O atentado em Saudades, a pandemia e a Igreja

O atentado em Saudades, a pandemia e a Igreja

Pastor Nilton dos Santos, líder da Assembleia de Deus em Blumenau (SC) e da Convenção das Igrejas Evangélicas Assembleia de Deus de Santa Catarina e Sudoeste do Paraná (CIADESCP), e também membro do Conselho Administrativo da Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD), é o entrevistado desta edição do jornal Mensageiro da Paz.

Nascido no dia 20 de agosto de 1957, na cidade de São Bento do Sul (SC), ele é filho do pastor Nirton dos Santos e de Maria Isabel dos Santos; casado com Luiza Regina dos Santos, pai de Lemuel, Lediel e Aline dos Santos. Sua formação teológica se deu no Instituto Bíblico das Assembleias de Deus (IBAD), na Escola Teológica das Assembleias de Deus (EETAD) e na Faculdade de Educação e Teologia do Brasil (FAETEB). Ativo na obra de Deus, liderou por cinco anos a União da Mocidade da Assembleia de Deus de Lages (SC) (UMADLA). Sua consagração ao presbitério se deu em Lages, quando ele tinha 23 anos.

Em 1981, um ano após seu casamento, atendeu ao chamado missionário e mudou-se para a cidade de Jequitaí, no norte de Minas Gerais. Consagrado ao santo ministério pastoral na cidade mineira, onde passou oito anos, pastor Nilton pastoreou nos anos seguintes as Assembleias de Deus nas cidades de Araxá, também em Minas Gerais, e Fraiburgo, Curitibanos, Chapecó e Lages, em Santa Catarina. Hoje, como já citado, ele pastoreia a Assembleia de Deus blumenauense. Nesta entrevista, o líder catarinense fala sobre o atentado a uma creche em Santa Catarina, que ganhou as manchetes do país em maio, e também sobre como as igrejas filiadas à Convenção catarinense estão conduzindo suas atividades na pandemia.

Sobre o ataque que vitimou três bebês e duas professoras em uma creche na cidade de Saudades (SC), qual sua análise sobre o caso?

Nós lamentamos muito o ocorrido. Houve uma comoção não só municipal, mas estadual, e até a nível de Brasil. A cidade de ¬10 mil habitantes ficou comovida e transtornada pelo ocorrido. Pelo que sabemos, por meio de entrevista coletiva concedida pela polícia civil, o moço, autor do atentado, agiu sozinho, porém vinha planejando isso há mais de um ano. A polícia encontrou materiais que estavam nos computadores dele, materiais que ele estava vendo de violência, de jogos de matança. Creio que tudo isso gerou transtorno na mente desse rapaz e, claro, com a ação diabólica, ele potencializou esse planejamento. O alvo dele não era matar apenas essas pessoas, mas muito mais. Ele vinha há um ano tentando comprar uma arma de fogo, mas, como não conseguiu, então comprou uma arma tipo espada. Ele pretendia matar com a arma de fogo todos os colegas com quem trabalhava e estudava. Como a arma que tinha não era um revólver, então ele procurou vítimas que não teriam poder de reagir, pessoas mais indefesas.

Por isso que o Diabo colocou no coração dele de ir a uma creche. A lição que extraímos de tudo isso é o cuidado que devemos ter com os nossos adolescentes, a começar já de criança, com o que eles estão vendo no computador, o que eles estão vendo nesses jogos eletrônicos, com o que eles estão conectados. Isso mexe com a mente e, com a potencialização do mal, com a operação do Diabo, tudo fica pior ainda. Esta soma de fatores tem uma influência terrível na mente dos adolescentes. Eles não podem ficar trancados dentro de um quarto vendo tudo o que vem na mente. Os pais não podem ficar sem saber e nem sem corrigir o que os filhos estão vendo. Não podem ir deixando. A lição que extraímos é que os pais precisam policiar, precisam acompanhar o que seus filhos estão vendo no computador, no celular, para que não venhamos a ter até mesmo filhos de crentes, daqui a pouco, fazendo coisas terríveis pela ação de uma influência maléfica. Lamentamos profundamente tudo isso que aconteceu. Cumprindo nosso papel como Igreja, alguns psicólogos crentes, inclusive pastores, estiveram na cidade ajudando, levando uma palavra de conforto, de motivação. A cidade ficou chocada, e a igreja teve a ação de ajudar essas pessoas.

E como tem sido a condução das atividades das igrejas em meio a esta pandemia da Covid-19?

