafio missionário permanece

Fecundidade cai e população idosa aumenta

Apesar do crescimento populacional, a taxa de fecundidade global caiu de cinco nascimentos por mulher em 1950 para 2,3 nascimentos por mulher em 2021. Espera-se que essa taxa de fecundidade caia ainda mais, para 2,1 nascimentos por mulher até 2050.

O relatório explicou que, em 2020, a taxa de crescimento da população mundial caiu abaixo de 1% ao ano pela primeira vez desde 1950. Cerca de dois terços da população global agora vivem em um país onde a fertilidade ao longo da vida está abaixo dos 2,1 nascimentos por mulher, necessários para sustentar populações com baixa mortalidade a longo prazo.

A parcela da população global com 65 anos ou mais também deverá aumentar de 10% em 2022 para 16% em 2050. “Em 2050, o número de pessoas com 65 anos ou mais em todo o mundo deverá ser mais que o dobro do número de crianças com menos de 5 anos”, declara o relatório, “e aproximadamente o mesmo que o número de crianças com menos de 12 anos”.

Mundo atingirá 8 bilhões em novembro e desafio missionário permanece

Pessoas não-alcançadas representam 42%

Com o aumento da população, o desafio da evangelização do mundo se mantém. Há hoje bilhões de pessoas que nunca foram à igreja ou nunca leram a Bíblia, com muitos deles sequer sabendo quem é Jesus – ou, quando conhecem a Sua história, sabem dela apenas o superficial.

Segundo Joshua Project, uma organização cristã que acompanha os esforços de evangelismo global entre 17.000 grupos de pessoas em todo o mundo, esses grupos de pessoas “não-alcançados”, como são designados tecnicamente, representariam hoje 42% da população mundial. Na última estimativa, das cerca de 7,7 bilhões de pessoas no planeta, mais de 3 bilhões eram consideradas “não-alcançadas” ou “menos alcançadas”. Desses, aproximadamente 7.000 grupos de pessoas eram categorizados como “não-alcançados”, o que significa que, nesses grupos, menos de 2% se identificavam como cristãos evangélicos e menos de 5% se identificavam como alguém que reivindica qualquer forma de religião cristã. Estudos mostram que pelo menos 2% de uma população é necessária para alcançar um grupo inteiro.

Apenas 3% dos missionários estão entre não-alcançados

O levantamento do Joshua Project mostra ainda que apenas 3% dos missionários em todo o mundo se concentram nesses grupos de pessoas não-alcançadas. Isso não significa dizer que as igrejas não se interessam em alcançar para Cristo as pessoas nesses outros países. Essa presença é bem menor nessas áreas pelas várias dificuldades.

Os fatores que contribuem para que esses grupos não sejam alcançados são, sobretudo, as barreiras físicas, políticas e culturais. Muitas dessas pessoas vivem em terrenos amplamente inacessíveis ao Evangelho, onde a presença missionária não é permitida. Outra parte dessas pessoas vive em cantos distantes do sul da Ásia, Oriente Médio e norte da África, tornando o acesso aos evangelistas extremamente desafiador.

No que tange às dificuldades culturais e políticas enfrentadas pelos missionários nessas regiões, elas incluem a perseguição por simplesmente promover o Evangelho nessas nações e regiões.

Dificuldades em regiões da América Latina

Mas, as dificuldades não existem apenas do outro lado do mundo, nos países da chamada “Janela 10/40”. Até mesmo em algumas regiões da América Latina a perseguição – literalmente física – aos cristãos tem sido comum. Por exemplo, como destaca a agência Portas Abertas, grupos criminosos e gangues responsáveis pelo tráfico de drogas e pelo tráfico de pessoas agem livremente no México, onde cresce o número de mortes, inclusive de cristãos. Em 20 de junho deste ano, os líderes cristãos Javier e Joaquin, 79 e 81 anos, respectivamente, foram mortos a tiros porque tentaram proteger um homem que pediu abrigo. Eles pastoreavam uma igreja no estado de Chihuahua, no norte do país.

