Segundo a palavra de quem mesmo?

Independente dos tempos e das estações, a dependência de Deus e de Sua vontade ainda deve ser o sustentáculo daquele que almeja ser um canal para transmissão da Palavra do Senhor. Só que, embora deva ser assim, há um grande contingente de pessoas mal intencionadas que preferem imitar os exageros que ocorrem em nossos dias, em vez de ler a Bíblia, analisá-la e pregá-la. Tais pessoas fogem da autenticidade bíblica, para cultivar jargões de outros que estão na mídia.

Com o pretexto de chamar a atenção da massa, muitos recursos humanos, que são sorrateiramente chamados de técnicas de preleção, são utilizados a fim de contagiar o povo de Deus. No entanto, há casos em que fica visível a manipulação, principalmente, vinda de mensagens sem a inspiração divina, o que pode ocasionar sérios transtornos para vida espiritual do ouvinte.

A humanização dos elementos espirituais que envolvem os cultos nos deixa cada vez mais distantes do verdadeiro sentido de uma vida espiritual na presença de Deus. A exposição da bendita Palavra do Senhor, que deve ser encarada como algo sério, é tida como um jogo sensacionalista que visa unicamente a contagiar o público em vez de produzir edificação.

 Ã‰ bem nesse contexto que surgem os pretensiosos e desprovidos da graça de Deus, propagando mensagens sem a divina inspiração do Altíssimo, causando prejuízos graves a vida dos cristãos. Como saber se o que dizem vem realmente de Deus?

“Ser ou não ser...”

Lembro-me de que há aproximadamente quatro anos, em um culto festivo, um pregador, considerado de “renome” em nossos tempos, chamou à frente casais que tentavam gerar filhos já há muitos anos e não conseguiam. Naquele culto, ele pediu para que os casais escolhessem até o nome do bebê, e disse qual seria o sexo. Estipulou o período de um ano e “profetizou” que Deus lhes daria um filho. Um dos três casais que ele chamou fora agraciado por Deus com uma filha que, a propósito, tinha sido dito pelo pregador que seria um menino, e os outros dois estão até hoje aguardando.

Temo ser extremista ao abordar esse tema, mas vejo que nossos pregadores tendem muito a querer enfeitar as coisas e, por isso, causam transtornos à vida das pessoas. Como será que fica a cabeça desses crentes que recebem tais profecias?

A melhor prova a que pode ser submetida uma profecia é o que está escrito em Deuteronômio 18.22: “Quando o profeta falar em nome do Senhor, e essa palavra não se cumprir, nem suceder assim; esta é palavra que o Senhor não falou; com soberba a falou aquele profeta; não tenhas temor dele”. Se a mesma não se cumprir, o tal profeta não falou inspirado pelo Senhor. Por isso, nos diz o apóstolo Paulo: “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem” (1 Coríntios 14.29). Para muitos cristãos, o fato de julgar a profecia pode ser considerado um ato de incredulidade. No entanto, em meio a tantas pretensões maldosas e gananciosas de sensacionalistas que existem em nosso tempo, torna-se inevitável não se utilizar da orientação bíblica de julgar a palavra profética. Fazendo assim, não estamos menosprezando ou desacreditando a mensagem, mas comprovando se o emissor está realmente na direção de Deus.

Há uma corrente de “pregadores” em nossos dias que, desprovidos de um conhecimento mais profundo acerca da Palavra de Deus, andam profetizando, o que para eles é “segundo as suas próprias palavras”. Falam isso fazendo alusão às palavras do profeta Elias quando da profecia para que não chovesse durante três anos e seis meses em Israel (1 Reis 17.1). Não entendem que, apesar do caráter de Elias, segundo nos mostra o apóstolo Tiago, em sua Epístola, as palavras do profeta não tinham embasamentos meramente humanos. Diz o texto: “Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu que não chovesse e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra. E orou outra vez e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto” (Tiago 5.17,18). Elias profetizou, porque estava direcionado por Deus. Havia uma conexão muito forte entre ele e o Senhor: “Vive o Senhor Deus de Israel, perante cuja face estou...”. E mais: houve o fator da oração. Elias não se deixou levar simplesmente pelo momento. Ele orou, ele trouxe para si a responsabilidade de orar.

Outro ponto de grande relevância é que Deus ouviu as palavras de Elias e viu que a repercussão da mensagem não seria muito boa para ele. Por isso, para preservar a vida do profeta, lhe ordenou que se retirasse dali, dizendo: “Retira-te daqui, e vai para o oriente, e esconde-te junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão. E há de ser que beberás do ribeiro; e eu tenho ordenado aos corvos que ali te sustentem” (1 Reis 17.3,4).

Deus providenciou o cuidado necessário para a subsistência do Seu servo. Enquanto Elias orava, o Senhor cumpria a profecia e amparava-o. Isso só realça ainda mais o fato de o profeta estar direcionado pelo Criador.

Ser usado por Deus ou usar a Deus?

Há uma forte tendência em nossos dias em querer agradar ao público ouvinte mais do que a Deus. Para tanto, seguir uma linha de mensagens triunfalistas e egocêntricas é a melhor alternativa para animar as massas. É sobre essa perspectiva, que veem muitos pregadores dos nossos dias, que apesar de serem requisitados em grande escala, não oferecem conteúdo que edifique a vida dos crentes.

É em meio a esse cenário de propagações de mensagens neopentecostais, que muitos se aproveitam da inocência do povo para cometerem os mais absurdos abusos. E o que é pior, muitos usam o nome de Deus para se justificar. Não podemos nos dar ao luxo de achar que somos independentes de Deus, e sairmos por ai proferindo mensagens proféticas sem a devida autorização dAquele que nos chamou. Fazer isso, e ainda colocar Deus no meio da história, é correr o risco de sofrer os danos da desobediência ao Senhor.

As evidências de um homem ou uma mulher que está na direção de Deus ficam explícitas na vida de quem desfruta do milagre operado por intermédio do mesmo. Quando lemos a continuação do episódio em questão, notamos que com a falta de chuva e a seca do ribeiro, Elias é direcionado pelo Senhor para a casa da viúva de Sarepta, para ali ser sustentado por ela. Em sequência ao milagre da farinha e do azeite, ocorreu que o filho da viúva ficou muito doente vindo a óbito. Sensibilizado pela aflição da mulher, o profeta toma o menino, sobe para o seu quarto e clama a Deus (1 Reis 17.20). Observe que Elias mostra, como sempre, a total dependência do Criador.

Deus responde à oração de Seu servo e o garoto torna a vida (1 Reis 17.22). Ao descer, entrega-o para sua mãe e ouve dela as seguintes palavras: “Nisto conheço agora que tu és homem de Deus, e que a palavra do Senhor na tua boca é verdade” (1 Reis 17.24). Elias não precisou se vangloriar, nem muito menos se auto-intitular. Porém, provou para viúva que era um homem dependente de Deus.

Por, Edeilson Santos.

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