Existem várias correntes de interpretação sobre quem é a Babilônia Apocalíptica. A primeira diz que ela é a cidade de Jerusalém. Impossível, pois o futuro escatológico para a Babilônia e para Jerusalém são muito diferentes. Sobre a Babilônia Apocalíptica é profetizado uma destruição eterna. Ela será incendiada e a fumaça do seu incêndio “... sobe para todo o sempre” (Apocalipse 19.2,3), enquanto a cidade de Jerusalém viverá um futuro de glória. Uma segunda corrente diz que a Babilônia Apocalíptica é a cidade de Roma ou o Império Romano reconstituído. Impossível, se considerarmos que Roma ou o Império Romano é a besta, e no Apocalipse nós encontramos a descrição de uma relação entre a besta e a Babilônia Apocalíptica. Primeiro é dito que a besta é uma vítima da Babilônia Apocalíptica, pois é dito que a Babilônia está assentada sobre a besta (Apocalipse 17.3,9). Logo, ela não pode ser a besta, ela não pode ser o Império Romano. Para confirmar essa separação, o Apocalipse anuncia que esses dois agentes do mal entrarão em conflito. A besta destruirá a Babilônia Apocalíptica, pois está escrito que os dez chifres da besta perseguirão a prostituta e a destruirão deixando-a desolada, nua e queimada (Apocalipse 17.16), no conflito que eu chamo de “A guerra do mal contra o mal”. Diante dessas profecias, temos que desprezar a interpretação que diz ser a Babilônia Apocalíptica a cidade de Roma ou o Império Romano reconstituído.
Nenhuma instituição se enquadra nas profecias sobre a Babilônia Apocalíptica como a Igreja Católica Apostólica Romana. Ela foi formada por uma linha de bispos que adotaram as práticas pagãs na perseguição religiosa durante o reinado de Domiciano.
Domiciano culpava os cristãos pelas derrotas frente aos bárbaros. Os romanos acreditavam que os deuses determinavam as vitórias e as derrotas, e Domiciano chegou à conclusão de que os deuses estavam ordenando ou predeterminando as derrotas por culpa dos cristãos, pois estes afirmavam que os deuses romanos não existiam.
Com Domiciano, os pastores poderiam escapar da morte, mas para isso deveriam prestar culto em templos pagãos, onde havia possessão demoníaca. Nesse período, surgiram os primeiros ministros apóstatas, que foram chamados de “lapsos”, termo latino que se traduz por “caídos”. Os pastores que se renderam à ordem do Império Romano e adoraram aos deuses pagãos eram pastores que não sabiam para onde iriam se encontrassem a morte. Diante da dúvida, preferiam participar do paganismo na esperança que tivessem tempo de alcançar a salvação quando acabasse a perseguição. Muitos desses pastores foram depois readmitidos à igreja por se dizerem arrependidos. Agora pense nas igrejas que, após a perseguição, tinham como pastor alguém que havia trabalhado no templo de Mitra e Júpiter, participando de rituais onde era comum a possessão demoníaca. Essa igreja que estava em Roma e se rendeu ao paganismo logo adotará um incenso muito semelhante ao de Mitra e Júpiter nos seus cultos, como a igreja Católica faz até hoje, com os padres carregando o incensário. Em 253 d.C. a Igreja Católica adotou o batismo infantil.
Na Idade Média, a Igreja Católica adotou a doutrina pagã que afirma haver salvação após a morte, a qual eles denominaram “purgatório”. Em 410 d.C., adotaram a doutrina da “Guerra Santa” ou “Guerra Justa”, elaborada por Agostinho de Hipona, onde defendia que a Igreja Católica podia matar para implantar o Reino de Deus. Agostinho fazia parte dos bispos que usavam o incenso pagão de Mitra. Essa doutrina será utilizada pela Igreja Católica em todas as perseguições aos pagãos através de Carlos Magno, quando o papa ordenou que todos os bárbaros que não aceitassem o batismo católico deveriam ser mortos. Foi utilizada também em todas as cruzadas quando os católicos mataram muçulmanos, católicos orientais, judeus e até evangélicos que habitavam em Jerusalém.
O historiador judeu Léon Poliakov (1910-1997), em sua obra “De Maomé aos Marranos” (pág. 26), descreve os cristãos que viviam em Jerusalém durante o governo islâmico. Alguns grupos citados foram os nestorianos, monofisitas, jacobitas, arianos e docetas, e ele e afirma que muitos outros não foram sequer documentados. Eram cristãos que fugiam da perseguição católica e acabaram sendo mortos em Jerusalém durante as cruzadas, tudo com o “carimbo” do argumento de Agostinho de Hipona. Em 431 d.C. foi realizado um concílio na cidade onde Semíramis (a fundadora da religião da Babilônia) era adorada como Diana dos Efésios. Neste concílio, a igreja Católica adotou para Maria os títulos de Semíramis, que eram “Mãe de Deus”, “Nossa Senhora” e “Rainha dos Céus”, todos aplicados agora a Maria. No período da Reforma Protestante, encontramos alguns cristãos que eram chamados de anabatistas ou batistas. Apesar de alguns negarem, hoje está provado que, antes de Lutero, havia grupos cristãos que não aceitavam o batismo infantil e eram perseguidos pela Igreja Católica. Cerca de 300 anos antes da Reforma Protestante, o papa Alexandre III (1159-1181 d.C.) organizou a primeira inquisição para perseguir alguns cristãos que não aceitavam o batismo infantil e estavam vivendo escondidos nas montanhas da França. Esses cristãos anabatistas são os precursores de muitos grupos nos dias atuais, um dos quais a Assembleia de Deus.
Não podemos aceitar o chamado da Babilônia Apocalíptica como se em algum momento fizéssemos parte dela. Não é possível nomear como Igreja Cristã uma instituição pagã.
Por, Levi Marin.
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