Descoberto local do Tabernáculo em Siló

Descoberto local do Tabernáculo em Siló

Artefatos e área de plataforma indicariam o lugar secreto

Em entrevista exclusiva concedida em 16 de janeiro [2010] ao jornal israelense The Times of Israel, o arqueólogo norte-americano Dr. David Scott Stripling anunciou a provável descoberta do local onde, por cerca de 400 anos (369 anos, segundo o Talmude), o Tabernáculo esteve em Siló (na atual Cisjordânia), antes de ser transferido para Gibeão nos dias de Davi e ser substituído pelo Templo de Jerusalém durante o reinado de Salomão. A cidade de Siló, localizada no coração da região montanhosa bíblica, tornou-se a primeira capital de Israel logo após a conquista de Canaã por volta de 1400 a.C. Ela foi por muitos anos o centro cultural, religioso e político da nação israelita.

Stripling ressaltou que, obviamente, não esperava encontrar vestígios do material do Tabernáculo em Siló, uma vez que ele era feito de peles de animais.  Entretanto, desde o início das escavações no local no verão de 2017, ele foi encontrando resquícios da “cultura material de apoio” que se encaixam com a época de Josué e com as descrições bíblicas da antiga cidade sacerdotal.

Um trio de raros chifres de altar em blocos de pedra estão entre os mais recentes achados impressionantes da escavação. Apenas sete outros altares semelhantes foram descobertos na Terra de Israel até agora. De acordo com Stripling, esses três chifres podem ter adornado um altar que foi usado na primeira capital dos israelitas. De acordo com um comunicado à imprensa sobre a descoberta, os três chifres vieram da área geral de um edifício monumental datado da Idade do Ferro (1177-980 a.C.). Dois dos chifres do altar têm cerca de 38cmx22cm. O terceiro tem cerca de 18cmx13cm. Um quarto chifre, Stripling espera, pode ser descoberto em futuras escavações. Esses chifres, junto com outros artefatos adquiridos cumulativamente, reforçam a ideia de que a área da escavação é o provável o local do antigo Tabernáculo quando este estava em Siló.

Descoberto local do Tabernáculo em Siló

Começamos com uma hipótese: temos o texto antigo que diz que esse local se tratava de um antigo centro de culto israelita, e então começamos a ver se temos verossimilhança. A cultura material corresponde ao que lemos no texto? Sim. Nunca esperamos encontrar o Mishkan [Tabernáculo], pois ele era feito de peles de animais e teria se decomposto. Mas, acreditamos que estamos vendo a cultura material de apoio na escavação”, disse Dr. Stripling.

O arqueólogo encontrou evidências de atividades de culto naquela região de Siló através da descoberta dos chifres do altar, os quais foram verificados por especialistas externos, incluindo Shimon Gibson, que atualmente está escavando na expedição de pesquisa do Monte Sião em Jerusalém. “Conforme está escrito na Bíblia, nenhuma das pedras foi forjada por um pedreiro, mas foram encontradas nesta forma”, destacou Stripling. “Os descobertos em Siló são semelhantes em tamanho aos chifres encontrados em Berseba”, disse o arqueólogo, o que pode dar uma indicação do tamanho do bloco do altar também.

Descoberto local do Tabernáculo em Siló

De acordo com o Dr. Stripling, sua equipe encontrou ainda indícios de uma área de plataforma de culto permanente que teria sido construída por volta de 1.100 a.C. Uma plataforma semelhante está sendo escavada pela Universidade de Telavive, pelo Prof. Israel Finkelstein, no sítio bíblico de Quiriate-Jearim, que foi o lar de 20 anos da Arca da Aliança até esta ser levada pelo rei Davi e exibida em Jerusalém. Finkelstein escavou em Siló na década de 1980. Stripling disse que pretende, no verão deste ano em Israel, escavar ainda mais a plataforma para entender seu propósito e espera publicar seus achados.

Como o Tabernáculo era uma construção móvel que era erguida e desmontada como uma grande tenda, seria inútil procurar fundações dela em Siló. Porém, os arqueólogos encontraram pistas na forma de uma área retangular no leito rochoso no lado norte, perto do cume de Siló. Esta área, conhecida como “Platô do Tabernáculo”, é suficientemente grande para abrigar o pátio do Tabernáculo, por ter 150mx75m.