Estamos, desde março do ano passado, com um transtorno de limitações de público e um período de igrejas fechadas, mas temos que agradecer a Deus, pois, mesmo em meio à pandemia, as nossas igrejas cresceram. Cresceram tanto na parte econômica, a maior parte delas, como também em número de batizados em águas. Nesse período de um ano e meio, tivemos muitas reformas, muitas construções e muitas inaugurações. Tivemos que nos reinventar. Fizemos diversas estratégias para que pudéssemos ampliar a evangelização. Quase todas as nossas igrejas têm no domingo, por exemplo, realizado de três a cinco cultos, pois temos o público limitado de 25% a 30% por culto. Em Blumenau e em outras igrejas grandes, temos quatro cultos no domingo. Foi um período de reinventar, de fazer ajustes. Temos grupos de evangelização que vão nos bairros e colocam mensagens dentro de balões e amarram nos portões das casas; e diversos outros tipos de evangelismos que foram feitos nesse período de pandemia. Agradecemos a Deus, pois a boa mão do Senhor está sendo conosco no estado de Santa Catarina de uma forma muito contundente. Estamos numa campanha, por exemplo, chamada de “Rumo ao Centenário”. Fizemos 90 anos em março deste ano. Nós temos um projeto de crescimento em¬ 10 anos com várias frentes de evangelização para alcançar objetivos, alvos e metas importantes. Por exemplo, estamos com quatro pilares fundamentais, que são de chegar ao centenário com uma igreja mais relevante, mais avivada, mais unida e mais missional, entendendo a missão da Igreja aqui na Terra. Então, queremos chegar daqui a 10 anos sendo essa Igreja assim fundamentada na operação do Espírito Santo, pronta para servir, fazendo trabalhos com excelência envolvendo todos os departamentos, desde as crianças até os irmãos da terceira idade, e diversos outros grupos e segmentos. Já temos, inclusive, grupos especializados em evangelização de motociclistas e ciclistas, em evangelização de pessoas que realizam caminhada e que participam também de exposições de carros antigos, entre outros grupos. Estamos hoje em todo o estado de Santa Catarina com 310 igrejas-sede e quase 2 mil ministros, entre pastores e Evangelistas.

Deixe uma palavra aos irmãos sobre o momento que o Brasil está enfrentando.

Essa pandemia mostrou quem são os crentes verdadeiros, os que realmente são comprometidos com a Obra de Deus. Esses permanecem fiéis, contribuindo em todas as áreas, tanto financeiramente, com a fidelidade em seus dízimos, como também com a evangelização e a oração. Nós temos visto que o que está acontecendo no Brasil e no mundo são sinais da Volta de Jesus. Ele voltará a qualquer momento. Temos visto que tudo isso é lição para nossa vida espiritual. A conturbação que vemos no mundo é o período da operação do mal, pois o que é errado está sendo tido como certo e o que é certo está sendo visto como errado. Somos bombardeados em todos os momentos por notícias falsas, por fake news; tem grupos por aí que se levantam querendo trazer transtorno às igrejas, desestabilizar os pastores com calúnias, com difamações, com mentiras. Tudo isso está acontecendo em nosso Brasil. Hoje, todo mundo que tem um celular na mão é “repórter”; tudo é filmado, tudo é gravado. Muitos têm comichões nos ouvidos e não querem mais ouvir a verdade e a simplicidade do Evangelho, mas ficam querendo transtornar o crescimento da Igreja. Eu creio na Palavra de Deus, que afirma que os últimos dias seriam difíceis, mas também seriam dias que Deus derramaria de Seu Espírito sobre toda a carne. Creio que é o momento da ação dos Céus no meio da Igreja, de nós rasgarmos nossos corações diante de Deus com humildade e com oração. Quando o povo ora, o céu se abre e o avivamento e o despertamento vêm em todos os sentidos. Essa pandemia mostrou que nós precisamos ter graça, estratégia, discernimento e sabedoria para reinventar. A Bíblia diz que os filhos de Issacar eram destros em saber o que Israel devia fazer (1 Crônicas 12.32), e nós temos que ter a graça e sensibilidade espiritual para saber o que Deus quer que nós, obreiros, pastores, façamos para motivar a Igreja a realizar a Obra nesse tempo do fim. Importante é estarmos atentos aos sinais que Deus está enviando para nós para sermos uma Igreja atuante, avivada, relevante e unida. Precisamos entender a missão da Igreja, e essa missão precisa ser feita agora, pois amanhã poderá ser muito tarde. Estejamos unidos, pois unidos somos mais fortes. Que Deus nos abençoe!

Por Ediberto Silva.

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