Atestado de óbito cancelado

Atestado de óbito cancelado

"E o defunto assentou-se, e começou a falar. E entregou-o a sua mãe” (Lucas 7.11). O féretro tinha acabado de sair dos portões da cidade de Naim depois de ser registrado o falecimento de um jovem, cujo corpo ia agora naquela caixa funerária rumo ao cemitério. Antigamente, nos portões de uma cidade ficavam os anciões, juízes e oficiais da cidade, ou seja, um fórum. Ali funcionava um tribunal que registrava todos os acontecimentos da sociedade: compras, vendas de propriedades, negócios, litígios, casamentos, divórcios, nascimentos, falecimentos. Tudo era registrado ali com aqueles funcionários públicos.

Os parentes e amigos da viúva levaram o acontecido ao escrivão, que de pronto registrou o falecimento do jovem da cidade, filho de uma viúva cujo nome foi anotado.

Para resolver o caso da viúva Rute, com a qual ele queria casar, Boaz foi às portas da cidade registrar e comprovar o seu casamento com ela, porque o parente mais próximo tinha desistido de receber a viúva como esposa conforme a Lei de Moisés. Então, Boaz se realizou recebendo a viúva moabita tão desejada, já que ele era um solteirão. Rute e Boaz foram avós do rei Davi (Rute 4.1-12; Deuteronômio 25.5; Mateus 12.5,6).

Foi Deus que ordenou a Moisés: “Juízes e oficiais porás, em todas as tuas portas que o Senhor, teu Deus, te der entre as tuas tribos, para que julguem o povo com juízo de justiça” (Deuteronômio 16.18).

Quando Ló passou a viver em Sodoma, os moradores da cidade o elegeram para essa função, e ele tomou posição na porta como um dos juízes da cidade, como “ficha limpa” que era. E os ímpios sodomitas, inconformados com ele, reclamaram que ele sendo estrangeiro queria ser juiz (Gênesis 19.9).

Havia entre as esposas dos juízes uma disputa para ver quem apresentava seu marido de forma mais elegante, mais bem vestido, a ponto de ser notado quando assentado à porta da cidade. Essas mulheres zelam pela aparência e boa apresentação dos seus maridos, a ponto de quando eles estão saindo de casa, elas examinarem se suas roupas estão combinando e se puseram seu perfume. A esposa tem prazer de que todos saibam que ela cuida bem do seu esposo (Provérbios 31.23).

Jesus, Seus discípulos e uma grande multidão iam chegando à cidade quando os que acompanhavam a pobre viúva os encontraram. Uma multidão estava alegre com a vida, que é Jesus, enquanto na outra multidão havia profunda tristeza – não somente pela morte do jovem filho único, mas também pela solidão e pela esperança perdida daquela pobre mulher.

Mas como Jesus viu a profunda tristeza da mulher; não podia passar de largo nem deixar de socorrê-la.

Todos os que são alcançados pelos olhos de Jesus recebem Seu benefício, Suas palavras de consolo acompanhadas de Sua providência, de Sua ação milagrosa (Mateus 9.35-38). Os olhos de Jesus estão cheios de compaixão por todos os que sofrem. Ele disse: “Bem-aventurado os que choram porque eles serão consolados” (Mateus 5.4).

Também nós, como Jesus, devemos ser movidos de íntima compaixão em nosso ministério, na ajuda ao nosso próximo; não como obrigação, mas com um entranhável amor voluntário (1 Pedro 4.8).

Quando o féretro ia passando, o Senhor tocou no esquife. Sendo que ninguém, pela Lei, podia tocar em nada em que estivesse um morto (Levíticos 11.24). Porém, o coração do Senhor Jesus estava cheio de compaixão, e Paulo ensina que quem ama os outros cumpriu a Lei (Romanos 13.8).

