Cura e consolo em meio à aflição

Cura e consolo em meio à aflição

Com falecimento do marido e à beira da morte, Deus a levantou após clamor da igreja

Professora secular e de Escola Dominical, Elizabeth Santos, membro da Assembleia de Deus em Doutor Augusto Vasconcelos (ADAV), em Campo Grande, Rio de Janeiro (RJ), enfrentou em 2021  uma intensa batalha.

Era o mês de janeiro quando os primeiros sintomas do novo coronavírus foram sentidos por ela, o esposo Robson e a filha Elisa, de 11 anos. “No dia 19, estávamos em casa quando comecei a me sentir mal. Aí chamei meu esposo para irmos às pressas ao hospital. Nós fomos ao Hospital Nossa Senhora do Carmo, em Campo Grande. A doutora que me atendeu disse que eu precisava ficar internada, pois minha oxigenação estava muito baixa e eu precisava de oxigênio”, lembra Elizabeth.

A partir de 16 h, horário em que chegaram ao hospital, Robson e Elisa ficaram esperando a saída de Elizabeth, que pensou que ficaria pouco tempo ali. “Já era madrugada quando eles me chamaram para fazer uma tomografia. Meu esposo estava lá me esperando, como sempre, ao meu lado. Ele me ajudou no momento da tomografia, me animando. Dalí, fui direto para o CTI. Não sabia que essa era a última vez que veria o rosto de meu esposo presencialmente. Ali eu falei para ele: ‘Amor, não fique sozinho, avise às pessoas’. Chamei a minha filha e disse: ‘Vai dar tudo certo!’”.

No CTI, Tia Beth, como é carinhosamente chamada, vendo pessoas sendo intubadas a todo instante, receava de que acontecesse o mesmo com ela. Um misto de emoções a invadiu, uma vez que tinha uma mulher no leito ao lado que estava muito preocupada coma família e com os negócios, ao ponto de ficar muito nervosa, o que aumentava a falta de ar. Por outro lado, testemunhou uma senhora de outro leito recebendo alta do CTI.  Para manter a calma, a todo instante eu dizia: ‘Não vou ficar desesperada!’. Eu disse ao Senhor: ‘É isso que aconteceu com essa senhorinha que quero para minha vida. Eu quero sair daqui. Eu quero voltar para minha família”, comenta.

Elizabeth recorda que, certo dia, o médico veio falar com ela e disse: “Dona Elizabeth, vou fazer um procedimento aqui para você ficar mais confortável, para podermos dar a medicação”. Conta ela: “Eu não tinha noção do que seria. Nesse ínterim, meu esposo me enviou um vídeo e eu comecei a chorar. Aí os médicos disseram que era melhor que eu não visse, pois eu estava ficando agitada. Minha sobrinha Érica, que é técnica em enfermagem em outro hospital do Rio, disse: ‘Tia, vai dar tudo certo!’. Depois daquele dia, não vi mais nada. Simplesmente apaguei”, conta. Sem saber que seu estado era muito grave, pois seu pulmão estava 75 % comprometido, Elizabeth teve que ser intubada. Mas a sua igreja clamava por ela. Então, enquanto estava naquela situação, Elizabeth teve um intrigante sonho. “Eu estava em uma grande tempestade, quando um homem todo de azul, com uma faixa vermelha na frente, apareceu-me. Ele me disse: ‘Oque você está fazendo aqui? Isso não diz respeito a você’. Eu disse para ele: ‘Mas eu não quero estar aqui. Eu quero voltar para minha casa, para minha família’. Ele chorava e dizia: ‘Senhor, Senhor, ela não tinha que estar aqui, Senhor. Isso não diz respeito a ela’. Aí eu vi a minha família. E ele continuou: ‘Isso diz respeito a eles’. Sem entender nada, eu disse: ‘Quero voltar!’. Depois, aquela visão sumiu”, recorda.

Após dias intubada, a paciente começou a retornar à consciência. Em 12 de fevereiro, conseguiu ficar de pé e dar os primeiros passos. Ao receber as primeiras visitas, ficou sem entender a razão de seu esposo ainda não ter aparecido. “Quando eu fui para a enfermaria, quem foi me buscar foi meu irmão Silas. Fiquei decepcionada e disse a Deus: ‘Senhor, cadê o Robson?’. Meu irmão fez de conta que não ouviu a pergunta. Passei o dia telefonando para o celular de meu esposo, mas ele não atendia, nem minha filha atendia também. Foi um dia muito solitário para mim. Desisti e disse: ‘Não vou ligar mais, mas amanhã eu quero uma explicação’”.

No dia seguinte, quando sua irmã Lea chegou, Elizabeth perguntou pelo marido, mas ela saiu sem dizer nada. Meia hora depois, voltou com o pastor Celso de Castro Costa, líder da ADAV. “Ele pegou na minha mão e disse: ‘Irmã Beth, está tudo bem. Nós estamos cuidando de tudo. Está tudo certo’. Ninguém se atreveu a me falar. A missão sobrou para meu pastor. Ali, ele me disse: ‘O Senhor recolheu o Robson’. Senti como se meu mundo tivesse caído. Eu disse: ‘Senhor, ele morreu? Como assim?’. Foi um momento de muita dor, sofrimento e choro. Muito difícil!”, recorda, emocionada. Na semana da piora dela, dada à pressão sofrida, no dia 3 de fevereiro, Robson enfartou e não resistiu. Encerrou ali a feliz união matrimonial de 12 anos. “Não pude dizer adeus. Da mesma forma que ele entrou na minha vida de repente, ele saiu. Mesmo assim, louvo ao Senhor. Sabe por quê? Porque ele está com Cristo. Está gozando as bênçãos do Senhor. Eu não vi, não sofri vendo-o partir, mas ele sofreu com a possibilidade de me ver partir. Entre as muitas lembranças que terei dele está o prazer que tinha de evangelizar. Ele era diácono, mas um evangelista nato. Para ele, era difícil não compartilhar o evangelho. Onde estivesse, era certo estar com literatura no bolso para entregar a alguém e falar de Jesus”, conta Elizabeth, que afirma estar recebendo o consolo divino.

Não foi apenas de 19 de janeiro a 5 de março, quando recebeu alta, que Beth se sentiu abraçada e cuidada por pessoas usadas por Deus. Uma das pessoas que sempre esteve ao lado dela e de Elisa é a irmã Sílvia Helena, considerada como mãe por Robson, pois o acompanhou desde quando deixou o mundo das drogas e aceitou Cristo há alguns anos. “Apareceram muitos irmãos para me ajudar, para cuidar de mim, da minha casa. A igreja resolveu o problema de minhas contas. Muitos cuidaram da minha filha, foram dormir conosco. A mesma igreja que me ajudou em oração enquanto eu estava no CTI continuou orando. A preocupação de todos foi a possibilidade de Elisa perder o pai e a mãe. O Senhor não permitiu. Ele está me carregando, cuidando de mim e dela. Ele disse que vai colocar todas as coisas no lugar. Obrigada a todos pelo carinho!”, agradece Beth.

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