Harmonia no lar: os pais e suas preferências

Aprendemos desde cedo que família é a instituição incumbida de promover a educação dos filhos e influenciar o comportamento dos mesmos no meio social. Seu papel no desenvolvimento de cada indivíduo é de fundamental importância, pois é no seio familiar que são transmitidos os valores morais e sociais que servirão de base para o processo de socialização do indivíduo, bem como as tradições e os costumes perpetuados através de gerações.

Apesar de acontecerem diversas mudanças em todas as esferas do mundo, a concepção de que o ambiente familiar é um local onde deve existir harmonia, afetos, proteção e todo o tipo de apoio necessário na resolução de conflitos ou problemas de algum dos membros, ainda é totalmente aceita pela maioria dos homens contemporâneos.

Formar uma família e mantê-la unida não é tarefa fácil, exige coragem, devoção e paciência. É claro que não existem famílias perfeitas, cada uma enfrenta seus problemas e dificuldades. Mas as relações de confiança, segurança, conforto e bem-estar ainda proporcionam a unidade familiar. Mesmo que muitos tentem negar essa verdade, a prática nos ata a esta premissa.

A sociedade tem mudado radicalmente o conceito de família ao longo dos anos. As deturpações do mesmo são responsáveis por muitos cenários caóticos existentes hoje. Por isso, é tão fácil encontrar famílias destruídas, atormentadas pelos conflitos, arrasadas pela negligência, o abuso, o rancor, as drogas, traições, separações e o divórcio sendo visto como algo comum. Então nos perguntamos: o que está acontecendo com as nossas famílias? Ainda há esperança para a família de hoje? Certamente. Família é uma instituição que continuará dando certo, pois foi idealizada e criada pelo próprio Deus. Entretanto, para isso há alguns princípios a serem observados que dependem de nós mesmos, a fim de que possamos experimentar bênçãos no seio familiar.

O casamento 

A Bíblia, no livro de Gênesis, nos fala de uma família originada no amor. Refiro-me ao admirável amor entre Isaque, filho de Abraão, e Rebeca. Ambos se apaixonaram desde o primeiro momento. Rebeca reunia qualidades de uma excelente esposa, tanto que até hoje quando nossos jovens querem se casar, procuram por uma “Rebeca”. Ela era pura, bela, cortês, prestativa, servia desinteressadamente, era responsável, corajosa e cheia de fé. Certamente por isso encontrou um ótimo partido: Isaque - a semente bendita, romântico, amoroso, bem criado, preocupado, comprometido, fiel à esposa, aliás, é bom que se diga, naquela época, era bem raro um casamento monogâmico; e até nisso Rebeca foi abençoada.

Isaque era um homem de Deus e teve diversas experiências marcantes e profundas com Ele. Por isso, quando nasceram os gêmeos Jacó e Esaú, ele soube conduzir sua família ao serviço divino. Mas mesmo essa família também tinha problemas.

A criação dos filhos

Isaque, o pai, amava a Esaú, era o seu primogênito, um poderoso caçador, seria seu representante legal. De acordo com o sistema patriarcal, com a morte do pai, o filho varão mais velho tornava-se cabeça da família, tendo autoridade sobre os demais, enquanto permanecesse na mesma casa. O primogênito geralmente recebia a bênção especial (Gênesis 27.4, 36; 48.9, 17, 18) Também tinha direito a duas partes do patrimônio do pai. Isto é, ele recebia o dobro do que cada um de seus irmãos recebia.

Por sua vez, Jacó era o preferido do coração de Rebeca. Ele era pacato e caseiro; nasceu agarrado ao calcanhar do seu irmão. Esse gesto já representava o que ele demonstraria em suas atitudes e próprio nome: suplantador, usurpador, enganador. Conhecendo, porém a educação recebida, sabemos com quem ele aprendeu tudo isso: da sua própria mãe. Infelizmente, em dado momento Rebeca foi uma influência negativa para seu filho. Ela ouviu a conversa de Isaque com Esaú e incentivou Jacó a se passar pelo irmão para obter fraudulentamente a bênção da primogenitura (Gênesis 27.6-29).