Quando usamos de compaixão em nossas ações de caridade movidos pelo amor, receberemos de Deus Sua aprovação e consideração. Sejamos como o bom samaritano, que viu o ferido à beira do caminho, foi movido de íntima compaixão por ele e o ajudou, providenciando toda ajuda para o pobre ferido, não levando em conta que era um judeu, mas vendo-o apenas como um necessitado (Lucas 6.35; 10.25-37).

Todos podiam tocar e parar o cortejo, mas somente o toque de Jesus vem para transformar tudo: tanto quem Ele toca quanto os que tocam nEle pela fé. Uma mulher hemorrágica certa vez disse consigo: “Se tão somente eu tocar nas vestes de Jesus, serei curada”. E conseguiu tocar. Jesus, então, sentiu que havia saído dele virtude e perguntou: “Quem me tocou?”. Seus olhos procuravam ao seu redor, até que a mulher, temendo e tremendo, confessou. Com compaixão e amor, Jesus disse-lhe: “Filha, os teus pecados te são perdoados; sê curado deste teu mal” (Marcos 5.28; Lucas 8.46).

Nosso Senhor veio para dar vida e Ele é a própria vida (João 14.6). Quando Jesus tocou no esquife, todos pararam. Ao toque de Jesus, tudo para. Todos param para ser transformados, abençoados, libertados. Seja qual for o teu problema, pela fé toque em Jesus. A porta da Sua graça está aberta; Ele disse que tudo é possível ao que crer (Marcos 9.23).

Jesus se aproxima do defunto e lhe diz: “Jovem, a ti te digo: Levanta-te!”. O defunto ouviu a voz do Senhor e levantou-se! Interessante que Jesus não falou à morte, Ele falou ao defunto e o defunto se levantou. Ele se aproximou de uma menina que tinha morrido há menos de uma hora e disse: “Menina, levanta-te!”. E a menina, que estava morta, ressuscitou!

Lázaro estava morto havia quatro dias, então Jesus chega diante do túmulo, manda tirar a pedra da boca do túmulo e grita: “Lázaro! Vem para fora!”. E o defunto saiu e Jesus mandou desamarrá-lo. Quando Jesus dá a Sua palavra de ordem, ninguém e nada neste mundo podem resistir ao poder de Sua palavra.

Paulo cantou essa vitória de Jesus sobre a morte: “Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?  Ora o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Mas, graças a Deus, que nos dá a vitória, por nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Coríntios 15.55-58).

Ao soar as palavras do Senhor aos ouvidos do defunto, ele se levantou e começou a falar.

Isso aconteceu do lado de fora dos portões da cidade, porque se o encontro fosse antes dos portões, haveria menos impacto; mas, depois do portão da cidade, já estava registrado o óbito oficialmente. Imagine então o tumulto que se formou entre os que entravam e os que saiam da cidade.

Diz o texto Sagrado que Jesus entregou o jovem ressuscitado à sua mãe. Imagine o êxtase daquela mãe vendo reviver sua alegria, sua esperança e sua satisfação – o seu filho. Com a grande alegria de tê-lo de volta, aquela mãe volta à porta da cidade trazendo a notícia ao escrivão: “Por favor, anule aquele atestado de óbito. Este meu filho estava morto e reviveu. Jesus o ressuscitou!”. Ao que respondeu atônito o funcionário do fórum: “Mas... Está atestado que ele passou aqui pela porta morto”. Responde, então, o filho da viúva: “Mas eu não estou mais morto, estou falando aqui com o senhor”. Fora e dentro da cidade, com a porta em pavoroso tumulto, a multidão exclamava com satisfação: “Um profeta se levantou entre nós e Deus visitou o Seu povo!”.

Jesus ainda está vivo para realizar maravilhas naqueles em quem Ele põe seus olhos de compaixão e misericórdia. Descubra-se em seu coração, suas tristezas, seu arrependimento aos olhos de Jesus. Como fez Davi. (Salmos 51.3,4).

Por, José Edson.

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