Filipe como exemplo de agente proclamador do Evangelho

Filipe como exemplo de agente proclamador do Evangelho

Os leitores da Bíblia Sagrada já se depararam com a jornada do diácono Filipe, um dos sete varões de boa reputação, idôneos e cheios do Espírito Santo selecionados pelos apóstolos para o importante cargo de “servir as mesas” (Atos 6.3). Com sua vida cheia do Espírito Santo, ele não se limitou apenas ao serviço interno de seus irmãos na fé em Cristo, mas acabou sendo um exímio mensageiro da Palavra, uma vez que através da proclamação fervorosa do Evangelho ele saciou as multidões de Samaria que padeciam espiritualmente (Atos 8.5,6). Samaria foi a antiga capital do Reino do Norte, que acabou conquistada pelos assírios, que deslocaram vários povos gentios para a região, formando um povo miscigenado. Com o passar dos tempos, os samaritanos estabeleceram a sua própria forma de culto no Monte Gerizim e já não consideravam Jerusalém como a capital da adoração. Quanto à literatura sacra, eles consideravam como autoridade apenas os escritos do Pentateuco. A sua realidade religiosa atraiu a antipatia dos judeus, que os consideravam hereges e evitavam qualquer tipo de contato com eles.

Os samaritanos eram um povo carente das verdades do Evangelho, uma vez que as consequências eram dolorosas: espíritos imundos possuíam muitos dos habitantes por darem vazão às suas naturezas perversas; havia também uma grande quantidade de enfermos e tristeza no coração do povo. Quando Filipe chegou à região, compartilhou as Boas Novas e aconteceram os milagres. Os demônios não suportavam a autoridade delegada ao evangelista pelo nome de Jesus. A Bíblia Sagrada informa que os mesmos “saíam gritando em alta voz” (Atos 8.7). Os enfermos eram curados através de Filipe, que era um instrumento divino no dom de operações de maravilhas e, como resultado, muitos samaritanos também eram libertos do jugo da escravidão espiritual. A cidade foi tomada de alegria, a alegria da salvação e da liberdade espiritual! A perseguição ocorrida em Jerusalém expeliu Filipe para fora das portas da cidade, entregando ao mundo um evangelista nato e dinâmico!

Os acontecimentos em Samaria foram possíveis devido ao projeto que o Espírito Santo já havia de antemão determinado para a vida de Seu servo, pois até mesmo por meio daquilo que em nossa visão humana e limitada parece ser um grande caos, Deus em Sua soberania revela a Sua vontade perfeita! É um projeto divino o Evangelho alcançar os confins da Terra através de uma igreja pujante (Atos 1.8). As testemunhas de Jesus não deveriam se limitar a Jerusalém depois de serem revestidas de poder. O alvo da Grande Comissão é alcançar a toda criatura (Marcos 16.15). Como Igreja de Jesus, podemos até aguardar uma segunda ordem divina, nos revestindo do poder do Alto para a continuação de nossa tarefa na evangelização do mundo, porém nunca devemos estacionar ou ficarmos conformados com as conquistas já alcançadas.

O trabalho é árduo e ainda há muitas sementes para serem semeadas nos corações de várias pessoas ao redor do mundo. A manifestação dos milagres confirmava a autenticidade da mensagem proclamada por Filipe. Era um Evangelho vivo, transformador e libertador. As cadeias infernais foram quebradas e as trevas que envolviam a cidade de Samaria foram dissipadas com a luz do Evangelho. Cristo, através da Pessoa do Espírito Santo, repetiu o mesmo acontecido tempos antes em Cafarnaum e registrado por Mateus: “O povo que estava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região e sombra da morte resplandeceu-lhes a luz” (Mateus 4.16). Jesus é a luz do mundo, somente Ele pode dissipar toda escuridão do coração do homem: “De novo, lhes falou Jesus, dizendo: ‘Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida’” (João 8.12). O Senhor disse essas palavras na noite em que o povo festejava, cantava e segurava tochas de fogo no átrio das mulheres no Templo de Jerusalém; na ocasião, o Messias revelou o significado espiritual daquela cerimônia. Quem se entrega inteiramente a Jesus não correrá o risco de palmilhar na escuridão, seu caminho será trilhado em plena luz, a luz da presença do Espírito: “Pelo que diz:  desperta tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá” (Efésios 5.16); e à luz da Palavra: “Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho (Salmos 119.105).

Podemos imaginar a grande alegria que envolveu a cidade de Samaria e o resultado do poder do Evangelho de Cristo, que traz a verdadeira paz (Romanos 5.1). Verdade é que nenhuma alma é feliz debaixo do jugo do pecado e sendo alvo da ira divina como consequência de sua incredulidade. Somente o Evangelho é a água da vida que inunda nossa vida e jorra do convertido a Cristo. Essa obra divina, mediada pelo Espírito Santo, está disponível a todos que aceitarem a mensagem do Evangelho. Isso resulta em purificação, transformação e sustentação. O que falta é reconhecer a nossa necessidade espiritual e não rejeitarmos o manancial de água viva.

É possível considerarmos Filipe como o primeiro missionário da Igreja Primitiva, uma vez que o esforço missionário da Igreja do primeiro século era algo notório. “Eles iam por toda parte pregando a Palavra” (Atos 8.4). O verbo grego aqui utilizado por Lucas revela o constante esforço missionário pelos crentes no Livro de Atos. Os lugares eram diversos, as pessoas eram distintas, porém apenas uma semente era semeada: o Evangelho de Cristo. Podemos destacar também algo muito interessante na vida do evangelista Filipe: a sua disponibilidade em obedecer a direção divina. Isso fica notório na narrativa sobre a conversão do eunuco etíope (Atos 8.26-38). Ser obediente à direção divina é algo primordial para que possamos ter sucesso na obra do Senhor, que sempre terá meios disponíveis para cumprirmos com afinco Suas ordenanças. O Espírito Santo, como Companheiro, Consolador e poder que reveste, convoca vidas para serem instrumentos poderosos na Seara do Mestre. Os dons permanecem como ferramentas dispensadas a todo aquele que abraçar a ordenança da Grande Comissão. Cristo já nos garantiu vitória, quando disse: “...e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus 16.18).

Por, Antônio Adson Rodrigues Pereira.

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