Como seres pensantes, racionais que somos, temos nossas próprias vontades. Usando nossos cinco sentidos da vida, produzimos nossas vontades (Vontade de comer uma fruta, por exemplo). E, por mais que saibamos que a vontade de Deus é boa, agradável e perfeita, insistimos em fazer a nossa própria vontade. Talvez seja por parecer que nossas vontades são mais confiáveis, tangíveis e palpáveis.
O exemplo da fruta não foi por acaso. Lembremos que a primeira vontade contrária à vontade de Deus, do casal edênico, foi exatamente em comer uma fruta. Nesse caso, não era da vontade de Deus que eles comessem aquela fruta. E assim que comeram, morreram.
Há vontades que temos que são boas e agradáveis também. Há àquelas que, mesmo sendo boas e agradáveis a nossos olhos, e aos demais sentidos da vida, não são da vontade de Deus, e, não sendo da vontade de nosso Pai celestial, certamente, também, não será boa para nós. Vejamos este texto bíblico: “E, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, e comeu, e deu também ao seu marido, e ele comeu com ela” (Gênesis 3.6). Parecia que tudo daria certo, pois, na concepção de Eva, após a apologia feita pela serpente, que, se Deus não queria que eles comessem, era simplesmente “porque Deus sabe que, no dia em que comerem, se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal” (Gênesis 3.5). Porém, não deu certo não. As consequências não tardaram a chegar. O casal passou a experimentar a morte espiritual e a falta de comunhão com o Criador. Foram expulsos do jardim e uma vida dura, de suor e lágrimas, começou. Como se isso não bastasse, as consequências, compulsoriamente passaram a todos da raça humana. Tudo porque, fizeram a sua vontade e não a do Senhor Deus.
Jesus, o segundo Adão, cedeu a Sua vontade para dar lugar à vontade do Pai. Lá no Getsêmani, apartando dos Seus discípulos, disse em oração ao Pai: “... Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia, não se faça a minha vontade, mas a tua” (Lucas 22.42). O Filho de Deus, o Verbo encarnado, já havia dito: “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (João 4.34). Disse ainda: “Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma; como ouço, assim julgo, e o meu juízo é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai, que me enviou” (João 5.30). Quando anunciaram que sua mãe e seus irmãos estavam fora e queriam vê-lo, disse Jesus: “Porque qualquer que fizer a vontade de meu Pai, que está nos céus, este é meu irmão, e irmã, e mãe” (Mateus 12.50).
Quando chegou o momento da cruz - não da cruz de madeira propriamente dita, mas a cruz dos pecados, da maldição, do juízo do Pai sobre a humanidade, e o Filho sabia que tudo aquilo recairia sobre Ele -, Ele disse: “A minha alma está profundamente triste até a morte...” (Marcos 14.34). Então, Jesus teve uma vontade própria Sua. Quem sabe, provindo daquela tristeza profunda, disse: “Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice...” (Marcos 14.36). A vontade do Filho era que aquele sofrimento se afastasse, sem que fosse preciso passar, mas naquele momento, mais uma vez, nosso Salvador, demonstrou que queria fazer a vontade do Pai, não apenas nos bons momentos, mas muito mais agora, em momentos de grande aflição, tristeza e dor, e diz: “... não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres”. Passando pelo caminho da dor, do sofrimento e da maldição por nossos pecados, Jesus foi ao patíbulo da cruz e morreu como pagamento do juízo de Deus, que recairia sobre toda a humanidade. Na hora que ele brada “Está consumado”, estava dizendo, que aquela dívida, que a humanidade devia, a partir do momento que Adão fez a sua vontade, comendo do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, agora estava cancelada, porque Ele, Jesus, o Messias, o segundo Adão, não fez a Sua vontade, mas a vontade do Pai.
Muitas vezes, para fazermos a vontade de Deus, passamos por caminhos dolorosos. Nossas vontades precisarão ser suprimidas.
Quem sabe, falaremos: “Mas Senhor, queria tanto, gosto tanto, amo tanto, desejo tanto isso ou aquilo”. E o Senhor vai nos dizer: “Mas eu não gosto, eu não amo, eu não desejo isto para você. Isso não te fará bem. Isso te levará a ruína”. Outra vez vamos dizer: “Senhor, será mesmo que preciso passar por esse caminho tão estreito, por essa prova tão grande, por este vale tão doloroso?” Então o Senhor vai nos dizer: “Sim, é preciso! Além desse vale doloroso está a tua coroa. Mais adiante você vai me agradecer por ter passado por esse lugar. Foi exatamente nesse vale que você aprendeu a confiar mais em mim. Foi exatamente nesse caminho espinhoso que você contemplou a minha glória”.
Concluo dizendo que por mais que fazer a vontade de Deus pareça ser difícil, até impossível, ela não deixará de ser a boa, agradável e perfeita vontade. Ela é ascendente: boa, agradável e perfeita. A vontade de Deus é como a luz da aurora, pois vai cada dia mais clareando, brilhando, até dar seu brilho com toda intensidade. Ao passo que nossa vontade começa aparentemente boa, porém, seu final poderá ser desespero, tristeza, amargura e morte.
Vamos nos esforçar e pedir ao Santo Espírito que nos ajude à fazermos sempre a vontade de nosso Pai que está nos céus. “Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu” (Mateus 6. 10).
Por, Daniel Nunes.
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