Cai o número de crentes nos EUA

Cai o número de crentes nos EUA

Igrejas históricas fecham as portas devido à apatia espiritual da população

As igrejas históricas nos Estados Unidos estão em franco declínio. No dia 12 de maio, a Convenção Batista do Sul (SBC, na sigla em inglês), maior denominação dos Estados Unidos, divulgou um sombrio relatório no Perfil Anual da Igreja: em 2021, a quantidade de membros caiu para 13,7 milhões. Em termos de números, a liderança explicou que este é o menor número em mais de 40 anos. Só nos últimos três anos, a SBC perdeu 1,1 milhão de fiéis.

O relatório mostrou que a aderência à denominação “caiu de 14,8 milhões em 2018 e de um pico de 16,3 milhões em 2006, e a frequência à igreja continuou a diminuir”, reportou o periódico Christianity Today. A quantidade de interessados em descer às águas batismais caiu pela metade em 2020 na SBC, e aumentou em um quarto em 2021. As informações divulgadas dão conta de que as igrejas da SBC batizaram 154.700 pessoas em 2021, o que é ainda abaixo de 236 mil de um ano antes.

Adam Blosser, pastor da Igreja Batista Goshen no condado de Spotsylvania, Virgínia, explicou a relevância das estatísticas em torno do batismo: “É porque eles representam a conversão”. Apesar da queda no número de fiéis, em toda a SBC, foi constatado o aumento dos níveis de doação. Os relatórios das igrejas indicam terem recebido US$ 11,8 bilhões em 2021, quantidade muito superior ao ano anterior.

De acordo com a Christianity Today, o Perfil Anual da Igreja representa os 70% das igrejas afiliadas à SBC e convenções estaduais que escolhem relatar as suas estatísticas; ou seja, não é uma imagem completa. Mesmo assim, como a amostragem é enorme (70% das igrejas), ela representa muito da realidade hoje na SBC.

Desde 2018, o número de fiéis sofreu uma queda de 7%, com a perda de 409 mil membros em 2021 e 436 mil em 2020. Em 2018, o declínio de 288 mil membros já era, naquele momento, a maior queda anual em um século. Em março deste ano, o Pew Research Center divulgou a informação de que apenas dois terços dos frequentadores regulares voltaram a marcar presença e o nível de atendimento havia se estabilizado por meses.

Se a situação dos batistas norte-americanos inspira cuidados, a Igreja Presbiteriana dos EUA também não está em seus melhores dias. Um relatório divulgado pela denominação informa que ela perdeu mais de 51 mil membros somente em 2021 e que nesse período ocorreu o fechamento de mais de 100 congregações e quatro presbitérios (órgãos regionais). A maior denominação presbiteriana do país divulgou o relatório no dia 26 de abril, compilado pelo Escritório da Assembleia Geral da denominação.

As estatísticas indicam que a igreja observou a queda de 8.925 congregações em 2020 e de 8.813 em 2021, incluindo a queda de fiéis de 1,24 milhão para 1,19 milhão; sem esquecer que o número de clérigos caiu de 18.785 ministros em 2020 para 18.458 em 2021, configurando um declínio de 372 clérigos.

O Christian Post informou que a igreja detectou um ligeiro declínio na quantidade de presbitérios: 170 em 2020 para 166 em 2021. O secretário J. Herbert Nelson emitiu um comunicado através da Assembleia Geral da igreja tentando minimizar, dizendo que a queda na quantidade de membros foi menor do que no ano anterior e culpando a pandemia. “Chegamos à conclusão de que nossa igreja foi mudada para sempre por esta pandemia”, explicou Nelson. “Mas este relatório mostra que, embora o número de membros ativos continue caindo, estamos vendo uma ligeira desaceleração no número de pessoas saindo”, concluiu o secretário.

A Igreja Presbiteriana de Gulfport, com 75 anos na Flórida (EUA), fechou as portas no dia 24 de abril, após a sua última reunião, por falta de membros para continuar suas atividades. De acordo com a liderança eclesial, a membresia contava com 19 pessoas, que mantiveram a sua agenda e continuaram a frequentar os cultos. O argumento sustentado pelos fiéis é que a última diminuição, mas brusca, teve origem na pandemia da Covid-19 e ela não conseguiu mais se sustentar. Yvonne Johnson, de 93 anos, deu um contexto mais amplo à estação televisiva News 4 Jax: “Você não pode ter uma igreja sem dinheiro e pessoas”. A anciã frequentou as reuniões da igreja por cerca de 50 anos e, ao longo dos anos, depois de testemunhar a morte de fiéis e abandono da congregação, sem reposição de novos membros, viu os que restaram decidirem fechar o santuário dessa igreja que era das mais antigas denominações da cidade de Gulfport.

Os remanescentes lembravam que entre os anos 1960 e 1970 não havia necessidade de buscar novos membros e, desde aqueles dias, a igreja passou a perder jovens, que continuariam fiéis nas próximas gerações. Diante do fato, os presbiterianos conceberam diversas estratégias para atrair novas pessoas, mas sem sucesso. No último culto da igreja, o reverendo William Cowfer confortou os demais dizendo que apesar do encerramento das atividades da congregação, o trabalho de Jesus irá continuar. “Quando Jesus subiu, o trabalho dos discípulos não estava terminado, estava começando. Embora tenhamos sentimentos mistos por não poder continuar aqui como congregação, a congregação que esteve aqui todos esses anos está espalhada pelo mundo”, afirmou o líder.

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