Jesus, a Índia e a incredulidade

Jesus, a Índia e a incredulidade

Há algum tempo, a colunista Mônica Buonfiglo publicou no espaço virtual esotérico de um grande site um texto de pretensas cores devocionais. Do pseudo pietismo daquelas linhas brotava o que de mais estranho se podia dizer sobre o Filho do Homem.  Afirmava a inspirada escritora haver experimentado uma gratificante mutação no modo como enxergava a pessoa de Jesus. Orientada pela obra de Holger Kersten, intitulada “Jesus viveu na Índia”, Buonfiglio passou a considerar como verdadeira a hipótese de que Cristo não morreu quando da crucificação. Outrossim, o Salvador teria se recuperado do extenuante sacrifício (segundo ela, não foi um sacrifício de morte, mas apenas de cansaço) e partido em segredo para a Índia. Na terra  dos milhões de deuses, Jesus, fazendo-se acompanhar de sua mãe, uma irmã e Maria Madalena, teria pregado e ensinado até descer à sepultura em boa velhice, com cerca de 80 anos de idade. Na terra da idolatria, o Verbo não seria mais do que mero  guru.

Como pode ser isso, de homens prestarem-se a tal inventividade? Ou pior: Como pode dar-se o caso de alguém declarar-se alcançado e iluminado por um enredo que de tão grotesco chega a ser cômico? O mais curioso é que, em todos esses casos, os portadores de tais verdades querem-se não somente espirituais, mas científicos!

O tal episódio guarda em si muito mais dilemas e questões que sua flagrante aberração nos permita ver. Analisemos a declaração da tal cronista que se disse feliz em saber que a trajetória de Cristo não findava com a crucificação. Pobre senhora! Despreza a verdade suprema de que a cruz não era o fim de tudo, mas o começo da própria vida. Tudo porque não consegue crer que alguém tão amoroso como Jesus teria abreviada Sua vida pela morte vicária e voluntária. É loucura para o mundo! Há qualquer coisa de gnóstico na felicidade da colunista: não dá para aceitar que Deus Filho encerrasse Sua vida por amor de uma humanidade tão adoentada.

Na impossibilidade de aceitar essa verdade, o homem tratou de forjar para si uma explicação mais verossímil, algo normal. Nada de cruz ou ressurreição. Quando muito, um castigo injusto sem maiores consequências. Para entender os perigos que isso  oferece, é preciso entender as deficiências demonstradas em tal situação. Todo esforço que a colunista faz para apresentar  sua nova diretriz espiritual não é isolado; na verdade, é reflexo e repetição de uma escola mais antiga: a dos interessados na desconstrução dos personagens (ou mitos, como preferem chamar) espirituais, principalmente se eles são bíblicos e inspirados. Pode assombrar um pouco, mas Holger Kersten, embora citado em texto de vocação mística, é teólogo liberal e historiador alemão. Kersten rejeita a história de Jesus para conceber uma outra que julga mais cabal: a estória de um Jesus apenas eloquente e pensador, e não a verdade de um Cristo que nos é suficiente Salvador. Tal como ele, tantos outros têm se dedicado em tentar construir um Cristo histórico diferente do Cristo da Bíblia, que chamam de “mito bíblico”.

Mas que dizer do túmulo encontrado na Índia onde consta ainda visível uma parte da sua inscrição, que diz: “Ele é Yuz, profeta dos filhos de Israel”? Estão a vendê-lo como túmulo de Cristo. Ora, nos primeiros séculos do Cristianismo não era incomum túmulos cristãos em vários países fazendo referência a Jesus. Se nem mesmo a morte pôde detê-lo, as fronteiras nacionais não seriam obstáculo para enclausurar o Evangelho em um espaço geopolítico. Benjamin Scott, encontrou diversas referências ao Cristo Rei, ao Senhor e sacerdote ou ainda ao Profeta chamado Jesus (os três ofícios do Messias).

Quem cegamente crê que não é possível que Jesus seja Deus e tenha morrido pelos homens para os salvar, ainda que se depare com a mais incisiva prova disso, continuará a crer que Jesus não é apenas histórico, é apenas uma história. A tal “procura pelo Jesus histórico” não é a busca pela verdade histórica, é a negação da história por se negar de antemão o espiritual. A  única solução para tais homens filosoficamente retrancados é o Espírito Santo.

É controversa a atitude daqueles que vibram cada vez que que a ciência comprova algum fato bíblico, pois não é a Bíblia que acertou, são os cientistas que desta vez não erraram. Aliás, é desnecessária a busca por informações extras que complementem a Bíblia. Uma coisa é buscarmos o entendimento dos contextos bíblicos através do conhecimento da cultura, da língua ou mesmo da geografia dos tempos bíblicos; outra é procurar dados que completem lacunas que a Bíblia nunca se propôs a preencher. À Bíblia, apesar de não conter erros científicos, históricos ou de qualquer outra natureza, não se propõe a ser um livro que trate desses assuntos. Um bom resumo da realidade histórica de Cristo seria: Ele nasceu em Belém; Ele cresceu em conhecimento, estatura e graça diante de Deus e dos homens; e, finalmente, Ele morreu em uma cruz para que tivéssemos vida, e a tivéssemos em abundância. Um bom resumo de nossa realidade histórica seria: Ou cremos que ele é o Cristo, Filho do Deus vivo, ou nossa história jamais alcançará um lugar feliz!

Por, Gunar Berg.

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