Achado vincula Getsêmani ao período de Jesus

Jardim da agonia de Cristo tem conexão com rituais de purificação local

O chefe da Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA), Amit Re’em informou durante entrevista ao jornal Times of Israel a descoberta de um local onde os judeus costumavam realizar abluções durante os rituais de purificação na religião judaica. O achado contou com a participação de estudiosos do Studium Biblicum Franciscanum (entidade de pesquisa franciscana próxima à moderna Igreja de Getsêmani) e localiza-se nas proximidades do célebre jardim onde Jesus Cristo esteve com seus discípulos antes de sua morte, perto do Monte das Oliveiras, em Jerusalém. A informação foi divulgada no dia 21 de dezembro [2020].

De acordo com os arqueólogos, a piscina ritualista era utilizada pelos judeus em seus rituais de imersão. Eles disseram que essa descoberta não é incomum em território israelense, mas é a primeira evidência arqueológica que faz conexão do Getsêmani ao período em que Jesus viveu. Os autores dos Evangelhos dão conta de que o Filho de Deus passou a sua noite de angústia no Getsêmani (significa “prensa de azeite”) antes de ser preso e, mais tarde, crucificado (Mateus 26.47-56; Marcos 14.43-50; Lucas 22.47-53; João 18.2-11). Apesar de não haver menção nas páginas da Bíblia, tudo leva a crer que existia naquela época uma prensa de azeite no local. Nos tempos de Cristo, o Getsêmani era um jardim cheio de oliveiras e o especialista explica que, provavelmente, havia uma prensa de azeite para a produção do óleo, embora nenhuma evidência tenha sido descoberta. Re’em informou que a descoberta da piscina indica a necessidade implícita de pureza ritual em um contexto agrícola. Essas piscinas são conhecidas como micvê.

“Não é pelo micvê que ficamos tão entusiasmados, mas sim pelo significado dele. Porque apesar de haver várias escavações no local desde 1919, e de haver vários achados — das eras Bizantina, Cruzada e outras — não havia nenhuma evidência do tempo de Jesus. Nada! E então, como um arqueólogo, surge a pergunta: há mesmo evidências da história do Novo Testamento, ou talvez tenha acontecido em outro lugar”, disse o chefe da IAA.

O especialista explica que segundo a lei judaica quando a pessoa está na produção de vinho ou azeite, ela precisa ser purificada. “Portanto, há uma grande probabilidade de que durante o tempo de Jesus, neste lugar houvesse uma prensa de óleo”, disse ele.

Além dos restos da piscina ritualista, os arqueólogos também encontraram os vestígios de uma igreja desconhecida, que foi erguida no epílogo do domínio bizantino, mas continuou sendo frequentada no período omíada. De acordo com a entidade arqueológica, a decoração do santuário seguiu o estilo bizantino, que inclui inscrições em grego no chão.

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