A principal religião professada em Israel, claro, é o judaÃsmo. Embora fragmentada em várias divisões teóricas e práticas, certamente a primeira religião organizada de forma monoteÃsta, fundada pelo patriarca Abraão, organizada sistematicamente por Moisés, seguida pelos profetas do Antigo Testamento e sedimentada em religião monoteÃsta por eles, foi observada por Jesus com ressalvas, pois ele enfatizou o amor e a graça (“Vocês ouviram o que foi dito, mas eu lhes digo [...]”, (Mateus 5.22,28,32,34,39,44).
Embora o judaÃsmo seja a religião mais praticada em Israel, ela é professada em vários outros paÃses, com atualmente em torno 14 milhões de praticantes no mundo. Todavia, é preciso esclarecer que israelense é o que nasceu na região geográfica de Israel; israelita é o que descende geneticamente de Jacó; e judeu é o que tem ascendência judaica, geralmente mediante a comprovação da linhagem pelo sangue materno. Em Israel, existem cristãos, islâmicos e agnósticos, dentre outras religiões; bem como há também judeus praticantes do judaÃsmo que vivem em outros paÃses. A religião judaica não é missionária e a conversão ao judaÃsmo não é feita senão depois de alguns requisitos e iniciações, dependendo do ramo do judaÃsmo, como a circuncisão, o banho ritual e a aprovação por um tribunal rabino (teshuvá).
No inÃcio do atual estado de Israel, para além do judaÃsmo como religião principal, formatou-se uma religião civil, marcada por uma veneração à pátria e aos seus lÃderes, isso para dar coesão e identidade ao estado geográfico que estava surgindo. Mais tarde, a religião civil foi se transformando em uma religião polÃtica, para dar lugar à nação junto aos demais povos, cuja caracterÃstica é marcada pela sacralidade da polÃtica, passando ela a definir o significado e o fim da existência humana, subordinando a coletividade a esta entidade suprema. A religiosidade polÃtica é um fenômeno que atualmente se percebe em desenvolvimento no Brasil.
De toda a população de Israel, 75,3 % é constituÃda de judeus, 20,5 % são seguidores do Islamismo e as demais religiões somam 4,2 %da população. Os cristãos são apenas 2,1 %. Dentre os que se de finem judeus, existem muitos não religiosos, algo em torno de 25 %, enquanto 42 % se definem como seculares (dentre eles agnósticos e ateus); aproximadamente 12 % são religiosos que cumprem apenas alguns mandamentos religiosos; 12 % são religiosos que seguem a maioria das leis e celebram as datas religiosas; e 8 % dos judeus israelenses são ortodoxos.
Fato a destacar é que algumas leis do paÃs, especialmente as que versam sobre direito de famÃlia nas diferentes comunidades religiosas, estão sujeitas à s respectivas leis religiosas de suas comunidades, muitas delas diferentes entre si, isso porque os vários ramos do judaÃsmo e do islamismo diferem entre si quanto a estas leis. Os tribunais seculares respeitam as várias diferenças entre os tribunais religiosos e suas decisões. Entretanto, existe muita rigidez jurÃdica quanto ao respeito aos locais de cultos, cerimônias, ritos e tolerância entre as diferentes religiões, proibindo-se qualquer discurso de ódio, como é comum num estado de Direito.
A Torá (Pentateuco) é sagrada para os religiosos judeus. Além dela, existem 613 leis (365 negativas e 248 positivas) que, para os judeus ortodoxos, são plenamente autênticas, tendo autoridade máxima em questões de fé e conduta, incluindo as orientações para a vida religiosa e civil. O judaÃsmo não é apenas uma crença monoteÃsta, mas é também um rÃgido código de ética. Dentro do espectro do judaÃsmo, existem vários ramos, subdivisões e conceitos. Destacam-se alguns deles a seguir.
O judaÃsmo atualmente é dividido em três grupos principais: Ortodoxo, Conservador e JudaÃsmo Progressista ou Reformista. Os ortodoxos são divididos em dois outros grupos: os Modernos e os Ultra Ortodoxos (Haredi), com estes defendendo os hábitos tradicionais e posições polÃticas e religiosas radicais. Os preceitos da Lei Judaica (Halachá) são cumpridos à risca pelos Ortodoxos para preservar a tradição, não reconhecendo rabinos e sinagogas que não sejam ortodoxas. Para eles, Jesus não é e não será o Messias, ele ainda virá. Dentre seus preceitos está a prescrição das mulheres usarem peruca ou cobrirem a cabeça com um lenço, quando são asadas; e os homens usarem cachos no cabelo para sinalizar o mandamento da Torá de que não raspam a borda da cabeça e da barba. Alguns grupos religiosos extremistas se opõem à s atividades missionárias e evangelÃsticas de outras religiões, inclusive de cristãos, até mesmo com violência.
O JudaÃsmo Conversador considera Israel o destino final do povo judeu, o hebraico como a principal linguagem da expressão judaica e a alfabetização é a chave para o judaÃsmo. A Torá é definidora na reformulação do judaÃsmo sendo tão importante quanto era para seus antepassados primordiais. Eles devem estudar a Torá em harmonia com seu pensamento e não apenas de acordo com os ancestrais. As leis do judaÃsmo são centrais e imprescindÃveis para a conduta e modo de vida, entretanto não são tão radicais quanto os ortodoxos, experimentando certa liberdade nos usos e costumes.
O JudaÃsmo Progressista ou Reformista admite em seu quadro de adeptos pessoas que não acre ditam em Deus e seus costumes são adaptados à vida moderna, sem necessariamente seguir os preceitos rÃgidos da religião. Admitem o homossexualismo, reconhecem mulheres como rabinas e os textos judaicos que fundamentam a religião podem ser interpretados de várias maneiras, em diferentes momentos, por pessoas diferentes.
Dentre tantos outros ramos do JudaÃsmo, destaca-se o JudaÃsmo Messiânico, que acredita no messias Yeshua (Jesus) como o prometido por Javé para restaurar politicamente o seu povo. Este ramo do judaÃsmo não é muito aceito pelos judeus tradicionais por serem considerados cristãos e crerem em Jesus como Filho de Deus. Já para os cristãos, o messianismo é teologicamente duvidoso por valorizar em demasia o judaÃsmo e a lei mosaica em sua prática religiosa, o que foi rechaçado pelo apóstolo Paulo em sua EpÃstola aos Gálatas. Nos dias atuais, o JudaÃsmo Messiânico é cooptado por igrejas neopentecostais cuja ideologia, para dar certo no Brasil, precisa se apropriar de textos do Antigo Testamento baseados em méritos, em detrimento dos textos do Novo Testamento que revelam a obra graciosa de Cristo.
Cabe destacar a importância do judaÃsmo que abrigou Jesus e Seus primeiros discÃpulos, possibilitando um berço para o Cristianismo e, sendo muito zelosos, preservando a escrita do Antigo Testamento durante séculos. Que o zelo do judaÃsmo por Jeová nos sirva de exemplo para a observância que nós, evangélicos, temos de desenvolver para com o Evangelho de Cristo.
Por, Claiton Ivan Pommerening.
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