Em Cuba, como já é sabido, quem manifesta qualquer discordância contra o governo comunista é preso. O pastor Lorenzo Rosales Fajardo, da Igreja Monte Sião, na província de Santiago, está sendo levado para a prisão para cumprir a sentença de sete anos de reclusão. As acusações do caso são de “desrespeito”, “incitação ao crime” e “desordem pública” simplesmente porque o pastor estava participando de uma marcha nacional pacífica em julho de 2021. Centenas de pessoas, incluindo líderes cristãos, participaram dessa manifestação pedindo democracia e reformas econômicas, mas a resposta do governo foi a repressão violenta.

Cristãos também sofrem ataques por parte do governo na Nicarágua. Segundo relatório da agência de notícias cristã CNA, desde 2018, na gestão do comunista Daniel Ortega, houve cerca de 190 ataques a igrejas e a líderes cristãos. Segundo relatório do portal de notícias CWS, os ataques incluem “ameaças e assédio contra líderes cristãos e impedimentos legais que dificultam a existência das igrejas”. De acordo com o portal de notícias BBC, mais de 100 mil pessoas deixaram o país desde 2018.

Testemunho cristão leva revolucionários à conversão nas Filipinas

Mas, em meio às notícias constantes de perseguição e atrocidades contra cristãos, o Evangelho tem avançado. Um episódio recente do poder do Evangelho em lugares difíceis para pregação veio do interior das Filipinas. As informações são também da agência Portas Abertas.

Em uma pequena vila de cristãos no sul das Filipinas, a fé da comunidade foi desafiada quando uma tribo vizinha hostil ao Evangelho começou um tiroteio contra essa pequena vila. Dois cristãos foram baleados e um deles não resistiu aos ferimentos. A tradição das tribos no país considera normal e justo que a vila revide o ataque, já que um dos membros foi assassinado. No entanto, os recém-convertidos escolheram perdoar. Esse tiroteio ocorreu em 2019. Outro tiroteio aconteceu na mesma vila em 2022, e outra vez não houve revide.

A comunidade ficou traumatizada pelos dois incidentes, mas não esmoreceu na fé. Alguns jovens da vila decidiram iniciar um programa de assistência às crianças, com o objetivo de ajudar os pequenos a lidarem com traumas vividos nos tiroteios. Além disso, como resultado do testemunho de vida desses cristãos, de 2019 para cá, mais de 200 membros desses grupos revolucionários hostis entregaram suas vidas a Cristo.

O desafio da “Janela Verde”

Fala-se muito da “Janela 10/40”, mas um outro grande desafio missionário da atualidade é chegar aos povos tribais que vivem em florestas tropicais. As regiões do mundo onde estão esses povos é chamada no meio missionário de “Janela Verde”. Ela abrange a região tropical do planeta, entre 23,5° de Latitude Norte e 23,5° de Latitude Sul do Equador, entre os Trópicos de Câncer (Norte) e Capricórnio (Sul). Estima-se a presença de 2,2 mil povos tribais não alcançados nesta área, dos quais 200 a 250 se encontram nas Américas. Esses povos estão em 167 territórios e 35 países, que possuem pelo menos 20% de seu território coberto por floresta tropical.

“Os grupos étnicos que vivem na Janela Verde são identificados como UUPG, sigla em inglês para grupo de povos não engajados e não alcançados, para os quais nenhuma igreja ou organização se responsabilizou em levar o Evangelho. A eles é direcionada uma parcela mínima dos recursos para missões”, destaca o site da Cooperação Missionária Íbero-americana (Comibam). Segundo o missionário Joshua Chang, que se dedica à evangelização nessa área do mundo, uma pesquisa realizada recentemente na América do Norte mostrou que cerca de 90% dos investimentos em missões vão para projetos onde já existem igrejas e 10% vão para povos não-alcançados, sendo que destes 10% apenas 1% vai para a evangelização dos povos da Janela Verde.

“A falta de apoio da igreja é uma grande barreira para cumprir essa difícil tarefa missionária. É possível que o pouco comprometimento ocorra porque as informações são insuficientes e é por isso que há um grande esforço de mobilização. Espera-se que igrejas e organizações missionárias, denominacionais ou independentes, conheçam melhor a realidade dos povos tribais, unam forças e busquem juntas as melhores soluções. O acesso a essas pessoas é dificultado também por barreiras geográficas e culturais e por restrições governamentais”, ressalta a Comibam.

Compartilhe este artigo com seus amigos.

Comentário

Seu comentário é muito importante

Postagem Anterior Próxima Postagem