Quando o momento da impotência em preservar a vida do bebê chegou, Joquebede (“Jeovah é Glória”) providenciou uma tebah, ou seja, uma caixa, arca, um formato de cesto ou de barco, pois o termo é o mesmo usado para referir-se à Arca de Noé. Preparou o cestinho com o material mais acessível, ou seja, com papiros. Exatamente: os termos usados no livro de Êxodo remetem àquela planta comum às margens dos rios do Egito. São, na verdade, usados dois termos distintos na narrativa, ambos referindo-se aos papiros. O primeiro termo usado diz respeito aos papiros maiores, que chegam a 3m ou 4,5m de altura; e o segundo engloba os demais tipos, alguns mais e outros menos rígidos e de alturas variadas. O material usado para a escrita guardava também outras utilidades, mas é interessante perceber que o futuro legislador de Israel repousou sobre a matéria prima dos documentos de seus dias. Não está certo se Joquebede fez, ela mesma, o trabalho de cestaria, mas untou-o com betume e piche (pez), num esforço pela preservação da vida de seu tenro filho.
Ainda que os relatos ficcionalizados dos eventos bíblicos façam parecer que o menino foi lançado às águas do rio, cercado de ondas, sujeito a ataques de animais ferozes, a singeleza das palavras de Moisés relatando os importantes momentos de sua infância dão conta do extremo cuidado de sua mãe ao depositar a arca no meio do carriçal de juncos. Ora, um cestinho de juncos trançados escondido entre juncos plantados dificilmente seria percebido. No entanto, a filha de faraó o viu – não ouviu choro, não percebeu barulho, apenas o viu –, e a razão de tê-lo percebido foi o contraste provocado pelo revestimento de betume e de piche, destacando o objeto no meio do carriçal.
Quanto tempo ficaria o menino acomodado em seu improvisado leito até que os incômodos comuns aos bebês lhe acometessem? Quando tempo duraria o conforto daquele refúgio salvador? Provavelmente pouco, pois nos é dado saber que, ao abrir o cesto, a princesa encontrou o menino chorando. Não fosse retirado das águas, sucumbiria de sede, de fome, de frio? Poderia Miriam resgatá-lo, ela que a tudo observava? Não sabemos, mas entendemos que urgia uma solução. Dessa forma, fez o Senhor com que o mesmo composto de óleo grosso usado para impermeabilizar o cesto servisse para sinalizar sua presença. A unção o destacou.
Neste trimestre, em que nos dedicamos ao estudo do verdadeiro pentecostalismo, dentre os maravilhosos feitos do Espírito Santo agindo no meio da Igreja, promovendo o Reino de Deus na Terra e transformando o coração dos homens – tanto no processo de conversão, pois é Ele quem convence acerca do pecado, da justiça e do juízo, quanto no processo de santificação e de capacitação para o serviço –, sabedores de que nada compreendemos sem a Sua instrução e nada realizamos sem Sua poderosa unção, lembremos que essa mesma unção também distingue a nós e a tudo aquilo que somos ou que fazemos. Exatamente: há pregação, e há pregação com unção; há atos de misericórdia e há misericórdia derramada com a graça da unção, que ultrapassa o atendimento a uma necessidade imediata e alcança, pelo poder do Espírito, as causas que levaram o outro a tal situação de tormento e de dor; há ensino e há ensino com unção; há cânticos e há manifestação de louvor revestida de unção tal que parece unir os céus e a terra numa mesma adoração. O mais simples gesto e a saudação mais corriqueira destacam-se quando revestidos pelo Espírito de Deus, de quem o óleo é símbolo. O óleo destacou Moisés e ele foi preservado no meio de uma geração que sucumbia sob as ordens cruéis de Faraó. No Egito, os propósitos de Deus para a vida do menino foram mantidos com vida por meio da unção.
O fato de a unção ser vista agrega um outro fator, qual seja, desperta o interesse dos inimigos da unção. Sim, eles existem. Existem historicamente em toda a reação sofrida pelos pentecostais por parte daqueles que, desde os primórdios da Igreja, opuseram-se ao fluir do Espírito Santo. Existem teologicamente, através dos argumentos cessacionistas ou negacionistas. Existem socialmente, entre aqueles que, mesmo ao saber ou declarar conhecer o poder de Deus, não consideram sua manifestação conveniente a uma comunidade que vem crescendo em conhecimento e titulações acadêmicas e, simulando a busca por um suposto “equilíbrio”, na verdade promovem uma discreta oposição às manifestações pentecostais. O equilíbrio real reside na própria essência do Espírito, que sempre haverá de promover a ordem e a decência no meio de Seu povo, operando a glorificação de Cristo, a salvação, a santificação, as curas, as operações de milagres, o conhecimento revelado, a integração, o crescimento do Corpo do Senhor Jesus e o testemunho para os incrédulos. Ainda assim, a oposição à santidade das manifestações do Alto pode ser facilmente percebida, inclusive através de deboches e imitações, infelizmente, por vezes assistidos e compartilhados por crentes em redes sociais. Tenhamos temor.
Dias atrás, de Israel chegou um clamor, um pedido de oração por parte de servos de Deus, cristãos, judeus pentecostais. O clamor diz respeito a que peçamos ao Senhor para que cessem os ataques midiáticos feitos por cristãos que residem fora de Israel, combatendo o mover do Espírito sobre os judeus messiânicos. Pode parecer estranho para alguns que existam judeus que creem que Jesus seja o verdadeiro Messias, mas o início da Igreja foi assim, com judeus que manifestaram sua fé em que Jesus era o prometido e enviado por Deus. E que estranheza pode haver em que também sobre os que hoje creem seja derramada a Promessa feita anteriormente? Sim, há em Israel judeus que são ao mesmo tempo cristãos e pentecostais. Opõem-se a eles muitos dentre os judeus não cristãos que os consideram como traidores da fé; opõem-se agentes que deveriam manter a segurança de todos os cidadãos, mas fazem “vista grossa” às agressões sofridas pelos judeus messiânicos; opõem-se aqueles que entendem que não se deve sequer pregar aos judeus, pois seu tempo já teria passado e o Senhor não teria mais a salvação para eles; opõem-se grupos antissemitas; e, agora, quando a chama pentecostal os tem mais uma vez alcançado, opõem-se o conjunto dos grupos que são contrários a esse mover.
Sabendo que a nossa luta não é contra a carne ou contra o sangue, compreendendo que a resistência à Obra do Espírito é intenção de Satanás, nosso verdadeiro adversário, atendamos ao clamor de nossos irmãos, pois são eles também um sinal esperado quanto ao florescer e ao frutificar da Figueira. Oremos para que aumente o número de batismos no Espírito Santo em Israel. Oremos pôr fogo de Deus. Oremos por curas, maravilhas, sinais, libertações, luz sobre a Palavra. Oremos por missionários judeus messiânicos, cheios da unção, percorrendo o mundo e levando a mensagem de salvação aos povos. Oremos por vinho novo nos vinhedos de Israel. Oremos para que nossos irmãos sejam guardados por Deus e fortalecidos. Somente não podemos crer que serão escondidos (a não ser do adversário) porque a unção já transformou a escritura brotada nas águas da cultura ou tecida pelas mãos hábeis do conhecimento humano na palavra ungida e poderosa que haverão de pregar. Que Deus os abençoe e perdoe aqueles que se lhe opõem, pois, no fundo, não sabem o que fazem; e que o Senhor opere sua Glória em Israel.
Por, Sara Alice Cavalcanti.
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