“A Bíblia é muito específica quanto ao tamanho do Tabernáculo e dos pátios interno e externo”, ressalta Dr. Stripling. A Bíblia informa em Êxodo 27 que o Tabernáculo ocupava um átrio retangular de 100 côvados de comprimento colocado sempre na direção de leste a oeste, e de 50 côvados de largura de norte para o sul. Segundo o arqueólogo, foram encontradas por sua equipe “evidências de uma construção monumental, do período do Mishcan [Tebernáculo], orientada no sentido Leste-Oeste, que é o que a Bíblia diz, e estamos em processo de escavação ”. Stripling acredita que o Tabernáculo permanente estaria no topo da colina ou na encosta norte. Os chifres e romãs do altar foram descobertos na encosta norte, perto de um edifício monumental datado da Idade do Ferro (1177-980 a.C.) e voltado exatamente para o sentido Leste-Oeste, como o Tabernáculo. “Isso me deixou muito curioso, digamos,” disse Stripling.

Ora, a antiga Siló não era uma cidade normal, mas, sim, o centro da classe sacerdotal. “Antes de Jerusalém, tudo girava em torno de Siló, pois esta foi a primeira capital de Israel. Jerusalém permaneceu nas mãos dos jebuseus ou cananeus por centenas de anos, ao passo que Josué estabeleceu o Mishcan [Tabernáculo] em Siló. E por isso estamos muito interessados   em ver a transição, digamos, da cultura amorreia/cananeia para a cultura israelita. É mensurável cientificamente de alguma forma?”, pergunta Stripling.

Embora ele pretenda escavar o local por mais alguns anos, neste momento Stripling sente que será capaz de documentar essa transição. “Vemos uma pequena ocupação do final da Idade do Bronze II em Siló e, em seguida, talvez uma expansão, uma explosão no período da Idade do Ferro I, e é aqui que você tem as histórias na Bíblia de Samuel, Ana e Elcana, e assim por diante”, afirma Stripling.

Stripling aponta ainda para outra evidência forte: um depósito de ossos que é predominantemente composto de restos de animais exatamente do tipo usados   no sistema de sacrifício bíblico. Menos de 1% foram identificados como ossos de porco nas camadas israelitas, enquanto na camada anterior, datada da época cananeia, mais de 4% eram de ossos de porco. “Portanto, é uma diferença detectável que ocorreu”, afirmou. Com um detalhe: dos ossos dos animais casher para o sistema de sacrifício, a maioria deles vem do lado direito do animal, que em Levítico 7 é designado como “a porção dos sacerdotes”. Finalmente, ele também encontrou uma série de depósitos que, após as escavações, parecem circundar a colina de Shiloh. Eles deveriam estar, acredita Stripling, onde as ofertas foram guardadas.

“Nenhum outro sítio em Israel tem isso”, frisou o arqueólogo. “Se presumirmos que havia um sistema sacrificial lá... Bem, o que você traria se fosse trazer o dízimo? Você não pode fazer uma doação online segura em Tabernacle.org. Você não pode preencher um cheque. O que você vai fazer? Você vai trazer commodities: cevada, figos, romãs. E então, o que encontramos? Salas de armazenamento em todo o perímetro do antigo monte”, informa Stripling. Ele conta que encontrou matéria orgânica nas salas de armazenamento e enviou alguns dos fragmentos de cerâmica dos recipientes de armazenamento para análise residual, e ainda estava esperando os resultados. Porém, disse ele que, “pelas sementes que encontramos ao redor, é o que você esperaria”, informando que elas batem com as sete espécies usadas. A mais importante das espécies é a romã, porque apenas a romã ia para o Santo dos Santos. “Então, estamos encontrando aquelas romãs”, disse ele, referindo-se a duas pequenas romãs de cerâmica de 3 polegadas que foram descobertas no local.

Já se pode afirmar com 100% de certeza que o local do Tabernáculo era ali mesmo? Ainda não, mas, pelas evidências e pistas encontradas, o local sugerido pela equipe do Dr. Stripling é, de longe, o mais provável de todos, com fortíssimas chances de ter sido ali mesmo o local do antigo Tabernáculo em Siló.

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