Evitando a evasão dos novos convertidos

Entende-se por evasão um ato de fuga, desviar-se ou sumir furtivamente. A evasão dos novos convertidos tem gerado consternação para muitos pastores e igrejas, pois envolve investimento, tempo e dedicação. Assim sendo, nós abordaremos neste texto como amenizar essa perda. Para tanto, propõe-se algumas ações que, ao serem executadas, se adiantarão ao momento de instabilidade que todo novo convertido passa e que ocasiona a “evasão” (Hebreus 10.25).

A primeira ação deve ser o contato imediato após a manifestação da pessoa em receber a Jesus Cristo como Senhor e Salvador de sua vida. O novo convertido deve ser encaminhado para a Escola Dominical e matriculado em uma classe de discipulado. Se o aluno não puder frequentar as aulas na manhã de domingo, que venha a receber o ensino no lar ou em um dia acessível no templo. Porém, o ensino no lar deve ser a exceção e não a regra, pois poderá dificultar a integração deste junto à congregação. A Escola Dominical contribui para produzir maturidade e autonomia na vida cristã. Os novos convertidos assíduos à Escola Dominical oferecem mais resistência espiritual. Certa feita, perguntaram a um pastor sobre o que fazer para deter a onda dos que deixam a igreja, e a resposta veio com duas palavras: “Escola Dominical”.

A alegria é compartilhada com todas as pessoas envolvidas nesse processo de discipulado, principalmente quando o novo convertido desce às águas batismais, ao declarar publicamente que sua vida pertence a Cristo. No entanto, é preciso atentar para o momento pós-batismo. Geralmente dá-se muita ênfase ao batismo em detrimento da integração e do discipulado. Boa parte dos que abandonam a fé o fazem depois da “alegria do batismo”, porque lhes informam que, doravante, basta frequentar e contribuir regularmente à igreja que assim serão bons crentes. No entanto, é preciso entender que, mesmo na condição de membros da igreja, esses novos irmãos podem ser considerados recém-nascidos na fé e precisam crescer e desenvolver. O batismo em águas é um passo fundamental, porém não é tudo e a vida cristã deve continuar.

É preciso estimulá-los a buscar o batismo e os dons do Espírito Santo, pois uma pessoa cheia do Espírito Santo terá menos dificuldade com o mundo (Efésios 5.18). Segundo Arrington & Stronstad (2003, pg, 626), aos discípulos é prometido “virtude” ou “poder”; não poder político, mas poder para servir. A palavra traduzida por “virtude” ou “poder” (dynumis) significa “ser capaz” ou “ter força”. Sendo assim, esse é o melhor momento para se buscar o revestimento de poder. O Livro de Atos serve-nos como parâmetro nesse aspecto, pois foi assim em Samaria (Atos 8.12 17), com Saulo (Atos 9.1-18), com Cornélio (Atos 10.34-48) e em Éfeso (Atos 19.1-7).

Outra ação indispensável é a integração, termo que significa juntar, incorporar, tornar parte. Quando falamos em integrar o novo convertido, referimo-nos a fazê-lo parte do corpo visível do Senhor, pois quanto ao Corpo espiritual de Cristo cabe ao Espírito Santo fazê-lo. Sendo assim, é essencial que após o batismo em águas, o novo converso seja inserido no serviço cristão. A intenção é que se sinta parte da igreja e desenvolva os talentos que Deus lhe tem dado e ainda lhe dará. As primeiras atividades devem ser prioritariamente a evangelização, a integração e o discipulado. Por essa razão, afirmamos que o trabalho de discipulado envolve o crente mais intensamente na obra de Deus, tornando-o mais dinâmico.

Embora o novo crente esteja sendo integrado, corre-se o risco de pecarmos na formação de sua fé cristã. Se nós tentamos evitar a evasão destes, não podemos errar no começo. Dessa forma, se faz necessário instruí-los a respeito da Grande Comissão (Mateus 28.19, 20; Marcos 16.15-20). Não obstante a Grande Comissão tenha sido o clímax do treinamento de Cristo aos Seus discípulos, hoje parte significativa dos crentes não a conhece porque pouco se fala nesse assunto tão fundamental para o avanço do Reino de Deus. Aos novos convertidos que demonstrarem apreço pelo estudo da Teologia, recomenda-se que seja após a sua instrução da Grande Comissão. O novo convertido precisa inicialmente aprender a ser e a fazer discípulos (Mateus 28.19, 20; Lucas 14.33). Deixemos as questões teológicas e ministeriais para o momento oportuno.

Por último e não menos importante, deve-se criar condições para que se façam amizades na igreja e criem vínculos, especialmente com o pastor da igreja (João 15.13-15). Eles precisam ter a convicção de que agora fazem parte da família de Deus (Efésios 2.19). “O homem que tem muitos amigos pode congratular-se” (Provérbios 18.24; 17.17). Igreja é lugar de fazer amizades! Quando a igreja cuida de seus novos convertidos, ela vivencia algumas bênçãos espirituais, a começar por uma Escola Dominical mais dinâmica e concorrida, pois a classe de discipulado é mais aberta para novos integrantes. Outra bênção são os relacionamentos fortalecidos, pois a igreja que se preocupa com novos convertidos demonstra que pessoas são mais importantes que programações. Os eventos passam e caem em desuso, porém as pessoas ficam.

A igreja que conseguir produzir vida devocional em seus novos convertidos, ou seja, conduzi-los a uma vida de oração, leitura diária da Palavra de Deus, o hábito congregacional e o prazer de compartilhar o Evangelho, terá a sua disposição uma geração de crentes comprometidos não só com sua fé pessoal em Cristo, mas também com a Grande Comissão, como foi o caso  de André, irmão de Pedro (João 1.40-42).

O pastor que investir no cuidado diário dos novos convertidos conseguirá romper com a ociosidade do Corpo de Cristo ao proporcionar dinamismo. Todo pastor precisa de uma igreja dinâmica e eficaz, e o melhor caminho para essa almejada realidade é o engajamento de todos em prol dos novos integrantes da igreja. E como consequência de todo esse esforço, virá a “bênção da unidade”. Mas se uma igreja trata seus novos convertidos com apatia, este sentimento causará a separação e a diminuição do corpo.

O apóstolo Paulo usa o termo “dissensões” (1 Coríntios 3.1-3), do gr. “dichostasia”, que significa “divisão”, “discórdia”. Do mesmo termo “dichostasia” deriva-se o termo “schisma”, que se traduz por “cisma”, que significa “rachadura ou que divide em partes”. Porém, quando a igreja está unida, o corpo cresce, pois, ao invés de diminuir, ela passa a somar. A palavra “corpo” vem do vocábulo grego “soma”, que é o resultado da “somatória” das partes unidas: “...E assim, cada parte funciona bem, e o corpo todo cresce e se desenvolve por meio do amor” (Efésios 4.16 – NTLH). Ao Senhor Deus seja a glória!

Por, Josiel de Lima Torres.

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