Os males causados no mundo pelo amor ao dinheiro

Os males causados no mundo pelo amor ao dinheiro

O apóstolo Paulo registrou em sua Primeira Carta a Timóteo que o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males. Ele acrescentou que esta atitude é um tipo de cobiça extremamente prejudicial à vida. Paulo destaca a sua preocupação com o equilíbrio da vida pessoal, espiritual e ministerial do seu colaborador, quando afirma: “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1 Timóteo 6.10, ARC). Sobre esse texto, o pastor Hernandes Dias Lopes afirma que “o termo grego usado por Paulo no versículo 10, philarguria, traduzido por amor ao dinheiro, só é encontrado aqui em todo o Novo Testamento. O amor ao dinheiro é a estrada principal que conduz a todas as outras que desembocam na ruína”(1).

Dentre os males que a avareza pode trazer ao ser humano, o apóstolo menciona especificamente cinco. No capítulo 6 e versículo 9, aparecem os três primeiros: os amantes do dinheiro caem em tentação, caem em ciladas e caem em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, e tais obras da carne são capazes de afogar os homens na ruína e perdição. No versículo 10, ele aponta os outros dois: os ambiciosos se desviam da fé e a si mesmos se atormentam com muitas dores. O pastor John Stott (1921-2011), ao comentar este parágrafo, diz: “Paulo não está a favor da pobreza contra a riqueza, mas a favor do contentamento contra a cobiça”(2).

Quando comparamos os ensinamentos do Senhor Jesus com as declarações do apóstolo Paulo no texto aqui analisado (1 Timóteo 6.3-10), aprendemos que a ambição pelas riquezas tem provocado incontáveis tipos de males à humanidade. Aqui, vamos destacar alguns deles.

Em primeiro lugar, de acordo com a Palavra de Deus, o amor ao dinheiro ofende diretamente ao Senhor por quebrar os dois maiores mandamentos da Sua lei: o amor a Deus sobre todas as coisas e o amor ao próximo como a si mesmo (Deuteronômio 6.5; Levíticos 19.18; Marcos 12.31). A quebra do primeiro mandamento se dá quando uma pessoa se torna dominada pela avareza de tal forma que chega a desprezar o verdadeiro Deus, seu criador, que é digno de sua adoração, e passa a priorizar e a valorizar as riquezas como o centro de todas as suas atenções. Assim a riqueza passa a ser o seu deus (Mateus 6.24). Fica, então, claro que o amor ao dinheiro é identificado pelas Escrituras Sagradas como um tipo de idolatria (1 Coríntios 10.19,20; Colossenses 3.5). A quebra do segundo mandamento acontece porque, quando uma pessoa é dominada pelo amor ao dinheiro, o próximo é desprezado completamente. Aquilo que esta pessoa, que se tornou adoradora de Mamon, deixa de fazer em benefício de um pobre ou necessitado não tem mais nenhuma importância, não lhe causa nenhum incômodo.

Em segundo lugar, o amor ao dinheiro é a causa principal da desvalorização da vida humana. O homem não hesita em escravizar até os próprios seres humanos, tirando-lhes toda a liberdade, subjugando homens, mulheres e crianças a um estilo de vida semelhante ao de animais. Não é somente a prática da escravidão que demonstra essa realidade, mas também a prática de crimes hediondos com o intuito de se beneficiar indevidamente dos bens de outros. As grandes guerras ocorridas no decorrer dos séculos, todas elas, sem exceção, foram provocadas pela cobiça e pela busca desenfreada das riquezas.  

Em terceiro lugar, o amor ao dinheiro pode levar o ser humano a muitos caminhos sem volta e até a caminhos de morte, como afirma a Palavra de Deus em Provérbios 14.12: “Há caminho que ao homem perece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte” (ARC).  Um clássico exemplo é o que aconteceu com Geazi, auxiliar do profeta Eliseu. Geazi contraiu a lepra de Naamã e permaneceu assim pelo resto da vida (2 Reis 5.20-27).

Em quarto lugar, o amor ao dinheiro pode induzir os homens a buscarem a fama pela fama, a tentarem galgar posições ilegítimas e a alcançarem cargos “arrumados” ou “comprados” nas mais diversas instâncias do poder, tão somente para alimentar a vaidade pessoal. A Bíblia afirma que “aquele que amar o dinheiro, jamais se fartará dele” (Eclesiastes 5.10).

Em quinto lugar, o amor ao dinheiro tem sido a causa da queda de muitos líderes tanto na esfera do poder político como na esfera eclesiástica. No caso específico de líderes denominados cristãos, estes se deixam dominar pelo espírito da avareza de tal modo que a cobiça pelos bens materiais os impede de enxergar a honra, o caráter, a integridade e os valores do reino de Deus. A nota da Bíblia de Estudo Pentecostal sobre Mateus 6.24 afirma que “acumular riquezas é um trabalho tão envolvente que logo passa a controlar a mente e a vida da pessoa até que a glória de Deus deixa de ter a primazia (Lucas 16.13)”.(3)

Em sexto lugar, o amor ao dinheiro tem sido o maior motivo de brigas, intrigas e separação entre pessoas de uma mesma família. Dificilmente se vê famílias unidas em torno do dinheiro. As famílias mais ricas são as que mais brigam. Muitas famílias vivem em constantes conflitos e até guerras por causa da distribuição de herança.

Em sétimo e último lugar, o amor ao dinheiro provoca o grande equívoco humano de trocar o ser pelo ter. Em uma de Suas parábolas, Jesus aborda essa ideia, deixando claro que a vida de um ser humano não consiste nos bens que este possui: “Então lhes recomendou: Tenham cuidado e não se deixem dominar por qualquer tipo de avareza, porque a vida de uma pessoa não consiste na abundância dos bens que ela tem” (Lucas 12.15). Nessa passagem bíblica, Jesus enfatiza que a essência da vida não é o “ter”, mas o “ser”. É preciso muita sabedoria e reflexão para compreender que a vida consiste naquilo que somos e não naquilo que temos. Para reforçar a Sua extraordinária declaração, Jesus detalhou as atitudes imprudentes do tal homem (Lucas 12.16-18). Este homem pensava que os seus bens poderiam trazer satisfação para a sua alma, mas o próprio Deus mostrou-lhe o erro que estava cometendo: “Louco! Esta noite lhe pedirão a sua alma; e o que você tem preparado, para quem será?” (Lucas 12.20). Os bens deste mundo são passageiros e nada que é transitório pode ser utilizado na substituição das coisas eternas. Temos que lembrar sempre que não nascemos com dinheiro e nem poderemos levá-lo para a dimensão da eternidade (1 Timóteo 6.7).

Não devemos jamais esquecer que o apóstolo Paulo ensinou que o mais poderoso antídoto contra o veneno do amor ao dinheiro é o cultivo do contentamento: “Mas é grande ganho a piedade com contentamento” (1 Timóteo 6.6). Contentar-se em Cristo é estar satisfeito com a devoção a Deus, servindo-lhe de boa vontade, vivendo em comunhão com Ele aqui e agora, na esperança da vida eterna.

NOTAS

1 LOPES, Hernandes Dias. Primeira a Timóteo, p. 145.

2 STOTT, Jhon. A mensagem de 1 Timóteo, Tito e Filemon, p. 156.

3 STA MPS, Donald C. A Bíblia de estudo pentecostal, p. 1397.

Por Rayfran Batista da Silva.

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