Lições paternas em Abraão, Jacó e Jó

A primeira vez que a palavra pai é descrita na Bíblia é em Gênesis 2.24. Ela é representada pelo substantivo hebraico ab, que quer dizer "pai", "avô" "antepassado" "ancestral". Esta palavra equivale também com um tipo de relacionamento familiar. O substantivo pai no grego é páter, originado de uma raiz que quer dizer "nutridor", "protetor", "sustentador". Em latim e em português o tempo pai expressa "antepassado mais próximo", "antepassado mais distante"; "progenitor do povo".

Ser pai e mãe não é diferente, pois estas funções são umas das principais representatividades de Deus na terra. Visto que, ele é chamado por várias vezes de Pai da nação de Israel (Salmos 63.18; 103.13,14; Isaías 64.8) e, no Novo Testamento, Jesus e os apóstolos costumeiramente chamavam Deus de Pai (Lucas 11.11-13; Hebreus 12.7-11; 1 João 3.1). Deus é classificado de pai porque foi quem gerou o Seu povo para lhe temer e honrar e o homem sendo seu representante como autoridade sobre os seus filhos lembra a estrutura governamental e o domínio de Deus sobre toda a sua criação, pois foi quem a gerou. Entendo isso, o filho deve honrar seus pais, pois, como imagem de Deus, o representa no progresso de gerar pessoas. Este concerto equivale ao quinto mandamento do decálogo judaico, que quando cumprido pelos filhos serão bem-aventurados em ter longa vida na Terra (Êxodo 20.12).

A atuação dos pais era a mesma função do sacerdote; tinha o papel de ficar entre Deus e sua família no objetivo de ser um mediador; os quais deveriam conduzir seus filhos a presença do seu Senhor (Êxodo 12.12,13). Eles deveriam também passar para seus filhos todos os decretos de Deus para que nunca viessem a esquecer a misericórdia e o amor do Senhor (Deuteronômio 6.9; Provérbios 22.6).

Dos muitos personagens bíblicos, com seus erros e acertos, aqui foram escolhidos três homens importantes na história de Israel: Abraão Jacó e Jó como exemplos para orientação de como ser um pai segundo a vontade de Deus.

Abraão, como pai, ensinou seu filho Isaque a ser uma pessoa de fé. O nome Abraão significa pai de muitas nações (Gênesis 17.5). Dado que,  através deste patriarca viria o Messias e alcançaria todas as nações do mundo para servir a Deus. Geneticamente Abraão é o pai dos judeus. Espiritualmente é pai de nações em Cristo Jesus. Abraão, antes de ser pai de multidões, primeiro foi pai de Ismael e de Isaque, este último é o filho da promessa que daria continuidade a descendência eleita de Deus para o progresso do seu plano redentor. Como pai de Isaque, ele ensinou seu filho a cultuar a Deus de forma correta, como, do mesmo modo, ensinou ser um homem de fé. Ao ensinar seu filho como cultuar é perceptível quando Abraão resolveu entregar seu filho como sacrifício a Deus no Monte Moriá. Isaque não sabendo que era ele o sacrifício, disse: "Meu pai! E ele disse: Eis me aqui, meu filho! Perguntou Isaque: Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto" (Gênesis 22.7). É notório que o menino entendia o sistema do culto. Se ele sabia disso era pelo simples fato de estar acostumado a acompanhar o seu pai para prestar sacrifícios a Deus.

Isaque neste momento aprendeu com seu pai a ser um homem de fé. Em resposta ao seu filho, Abraão retrucou: "Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho. Assim caminharam ambos juntos" (Gênesis 22.7). Abraão tinha fé que Deus não pediria o menino para o holocausto, no entanto, providenciaria o cordeiro. No ato do acompanhamento da história de Isaque é possível perceber o grande homem de fé que se tornou, pois, sempre acreditava na providência de Deus conforme aprenderá com seu pai (Gênesis 26.15-32).

