A atual religiosidade do povo judeu

A atual religiosidade do povo judeu

O judaísmo é uma das religiões mais antigas e monolíticas da humanidade; influenciou as bases fundantes de duas outras grandes religiões, o Cristianismo e o Islamismo; e formatou o conceito de cosmovisão cristã que domina a cultura ocidental e é um patrimônio religioso e cultural dos mais importantes na atualidade. Entretanto, a realidade religiosa em Israel atualmente é inferior à influência que o judaísmo teve e tem no mundo.

A principal religião professada em Israel, claro, é o judaísmo. Embora fragmentada em várias divisões teóricas e práticas, certamente a primeira religião organizada de forma monoteísta, fundada pelo patriarca Abraão, organizada sistematicamente por Moisés, seguida pelos profetas do Antigo Testamento e sedimentada em religião monoteísta por eles, foi observada por Jesus com ressalvas, pois ele enfatizou o amor e a graça (“Vocês ouviram o que foi dito, mas eu lhes digo [...]”, (Mateus 5.22,28,32,34,39,44).

Embora o judaísmo seja a religião mais praticada em Israel, ela é professada em vários outros países, com atualmente em torno 14 milhões de praticantes no mundo. Todavia, é preciso esclarecer que israelense é o que nasceu na região geográfica de Israel; israelita é o que descende geneticamente de Jacó; e judeu é o que tem ascendência judaica, geralmente mediante a comprovação da linhagem pelo sangue materno. Em Israel, existem cristãos, islâmicos e agnósticos, dentre outras religiões; bem como há também judeus praticantes do judaísmo que vivem em outros países. A religião judaica não é missionária e a conversão ao judaísmo não é feita senão depois de alguns requisitos e iniciações, dependendo do ramo do judaísmo, como a circuncisão, o banho ritual e a aprovação por um tribunal rabino (teshuvá).

No início do atual estado de Israel, para além do judaísmo como religião principal, formatou-se uma religião civil, marcada por uma veneração à pátria e aos seus líderes, isso para dar coesão e identidade ao estado geográfico que estava surgindo. Mais tarde, a religião civil foi se transformando em uma religião política, para dar lugar à nação junto aos demais povos, cuja característica é marcada pela sacralidade da política, passando ela a definir o significado e o fim da existência humana, subordinando a coletividade a esta entidade suprema. A religiosidade política é um fenômeno que atualmente se percebe em desenvolvimento no Brasil.

De toda a população de Israel, 75,3 % é constituída de judeus, 20,5 % são seguidores do Islamismo e as demais religiões somam 4,2 %da população. Os cristãos são apenas 2,1 %. Dentre os que se de finem judeus, existem muitos não religiosos, algo em torno de 25 %, enquanto 42 % se definem como seculares (dentre eles agnósticos e ateus); aproximadamente 12 % são religiosos que cumprem apenas alguns mandamentos religiosos; 12 % são religiosos que seguem a maioria das leis e celebram as datas religiosas; e 8 % dos judeus israelenses são ortodoxos.

Fato a destacar é que algumas leis do país, especialmente as que versam sobre direito de família nas diferentes comunidades religiosas, estão sujeitas às respectivas leis religiosas de suas comunidades, muitas delas diferentes entre si, isso porque os vários ramos do judaísmo e do islamismo diferem entre si quanto a estas leis. Os tribunais seculares respeitam as várias diferenças entre os tribunais religiosos e suas decisões. Entretanto, existe muita rigidez jurídica quanto ao respeito aos locais de cultos, cerimônias, ritos e tolerância entre as diferentes religiões, proibindo-se qualquer discurso de ódio, como é comum num estado de Direito.

A Torá (Pentateuco) é sagrada para os religiosos judeus. Além dela, existem 613 leis (365 negativas e 248 positivas) que, para os judeus ortodoxos, são plenamente autênticas, tendo autoridade máxima em questões de fé e conduta, incluindo as orientações para a vida religiosa e civil. O judaísmo não é apenas uma crença monoteísta, mas é também um rígido código de ética. Dentro do espectro do judaísmo, existem vários ramos, subdivisões e conceitos. Destacam-se alguns deles a seguir.

O judaísmo atualmente é dividido em três grupos principais: Ortodoxo, Conservador e Judaísmo Progressista ou Reformista. Os ortodoxos são divididos em dois outros grupos: os Modernos e os Ultra Ortodoxos (Haredi), com estes defendendo os hábitos tradicionais e posições políticas e religiosas radicais. Os preceitos da Lei Judaica (Halachá) são cumpridos à risca pelos Ortodoxos para preservar a tradição, não reconhecendo rabinos e sinagogas que não sejam ortodoxas. Para eles, Jesus não é e não será o Messias, ele ainda virá. Dentre seus preceitos está a prescrição das mulheres usarem peruca ou cobrirem a cabeça com um lenço, quando são asadas; e os homens usarem cachos no cabelo para sinalizar o mandamento da Torá de que não raspam a borda da cabeça e da barba. Alguns grupos religiosos extremistas se opõem às atividades missionárias e evangelísticas de outras religiões, inclusive de cristãos, até mesmo com violência.

O Judaísmo Conversador considera Israel o destino final do povo judeu, o hebraico como a principal linguagem da expressão judaica e a alfabetização é a chave para o judaísmo. A Torá é definidora na reformulação do judaísmo sendo tão importante quanto era para seus antepassados primordiais. Eles devem estudar a Torá em harmonia com seu pensamento e não apenas de acordo com os ancestrais. As leis do judaísmo são centrais e imprescindíveis para a conduta e modo de vida, entretanto não são tão radicais quanto os ortodoxos, experimentando certa liberdade nos usos e costumes.

O Judaísmo Progressista ou Reformista admite em seu quadro de adeptos pessoas que não acre ditam em Deus e seus costumes são adaptados à vida moderna, sem necessariamente seguir os preceitos rígidos da religião. Admitem o homossexualismo, reconhecem mulheres como rabinas e os textos judaicos que fundamentam a religião podem ser interpretados de várias maneiras, em diferentes momentos, por pessoas diferentes.

Dentre tantos outros ramos do Judaísmo, destaca-se o Judaísmo Messiânico, que acredita no messias Yeshua (Jesus) como o prometido por Javé para restaurar politicamente o seu povo. Este ramo do judaísmo não é muito aceito pelos judeus tradicionais por serem considerados cristãos e crerem em Jesus como Filho de Deus. Já para os cristãos, o messianismo é teologicamente duvidoso por valorizar em demasia o judaísmo e a lei mosaica em sua prática religiosa, o que foi rechaçado pelo apóstolo Paulo em sua Epístola aos Gálatas. Nos dias atuais, o Judaísmo Messiânico é cooptado por igrejas neopentecostais cuja ideologia, para dar certo no Brasil, precisa se apropriar de textos do Antigo Testamento baseados em méritos, em detrimento dos textos do Novo Testamento que revelam a obra graciosa de Cristo.

Cabe destacar a importância do judaísmo que abrigou Jesus e Seus primeiros discípulos, possibilitando um berço para o Cristianismo e, sendo muito zelosos, preservando a escrita do Antigo Testamento durante séculos. Que o zelo do judaísmo por Jeová nos sirva de exemplo para a observância que nós, evangélicos, temos de desenvolver para com o Evangelho de Cristo.

Por, Claiton Ivan Pommerening.

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