Família e chamada ministerial

Família e chamada ministerial

O exercício ministerial envolve desafios. Moisés precisou visitar seu passado, readquirir auto confiança e exercitar sua mansidão. Isaías tratou a impureza dos seus lábios e Jeremias superou a imaturidade da sua juventude. Jonas foi vencido em sua teimosia, Daniel e seus amigos foram atribulados, e Neemias aprendeu a não perder seu foco. Os discípulos de Jesus abandonaram seus empregos, Paulo se esvaziou da sua importância. Estevão foi apedrejado e muitos obreiros foram mortos ao longo dos séculos.

Independente da vocação, ser chamado para trabalhar na Obra de Deus implica em uma resolução responsável, realizada em um período maduro da vida, que envolve abnegação e dedicação, além de uma disponibilidade de vivenciar as difíceis consequências advindas do compromisso ministerial, assumido com uma liderança eclesiástica e com o próprio Deus. A Obra de Deus deve ser feita por pessoas com testemunho pessoal e familiar condizente com as verdades bíblicas que pregam, que reconhecem sua vocação, mas ampliam sua formação teológica, profissional e, em especial, seu aprimoramento moral.

Quando a chamada para a Obra de Deus começa a ser evidenciada, é natural que críticas e questionamentos sejam levantados pela família e parentela. Afinal, nos importamos com as resoluções de vida de quem amamos!

Há pais que são obreiros ativos e que já sofreram muito no exercício ministerial, enfrentando tantas calúnias e perseguições, que podem demorar a aceitar que suas filhas desejem ser missionárias em terras remotas ou que seus filhos sofram por amor ao evangelho. Mesmo porque, por mais que a mídia sempre evidencie o prestígio de super igrejas, bem como o luxo e a ganância de alguns pastores, a grande maioria dos que trabalham na Obra de Deus vivem uma vida regrada, decente e modesta, e ainda ajudam os mais pobres da sua cidade ou da sua igreja!

Quando os pais não são atuantes, ou nem mesmo evangélicos, pode ser difícil aceitar a chamada ministerial de seus filhos jovens. Sempre vão se perguntar: “Por que não vão trabalhar na área em que se formaram? Como irão se dedicar só à igreja? Como será o futuro dos netos?” Nestes casos, os filhos precisam compreender que estas preocupações são genuínas, e vão precisar ser firmes e bastante responsáveis, ponderando que Deus também chama pessoas que exercem suas profissões, de modo que concluir um curso técnico ou superior é de grande valia para o preparo e exercício ministerial.

Infelizmente, o mais triste é perceber, no âmbito de famílias evangélicas, um movimento que interpreta a chamada ministerial como um espaço de ganho de poder e de prestígio. Muitos se esquecem de que Deus chama algumas pessoas para tarefas distintas, sejam elas de maior ou menor visibilidade ou dificuldade. Muitos parentes chegam a discutir quem prega ou canta melhor, quem tem uma igreja com mais membros, ou porque o outro tem mais cargos na igreja. Davi vivenciou a intolerância dos seus irmãos (1 Samuel 17.28,29) e o próprio Jesus sofreu incompreensão dos seus pares (Marcos 6.4,5).

Há casos em que nem mesmo os cônjuges se apoiam, chegando a comparar o tempo de púlpito de cada um, disputando a atenção dos  membros e uma possível “melhor espiritualidade”. Convivem na intimidade do lar com as disputas eclesiásticas, ao invés de vivenciarem a cumplicidade necessária para uma boa conjugalidade no cumprimento de uma missão conjunta.

A Bíblia adverte sobre a relevância do casamento (1 Timóteo 5.8; 1 Coríntios 7.32-34; 1 Pedro 3.7). Quem é casado, precisa priorizar seu matrimônio, vivendo uma vida conjugal saudável para que a comunhão com Deus esteja plena. Portanto, os solteiros que desejam continuar trabalhando na Obra de Deus precisam escolher cônjuges que possam dar apoio emocional, respaldo moral e suporte espiritual. No exercício ministerial, precisamos de cônjuges amorosos, dispostos a sofrer por amor à causa do Evangelho, que não sejam ciumentos ou possessivos, que não disputam poder, e que estejam dispostos a educar filhos que tenham bom testemunho, obedientes aos pais e ao Evangelho (1 Timóteo 3.4,5). Noé é um exemplo de um obreiro que vivenciou o descrédito da sociedade em que vivia, mas ele teve a honra de ter sua família ao seu lado durante os difíceis anos do seu ministério.

Se você já está com as mãos no arado, conjugando harmoniosamente seu chamado ministerial com sua família, não olhe para trás (Lucas  9.62). Como filha de pastores e missionários, esposa e mãe de pastores, posso atestar o quanto é difícil o exercício ministerial. Sei que todos os que fazem a obra de Deus com seriedade estão sujeitos a calúnias, ingratidão, tentativas de divisão e traições, além de exaustão física e mental. Contudo, o prazer de servir e de estar na vontade a Deus, de assistir à regeneração de vidas, e de conviver com pessoas com corações contritos ao Espírito Santo, são fatores motivacionais para prosseguirmos na caminhada!

Apoie seus familiares que decidiram, com seriedade, se ocupar do ministério, orando e dando suporte emocional, financeiro e espiritual. Se você é filho (a) de um casal atuante na obra de Deus, mesmo que seja afetado pelos sofrimentos dos seus pais, saiba que há honra em sofrer por fazer a Obra de Deus com integridade. E se você tem filhos e netos, faça como Eunice e Lóide, preparando valorosos Timóteos para a obra de Deus!

Para o exercício ministerial, empenhe-se na busca da maturidade necessária, da graça inefável e da intimidade com o Espírito de Deus. Não permita que ganância, invejas, críticas, disputas políticas ou seu próprio orgulho, afastem você da essência da sua chamada ministerial. Faça o seu melhor para Deus, viva o melhor de Deus e receba as maravilhosas e eternas recompensas da parte dEle!

Por, Elaine Cruz.

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