A atitude de Rebeca trouxe tristes consequências sobre a vida dos filhos, do marido e dela própria, que teve de suportar pelo resto da vida, o péssimo ambiente familiar criado por seus próprios conselhos.

Desintegração familiar

Certamente, o favoritismo dos pais, o explicitamente das preferências deles quanto aos filhos, gerou um relacionamento conflituoso em toda a família, o acobertamento de erros e apoio a atitudes e comportamentos inadequados destruiu a unidade familiar. Os filhos passaram a ser adversários, competidores, invejosos, ciumentos e finalmente inimigos por longos anos.

Sentimentos destrutivos se instauraram no coração deles, principalmente em Esaú, que alimentava vingança contra Jacó que teve que fugir para não ser morto. Que consequências trágicas! Que triste fim para uma família que começou tão bem!

Temos aprendido que a unidade na família é difícil de ser conquistada e preservada, mas é um prêmio fabuloso para os que se empenham por ela. Isaque e Rebeca tiveram que conviver com a triste realidade da desintegração familiar.

Viveu Jacó fugido por muitos anos, herdou uma primogenitura mentirosa que não lhe deu nenhum prazer. Foi morar numa terra chamada Harã com seu tio Labão, que tinha duas filhas Léia e Raquel (Gênesis 29.4,16). Não demorou em apaixonar-se pela prima mais nova: Raquel, e por ela trabalhou sem salário por sete anos, demonstrando diligência, responsabilidade, habilidade, sinceridade, dedicação, mas no final foi enganado pelo sogro, que lhe deu por esposa a filha mais velha: Léia. Assim, o esperto e ambicioso Jacó teve que trabalhar mais sete anos de graça para casar-se com o amor da sua vida (Gênesis 29.21-28).

Jacó teve doze filhos, era um pai amoroso, mas tinha uma preferência e um amor especial por um deles, José. Aqui vemos como é forte a marca dos valores que foram implantados em nós pelos nossos pais. Jacó aprendeu com sua mãe a demonstrar preferências, foi preterido pelo pai e aprendeu a fazer o mesmo sem perceber a gravidade da situação. Ao superproteger José, trouxe desconforto, inveja e ciúme entre os irmãos, que na primeira oportunidade investiram contra ele, vendendo-o como escravo (Gênesis 37).

Lição e restauração

Na história de Jacó e seus filhos, especialmente José, Deus transformou a maldade em bênção. Deus protegeu José, e no futuro ele foi uma bênção para os seus irmãos e o velho pai. Quando teve oportunidade, José demonstrou seu amor e seu carinho para com os irmãos, perdoando e dando a eles uma grande lição de vida.

Das muitas lições que podemos aprender com a história de Isaque, seus filhos e netos, uma delas é sobre as consequências da inclinação a escolher ou amparar um em detrimento do outro no seio familiar, o favoritismo, a superproteção de um e a anulação do outro.

A unidade tão desejada acontece quando há a valorização de cada integrante da família, ou seja, quando um considera o outro digno de honra e respeito (Romanos 12.10). Unir dois mundos diferentes (marido e mulher) trará choques de ideias e estilos de vida que precisarão se ajustar um ao outro. Não existe unidade sem esforço.

A família, portanto, é um bem precioso e precisamos cuidar bem. Cada integrante deve avaliar sua contribuição para que se constitua um relacionamento agradável e duradouro.

Os pais devem amar os seus filhos de forma igualitária, procurando perceber a necessidade de cada um, aceitando-os em suas particularidades, amparando-os e considerando cada um como uma rara preciosidade. Assim de forma prática vocês estarão os ensinando a ser uma família embasada no amor.

Por, Gregg Ferreira.

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