Achados relacionados ao Bálsamo de Gileade e ao culto idólatra a Baal

Pedra com gravura de planta balsâmica e parte de estátuas encontradas

O jornal "Jerusalém Post" publicou uma achado de arqueólogos israelenses de um anel com uma pedra ametista lilás gravada, perdida nos tempos áureos do Segundo Templo em Jerusalém, por um cidadão anônimo que se dirigia ao Santuário enquanto trafegava nas estradas poeirentas do Oriente Médio, e foi parar no canal de drenagem subterrânea. Aproximadamente dois mil anos depois, o artefato foi encontrado por voluntários em uma escavação, que logo constataram algo de especial no antigo objeto.

Os especialistas examinaram a antiguidade e observaram que a pedra incandescente apresenta a primeira representação da planta perfumada de Afarsemon, mencionada na Bíblia, em fontes judaicas históricas posteriores, como a cidade de Davi. O relatório do achado e da constatação foi divulgado pela Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA em inglês) e a Autoridade de Parques e Natureza de Israel, no dia 21 de outubro.

O professor Shua Amorai-Stark, e o doutor Malka Hershkovitz, que analisaram os objetos, acreditam que a planta que aparece na pedra é o perfume do caqui, mencionado na Bíblia, no Talmud e em fontes históricas. A gravura representa a árvore conhecida como "bálsamo de Gileade" (tzari em hebraico), árvore de bálsamo (nataf) ou mais tarde no período Mishnaif  "caqui". O nome científico moderno da planta é commiphora gileadensis e sua utilidade nos tempos antigos era produzir perfumes, incenso e remédios. Durante análise, o que chamou a atenção dos cientistas foi o ramo alongado com cinco frutos gravados na pedra. A equipe considerou ser algo diferente de qualquer outra espécie já encontrada e retratada. "Perto do final do período do Segundo Templo, o uso de carimbos de pedra se expandiu e se tornou mais comum", disse o professor Amorai-Stark, especialista em gemas gravadas. "Mas na maioria dos carimbos descobertos até agora com gravuras de plantas, é comum encontrar plantas que eram comuns em Israel na época: vinhos, tâmaras e azeitonas, que estão entre as sete espécies. Mas neste selo de pedra, imediatamente notamos que o fruto que aparece nele é diferente de qualquer um dos frutos que encontramos até agora", conclui o especialista.

A referência a planta ocorre no livro de Gênesis, quando os filhos de Jacó percebem a aproximação de uma caravana de israelitas e concordaram em vender José aos mercadores; os estrangeiros levavam consigo mercadorias que são mencionadas nas páginas da Bíblia: "depois assentaram-se a comer pão; e levantaram os seus olhos, e olharam, e eis que uma companhia de ismaelitas vinha de Gileade; e seus camelos traziam especiarias e bálsamo e mirra e iam levá-los ao Egito" (Gênesis 37.25). Mais tarde, a espécie é novamente mencionada, agora por Moisés, quando o próprio Deus incluiu nos ingredientes do incenso do Tabernáculo. "Disse mais o Senhor a Moisés: 'Eles te trarão especiarias aromáticas, seiva de uma árvore de bálsamo ônica, gálbano e outras especiarias aromáticas com incenso puro, cada um deles terá o mesmo peso e dele fará incenso, um perfume segundo a arte do perfumista" (Êxodo 30.34,35). Entretanto, o bálsamo de Gileade não foi uma especiaria apreciada, apenas, pelos antigos hebreus, mas a rainha Cleópatra também manifestou a sua preferência pelo componente. "Este é um achado importante porquê pode ser a primeira vez que um selo é descoberto em todo o mundo com uma gravura da preciosa e famosa planta, que até agora só podíamos ler em descrições históricas", explicou o arqueólogo Eli Shukron, responsável pela escavação nas fundações do Muro das Lamentações em nome do IAA e da cidade de Davi.

Outro importante achado recente foi partes da estátua de Baal, antiga divindade cananeia e que, de acordo com seus adoradores, era responsável pela fertilidade. O artefato, encontrado pela arqueóloga israelense Shua Kisilevitz, da universidade de Tel Aviv, que dirige a escavação junto com o professor Oded Lipschits, estava no local mais improvável: um santuário de Judá próximo de Jerusalém na época em que existia o Templo de Salomão. De acordo com a arqueóloga, o santuário é considerado como um reflexo das crenças e rituais mantidos em Jerusalém dos tempos antigos.

A especialista disse que se o objeto for confirmado, será uma evidência tangível que confirma a suspeita de que, no período do primeiro templo, os israelitas mantinham uma fé dúbia ao reverenciar a divindade pagã e que eles, aparentemente, não prestavam adoração apenas a Yahveh, mas veneravam outros deuses, incluindo Baal, cujo serviço religioso exigia prostituição cultural e sacrifício de seres humanos.

Os especialistas enfatizam na condicional "se" levando em conta a cautela sobre como interpretam a desgastada pedra que foi encontrada no templo da antiga comunidade de Motiza, distantes seis quilômetros do Monte do Templo em Jerusalém. Os arqueólogos argumentam que o artefato pode ser uma pedra que fragmentou-se de uma forma incomum, porém é mais aceitável que fizesse parte de um relevo trabalhado pelo homem representando as pernas de uma figura em pé "esta representação seria típica das imagens levantinas e cananéias nas quais divindades, governantes e seres míticos eram retratados em pé", dizem os arqueólogos.

Kisilevitz explicou que "esta seção foi escavada anteriormente, mas não foi devidamente limpa, não surpreende que inicialmente não a tenhamos percebido, mas este é um daqueles casos em que, uma vez que você vê, você não pode deixar ela deixar de vê-lo".

Apesar dos cuidados manifestados pelos cientistas e a menos que eles tenham tido alguma ilusão de ótica coletiva, o relevo identifica os membros inferiores de uma figura com os pés apontados na mesma direção, significando que, no antigo Oriente Próximo, costumava ser uma posse usada em representações de divindades ao atacar uma tempestade, como Baal, disse Kisilevitz.

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