O culto ao sol não tem, no entanto, origem no Egito, mas encontra raízes nas tradições babilônicas iniciadas em Babel. Ganhou espaço geográfico com a dispersão das nações após a confusão das línguas e encontrou terreno fértil no nordeste africano, tão banhado por sua luz. Mas, mesmo em Israel, os profetas denunciaram aqueles que, do interior do Templo Sagrado, dirigiam seus rostos para o Oriente e adoravam Tamuz, também representante do culto solar. Seus seguidores não se intimidaram com as advertências dos profetas do Senhor, mas prosseguiram e prosseguem espalhando práticas que permeiam as práticas cristãs e outras, buscando uma convivência que se quer pacifica, mas que nada mais é do que profana. Assim, seja na tonsura dos sacerdotes romanos, corte de cabelo que presta honra ao disco solar, seja no erguimento do ostensório para saudar a rótula do amanhecer, seja na presença do antigo obelisco da cidade de Heliópolis no centro da praça principal do Vaticano, o serviço a Rá-Horus é reafirmado constante e cotidianamente em gestos simples, cuidadosamente infiltrados nas festas e costumes ditos cristãos.
Uma justa observação, que pode alertar os sedentos pela verdade, é a presença da serpente sobre a fronte de Rá. O animal encima das cabeças dos faraós, conforme vemos nos registros arqueológicos fartamente encontrados nas terras de Mizraim. Os poderosos governantes desses descendentes de Ham, filho de Noah, trazem junto à coroa bipartida do duplo Egito a enganadora serpente do deserto. À presença de um espírito perverso que faz errar o caminho desse povo está registrada no livro do profeta Isaías: “Loucos se tornaram os príncipes de Zoa, e enganados estão os príncipes de Nofe; eles farão errar o Egito, eles que são a pedra de esquina das suas tribos. O Senhor derramou no meio deles um perverso espírito; eles farão errar o Egito com toda a sua obra...” (Isaías 19.13,14).
Até que se erga um altar ao Deus vivo no meio da terra do Egito, até que o Senhor seja conhecido dos egípcios e que eles O adorem, até que se convertam e O movam em direção às suas orações, até que haja uma estrada do Egito à Assíria e paz com Israel, “uma bênção no meio da terra”, até esse dia os passos do Egito o levarão ao erro, debaixo da condução de seus próprios príncipes. Até a chegada de tão grande salvação, os movimentos políticos atuais no Egito, resultados da renúncia de Hosni Mubarak, com a consequente transferência do poder para os militares, são motivo de alegria para as lideranças árabes, que vêem ocasião para a subida de uma liderança muçulmana pró-palestina, com a transferência do poder para o grupo oposicionista islâmico Irmandade Muçulmana, ligada ideologicamente ao Hamas, cujo líder, Ismail Hanye, ligou para dar as felicitações cabíveis no momento aos egípcios e desejar sorte nas próximas eleições. Na ocasião, pediu à “nova liderança egípcia” a suspensão do bloqueio econômico a Gaza, com a abertura do posto de fronteira de Rafah, fechado desde 25 de janeiro (2011), data inicial dos tumultos do Egito.
O período de turbulência despontado nesse janeiro último inicia para o país uma trajetória incerta, pela falta de um cronograma que o leve à condição de um estado democrático, o que aumenta o rico de que um percurso cheio de violência finde por levar a nação ao radicalismo islâmico. Já os Estados Unidos temem os reflexos do Cairo nas terras da Jordânia, único país da região considerado "em paz" com Israel, e onde o mesmo cenário de estagnação econômica provoca insatisfação crescente na população jovem. De fato, a convulsão no Egito tem a força para provocar um rastro de revoluções nos países de direção autocrática que vivem à sombra do apoio prestado pelos EUA, como a Tunísia, a Jordânia, o Iêmen, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes. É interesse de Obama incentivar a manutenção de governos que atendam aos desejos do eleitorado local sem, contudo, comprometer o acesso aos 20% das reservas de petróleo do mundo. Debaixo do mesmo interesse, cinco presidentes norte-americanos passaram durante o governo Mubarak, este sucessor da linha de trabalho de Nasser e Sadat. Os presidentes preferiram não confrontar a ditadura local, para que fosse mantida uma falsa paz com Israel e condições minimamente tranquilas no explosivo Oriente, que não prejudicassem as transações comerciais, mormente no que se refere ao trânsito de ouro negro.
Oficialmente, o primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, não se pronunciou, mas a preocupação é clara para todos — incerteza a curto e longo prazos, é o que a renúncia de Hosni Mubarak provoca nas terras ensolaradas que um dia o Senhor Jesus percorreu. Sendo Ele o Sol da Justiça, possa dissipar as sombras do tempo presente e cedo inaugurar aqueles dias em que a força de Uraeus será aniquilada pela revelação da Verdade salvadora.
Por, Sara Alice Cavalcante.
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