O óleo que distingue derramado sobre Israel

O óleo que distingue derramado sobre Israel

"E a mulher concebeu, e teve um filho, e, vendo que ele era formoso, escondeu-o três meses” (Êxodo 2.2). Para qualquer mãe, exceto em situações de rejeição ao fruto do ventre por situações sociais, econômicas ou mesmo psicológicas, como a depressão pós-parto, seu filho recém-nascido sempre será tido como belo e merecedor de todo o seu carinho e sacrifícios. No entanto, ao que parece, além da graça natural de que um bebê é portador, havia em Moisés um conjunto de características que o diferenciava. O texto relata que ele era tov (bom, bem formado); em sua defesa perante o conselho de anciãos, Estêvão confirma que o menino era “muito formoso” (Atos 7.20) e o escritor da Carta aos Hebreus declara que, “pela fé, Moisés, já nascido, foi escondido três meses por seus pais, porque viram que era um menino formoso (do grego asteios, bonito, formoso); e não temeram o mandamento do rei” (Hebreus 11.23). Note-se que a fé foi reforçada no coração daqueles pais ao concluírem que a dotação especial do menino poderia tratar-se de uma marca distintiva que apontaria para um propósito especial da parte de Deus. Dessa forma, ao amor natural uniu-se um arrazoamento favorável à fé, que nutriu a esperança e deu coragem para enfrentar o decreto de morte.

Quando o momento da impotência em preservar a vida do bebê chegou, Joquebede (“Jeovah é Glória”) providenciou uma tebah, ou seja, uma caixa, arca, um formato de cesto ou de barco, pois o termo é o mesmo usado para referir-se à Arca de Noé. Preparou o cestinho com o material mais acessível, ou seja, com papiros. Exatamente: os termos usados no livro de Êxodo remetem àquela planta comum às margens dos rios do Egito. São, na verdade, usados dois termos distintos na narrativa, ambos referindo-se aos papiros. O primeiro termo usado diz respeito aos papiros maiores, que chegam a 3m ou 4,5m de altura; e o segundo engloba os demais tipos, alguns mais e outros menos rígidos e de alturas variadas. O material usado para a escrita guardava também outras utilidades, mas é interessante perceber que o futuro legislador de Israel repousou sobre a matéria prima dos documentos de seus dias. Não está certo se Joquebede fez, ela mesma, o trabalho de cestaria, mas untou-o com betume e piche (pez), num esforço pela preservação da vida de seu tenro filho.

Ainda que os relatos ficcionalizados dos eventos bíblicos façam parecer que o menino foi lançado às águas do rio, cercado de ondas, sujeito a ataques de animais ferozes, a singeleza das palavras de Moisés relatando os importantes momentos de sua infância dão conta do extremo cuidado de sua mãe ao depositar a arca no meio do carriçal de juncos. Ora, um cestinho de juncos trançados escondido entre juncos plantados dificilmente seria percebido. No entanto, a filha de faraó o viu – não ouviu choro, não percebeu barulho, apenas o viu –, e a razão de tê-lo percebido foi o contraste provocado pelo revestimento de betume e de piche, destacando o objeto no meio do carriçal.

Quanto tempo ficaria o menino acomodado em seu improvisado leito até que os incômodos comuns aos bebês lhe acometessem? Quando tempo duraria o conforto daquele refúgio salvador? Provavelmente pouco, pois nos é dado saber que, ao abrir o cesto, a princesa encontrou o menino chorando. Não fosse retirado das águas, sucumbiria de sede, de fome, de frio? Poderia Miriam resgatá-lo, ela que a tudo observava? Não sabemos, mas entendemos que urgia uma solução. Dessa forma, fez o Senhor com que o mesmo composto de óleo grosso usado para impermeabilizar o cesto servisse para sinalizar sua presença. A unção o destacou.