Neste ponto os pais aprendem com Abraão que é fundamental ensinar os seus filhos a cultuar a Deus da maneira certa. Quem estipulou o método de culto para Deus não foram os homens, mas, sim, o próprio Deus (Gênesis 3.21). Neste ínterim, o pai, como mestre do seu filho, não deve ensinar a cultuar o Senhor de qualquer maneira, mas há necessidade de ter o interesse e a paciência de transmitir aos filhos que o culto ao Senhor é segundo as Escrituras. Os filhos necessitam ver os seus pais exercendo essa fé amando a Deus acima de tudo e de todos (Gênesis 22.12).

Jacó deveria aprender com o erro de seu pai Isaque no sentido de não imitá-lo. O erro de Isaque estava em sempre demonstrar mais amor pelo seu filho mais velho Esaú e menos para o seu filho Jacó. O comportamento do filho de Abraão levou mais tarde Jacó enganar seu pai e seu irmão em detrimento da bênção da primogenitura.

Infelizmente, Jacó, por seguir o mesmo exemplo do seu pai, viveu dias de amargura. No amor demonstrado de forma excessiva por José, Jacó conseguiu criar ciúmes e contendas no meio da sua casa. Certamente Jacó amava mais a José pelo fato de ser filho da mulher que ele mais amava, Raquel. A demonstração do amor de Jacó apenas por um filho levantou grande ódio e inveja por parte dos outros filhos que planejaram a morte do filho mais amado. Porém, Ruben não aceitou que derramasse o sangue de seu irmão. Com isso os seus irmãos vendem José para uma caravana de ismaelitas, que posteriormente tornar-se-ia escravo e governador no Egito, respectivamente (Gênesis 37.22-25). Portanto, pai e mãe precisam tomar muito cuidado em não demonstrar mais amor por um filho. Visto que, resultará em uma casa dividida. Jesus certa vez disse que uma casa dividida não subsistirá (Mateus 12.25).

Jó é outro exemplo de pai, porém, que intercede pelos seus filhos diante de Deus com sacrifícios e orações. Embora o ofício de sacerdote fosse oficializado apenas durante a Lei, ele já o exercia em sua casa. O conceito de sacerdote era ofício que garantia a alguém representar o povo diante de Deus. Era uma espécie de mediador entre os homens e o Senhor. Essa mediação só era possível com sacrifícios para agradar a Deus, para que o pecado do povo viesse a ser perdoado para receber as bênçãos do Senhor.

Os filhos de Jó, que eram oito homens e duas mulheres, gostavam muito de se reunir nas casas uns dos outros para se banquetearem. Em detrimento a isso, o patriarca temia que em meio a estas reuniões os seus filhos pudessem pecar contra Deus. Como mediador da sua casa ele orava e fazia sacrifícios pelos pecados que eles haviam cometido e até pelos pecados que poderiam cometer. O patriarca não fazia um sacrifício pelos dez, mas sim, era um sacrifício para cada filho. Ele sacrificava dez novilhos em holocausto, um para cada filho. Jó não media esforços para ver os seus filhos bem diante de Deus. Com esse patriarca os pais aprendem que devem orar e interceder pelos seus filhos para que eles não se afastem dos caminhos do Senhor. O amor ao filho não é demonstrado meramente em oferecer coisas materiais, uma das maiores provas de amor que um pai possa demonstrar pelo filho é interceder por ele diante de Deus.

Portanto, o padrão de ensinar os filhos moralmente não se encontra em primeiro lugar em uma escola secular, mas sim em um lar que teme a Deus e tem a Bíblia como principal manual a ser seguido.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

HARRIS, Laird, R. JR., WALTKE, K. Bruce. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1998.
ROBSON, Edward. Léxico Grego do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2012. VINE, W.E;  UNGER, F. Merril; JR. White, William. Dicionário Vine. O significado Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo e do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.

Por, Natanael Diogo Santos.

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