Sarah Abdula (nome fictício), da Assembleia de Deus em Foz do Iguaçu (PR), foi renegada pela família, mas acolhida por Jesus
Nascida em um lar muçulmano muito rígido, Sarah Abdula (nome fictício para preservar a sua segurança) é hoje uma mulher devotada a Cristo, que prega o Evangelho aos cativos e congrega na Assembleia de Deus em Foz do Iguaçu (PR), presidida pelo pastor Isaias Cardoso. O vice-líder da igreja é o pastor Argeu Dourado, que muito colaborou para a realização desta matéria.
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o pai de Sarah veio ao Brasil, deixando seu país de origem, a Jordânia, com uma sociedade islamicamente conservadora e amplamente tribal, cuja população ainda hoje é constituída por 92% de muçulmanos sunitas e na sua constituição nacional o Islamismo consta como religião oficial. Não é à toa que ele foi bem rígido na criação das duas filhas no Brasil, dentro de todos os costumes muçulmanos. Mais tarde, sua esposa veio a descobrir que ele tinha outra família na Jordânia, onde Sarah possuía dois irmãos.
“Fomos educadas dentro de um lar muçulmano em todos os aspectos que você possa imaginar: religião, vestes, língua etc. Tudo com o domínio de meu pai, que nos transmitia toda cultura e costumes islâmicos. Como éramos a única família árabe na cidadezinha em que fui criada, não tínhamos relacionamento com ninguém. Vivíamos somente entre quatro paredes”, conta Sarah.
Dessa forma, aos olhos humanos, pareceria impossível nossa irmã se achegar a Cristo. Mas o Senhor Jesus se aproximou dela. Talvez não de uma maneira convencional, mas igualmente repleta de Sua graça redentora.
“Ninguém pregou para mim. Eu sempre digo que Jesus me tocou e criou uma maravilhosa circunstância para me mostrar o Seu grande amor. Em 1991, Ele me levou à casa do pastor da Igreja Assembleia de Deus, e pensava eu que era apenas para tratarmos de negócios. Nesse momento, eu estava com meu casamento acabado, desequilibrada emocionalmente e com três filhos para cuidar. O caçula (de 3 anos de idade) estava acometido de uma enfermidade que médico algum sabia explicar. No primeiro ano de vida, seu exame neurológico o diagnosticou com 60% do cérebro morto. O neurologista disse que ele estava sentenciado a uma vida inteira em estado vegetativo. Ele não caminhava, não falava e não tinha reflexo. E foi nessa circunstância que eu recebi o convite para ler pela primeira vez a Bíblia Sagrada, antes proibida para mim”, recorda.
Conhecedora do Alcorão, ela se sentiu compelida a aceitar o convite e se deparou com Jesus, Deus feito homem, que mudou sua vida aqui e na eternidade. “Li todos aqueles milagres que Jesus havia realizado e, vendo meu filho daquela forma, fiz o meu maior desafio a Cristo. E Ele me atendeu! Minha conversão foi um processo muito doloroso, mas também muito rápido. Logo veio a restauração do meu casamento e a cura de meu filho, que foi a maior experiência que uma mãe pode ter! Saber que seu filho foi condenado pela medicina a uma vida inteira em estado vegetativo, em cima de uma cadeira de rodas, e Jesus me fazer contemplá-lo se levantar e chamar ‘Mamãe...’ Isso é demais!”, emociona-se.
Sarah destaca ainda o que mais chamou a sua atenção sobre Jesus, aquilo que mais a marcou e emocionou logo que leu a Palavra de Deus pela primeira vez e já a fez aceitá-lo como Senhor e Salvador: “O islamismo te mostra um deus tão carrasco enquanto o cristianismo mostra um Deus que nos ama tanto que deu o Seu único Filho por toda a humanidade! A liberdade em forma de amor, a misericórdia com o ser humano, o poder se posicionar diante de um Deus tão grandioso, soberano; e o ter acesso a Ele me impactaram de tal forma que me fizeram querer mais e mais. Conhecer esse Jesus, que até então era apenas um profeta [no islamismo], foi indescritível. De primeira, não tive dificuldade de aceitá-lO como o único Senhor e Salvador, pois, sem eu merecer, Ele me chamou, me presenteou como um pai faz com o filho obediente, sendo que eu mal O conhecia. É muita graça! Ele foi muito generoso comigo. Depois ainda fui batizada no Espírito Santo, antes mesmo de descer às águas batismais”.
De maneira emocionante, Sarah relata sobre o que mudou em sua mente após seu encontro com Cristo, mesmo tendo sido doutrinada em uma religião tão rígida e por um pai tão convicto desta: “Minha crença estava baseada em lutas, disciplina e obediência dentro de princípios humanos. De repente eu conheci alguém que olhou para mim com amor e me fez livre. Para mim, que vivia aprisionada de varias formas - no pensar, andar, caminhar e orar - o valor dessa liberdade pago por quem nada devia me fascina. Ele me mostrou outro caminho, ou melhor, Ele é o próprio Caminho, sem barganhas, sem pagamentos, pois o mais alto preço Ele já pagou por nós lá na cruz”.
A família de Sarah rompeu com ela no momento em que se casou com um brasileiro, pois já tinha seu pretendente escolhido, desde os dez anos de idade. Porém, tudo tinha um propósito. E quando aceitou a Cristo, passando a fazer parte de Sua Igreja, ela sabia que valia qualquer perda por tão grande ganho. Assim, ela teve ainda mais forças quando foi banida por completo da sua própria família, renegada por seu pai, hoje já falecido, e até por sua mãe e irmã, que há mais de 20 anos nem sequer falam com ela.
“Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo, como diz em Filipenses 3.7-8”, cita Sarah.
Se ela perdeu seus pais e irmãos por escolher a Cristo, ela ganhou, não só aqui, mas para a eternidade, seus filhos, esposo e toda a família dele para Jesus. Além de uma grata surpresa., porque o Senhor faz infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos. Após 14 anos sem falar com a filha, o pai de Sarah apareceu inesperadamente em sua casa, decidido a trazê-la de volta ao islamismo. Passou dois dias com ela, conversando, ouvindo e vendo o seu testemunho. E antes de ele voltar para o Oriente Médio, durante um momento de oração, ele entregou sua vida a Jesus.
Desde sua conversão, Sarah é extremamente envolvida na obra de Deus. Já trabalhou junto a um projeto pioneiro em Foz do Iguaçu de ganhar muçulmanos para Cristo na “Janela 10-40”, onde se deparou com outros irmãos que se decidiram por Cristo e passaram por experiências similares as dela. Hoje, ela é membro da diretoria do Círculo de Oração, ministério que se dedica desde o primeiro momento que entrou na igreja. E não tem dúvida do seu chamado. “Minha missão é espalhar o amor de Cristo, testemunhar todos os dias com palavras e ações a grande misericórdia do Senhor que eu sirvo. Pois, quando há convicção em seu coração do grande amor de Deus na sua vida, o Espírito Santo faz o resto”, enfatiza.
Se este artigo foi útil para você compartilhe com seus amigos.
Postar um comentário
Seu comentário é muito importante