Neste trimestre, em que nos dedicamos ao estudo do verdadeiro pentecostalismo, dentre os maravilhosos feitos do Espírito Santo agindo no meio da Igreja, promovendo o Reino de Deus na Terra e transformando o coração dos homens – tanto no processo de conversão, pois é Ele quem convence acerca do pecado, da justiça e do juízo, quanto no processo de santificação e de capacitação para o serviço –, sabedores de que nada compreendemos sem a Sua instrução e nada realizamos sem Sua poderosa unção, lembremos que essa mesma unção também distingue a nós e a tudo aquilo que somos ou que fazemos. Exatamente: há pregação, e há pregação com unção; há atos de misericórdia e há misericórdia derramada com a graça da unção, que ultrapassa o atendimento a uma necessidade imediata e alcança, pelo poder do Espírito, as causas que levaram o outro a tal situação de tormento e de dor; há ensino e há ensino com unção; há cânticos e há manifestação de louvor revestida de unção tal que parece unir os céus e a terra numa mesma adoração. O mais simples gesto e a saudação mais corriqueira destacam-se quando revestidos pelo Espírito de Deus, de quem o óleo é símbolo. O óleo destacou Moisés e ele foi preservado no meio de uma geração que sucumbia sob as ordens cruéis de Faraó. No Egito, os propósitos de Deus para a vida do menino foram mantidos com vida por meio da unção.

O fato de a unção ser vista agrega um outro fator, qual seja, desperta o interesse dos inimigos da unção. Sim, eles existem. Existem historicamente em toda a reação sofrida pelos pentecostais por parte daqueles que, desde os primórdios da Igreja, opuseram-se ao fluir do Espírito Santo. Existem teologicamente, através dos argumentos cessacionistas ou negacionistas. Existem socialmente, entre aqueles que, mesmo ao saber ou declarar conhecer o poder de Deus, não consideram sua manifestação conveniente a uma comunidade que vem crescendo em conhecimento e titulações acadêmicas e, simulando a busca por um suposto “equilíbrio”, na verdade promovem uma discreta oposição às manifestações pentecostais. O equilíbrio real reside na própria essência do Espírito, que sempre haverá de promover a ordem e a decência no meio de Seu povo, operando a glorificação de Cristo, a salvação, a santificação, as curas, as operações de milagres, o conhecimento revelado, a integração, o crescimento do Corpo do Senhor Jesus e o testemunho para os incrédulos. Ainda assim, a oposição à santidade das manifestações do Alto pode ser facilmente percebida, inclusive através de deboches e imitações, infelizmente, por vezes assistidos e compartilhados por crentes em redes sociais. Tenhamos temor.

Dias atrás, de Israel chegou um clamor, um pedido de oração por parte de servos de Deus, cristãos, judeus pentecostais. O clamor diz respeito a que peçamos ao Senhor para que cessem os ataques midiáticos feitos por cristãos que residem fora de Israel, combatendo o mover do Espírito sobre os judeus messiânicos. Pode parecer estranho para alguns que existam judeus que creem que Jesus seja o verdadeiro Messias, mas o início da Igreja foi assim, com judeus que manifestaram sua fé em que Jesus era o prometido e enviado por Deus. E que estranheza pode haver em que também sobre os que hoje creem seja derramada a Promessa feita anteriormente? Sim, há em Israel judeus que são ao mesmo tempo cristãos e pentecostais. Opõem-se a eles muitos dentre os judeus não cristãos que os consideram como traidores da fé; opõem-se agentes que deveriam manter a segurança de todos os cidadãos, mas fazem “vista grossa” às agressões sofridas pelos judeus messiânicos; opõem-se aqueles que entendem que não se deve sequer pregar aos judeus, pois seu tempo já teria passado e o Senhor não teria mais a salvação para eles; opõem-se grupos antissemitas; e, agora, quando a chama pentecostal os tem mais uma vez alcançado, opõem-se o conjunto dos grupos que são contrários a esse mover.

Sabendo que a nossa luta não é contra a carne ou contra o sangue, compreendendo que a resistência à Obra do Espírito é intenção de Satanás, nosso verdadeiro adversário, atendamos ao clamor de nossos irmãos, pois são eles também um sinal esperado quanto ao florescer e ao frutificar da Figueira. Oremos para que aumente o número de batismos no Espírito Santo em Israel. Oremos pôr fogo de Deus. Oremos por curas, maravilhas, sinais, libertações, luz sobre a Palavra. Oremos por missionários judeus messiânicos, cheios da unção, percorrendo o mundo e levando a mensagem de salvação aos povos. Oremos por vinho novo nos vinhedos de Israel. Oremos para que nossos irmãos sejam guardados por Deus e fortalecidos. Somente não podemos crer que serão escondidos (a não ser do adversário) porque a unção já transformou a escritura brotada nas águas da cultura ou tecida pelas mãos hábeis do conhecimento humano na palavra ungida e poderosa que haverão de pregar. Que Deus os abençoe e perdoe aqueles que se lhe opõem, pois, no fundo, não sabem o que fazem; e que o Senhor opere sua Glória em Israel.

Por, Sara Alice Cavalcanti.

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