Os atos de piedade de Cornélio e sua salvação

Os atos de piedade de Cornélio e sua salvação

De acordo com Atos 10.4, um anjo disse a Cornélio que as suas orações e esmolas subiram para memória de Deus. Este detalhe contribuiu para a sua salvação?

Caríssimo leitor, é com muita alegria que recebo sua indagação, entendendo-a, por sua vez, como uma excelente oportunidade para esclarecer pontos fundamentais da argumentação soteriológica pentecostal. Antecipo que sua excelente colaboração ajudar-nos-á a desconstruir, de modo claro, falácias descabidas que procuram associar de modo leviano a fé assembleiana com heresias.

Sendo bem direto e objetivo na resposta à sua questão, estimado leitor: Não, definitivamente não! As ações piedosas e solidárias de Cornélio em nada contribuíram em seu processo salvífico.

De acordo com a orientação teológica/soteriológica que nós assembleianos  advogamos, a humanidade não possui qualquer protagonismo no processo da salvação. Há uma exuberante bibliografia oficial – publicada pela CPAD e referendada pela CGADB – que fundamenta tal afirmação. Ante tal universo referencial, farei então uma seleção a partir de apenas cinco textos centrais para fé pentecostal no Brasil.

Em primeiro lugar, está publicizado em nosso Credo a referência a centralidade e exclusividade da salvação através da obra do Cristo. 

Já na Declaração de Fé das Assembleias de Deus, obra em que nosso Credo é pormenorizadamente discutido, afirma-se na página 109: “Essa salvação é um ato da graça soberana de Deus pelo mérito de Jesus Cristo e não vem das obras”. E ainda na página 113: “Cremos que todos os homens e mulheres foram atingidos pelo pecado a tal ponto que, embora tenham sido feitos à imagem de Deus, não podem, por si mesmos, chegar a Deus. Não há nada que o homem natural possua ou pratique que lhe faça merecida a graça de Deus”.

Já  na  Teologia  Sistemática  Pentecostal (CPAD, 2015), nosso grande teólogo, pastor Antonio Gilberto, afirma-nos: “De acordo com Efésios 2.5,6, o pecador está morto, e nessa condição não pode ajudar em nada. Como efetuaria ele a sua própria ressurreição? Assim como não pudemos ajudar em nada quando do nosso primeiro nascimento, muito menos em nosso segundo (novo) nascimento. Tudo é pela graça, para que o homem não tenha de que se gloriar”.

Por sua vez, o pastor Esequias Soares, na lição 7 das Lições Bíblicas do 3º trimestre de 2017, tratando sobre a imperiosidade do novo nascimento – utilizando como exemplo específico Cornélio – diz-nos: “Observe que essas atitudes de Cornélio tinham a aprovação divina (Atos 10.4). Mas ninguém é salvo pelas obras (Gálatas 2.16). Por isso o apóstolo Pedro foi enviado para falar a Cornélio sobre a salvação em Cristo”. O mesmo pastor Esequias, no livro de apoio à lição citada, defende que “Nicodemos, Cornélio e Saulo de Tarso, entre tantos outros, eram também bons religiosos; no entanto, Jesus disse que Nicodemos precisava nascer de novo para ver o Reino de Deus (João 3.1-5); Cornélio precisou se converter a Cristo (Atos 10.1-6)”.

Prezado leitor, retorno então ao detalhe de seu questionamento, o uso do termo “contribuiu”. Mais uma vez, não; absolutamente, não! Em nada a generosidade de Cornélio colaborou para sua graciosa salvação. Esta é resultado exclusivo do amor divino que é ofertado universalmente, e de modo incondicional, à humanidade.

Qualquer hipótese que delibere atribuir merecimento, direito ou protagonismo humano no processo de salvação é inválida, e perigosamente pecaminosa. A salvação vem exclusivamente de Deus, como manifestação de amor, e não há nenhuma obra prévia que os filhos de Adão façam para merecê-la.

Por, Thiago Brazil.

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