Há um famoso jargão que diz: “Uma imagem vale mais do que mil palavras”. Todo cristão sabe que a mídia eletrônica vive de imagens! Muitos dos que nela se apresentam não passam de atores – atores bem treinados! E isto inclui os pregadores! As imagens nela veiculadas quase sempre são maquiadas! O importante é vender! Até mesmo quem a utiliza com propósitos dignos, se não tomar os devidos cuidados, passa a ser um ator que representa um personagem!
A igreja virtual produz uma “espetacularização da fé” e um cristianismo
inautêntico! Somente um cristianismo autêntico produz uma igreja profética! Há
um texto bíblico no Evangelho de Mateus onde aprendemos como se comporta um
cristianismo profético. Um cristianismo profético produz um pentecostes também
profético. No cristianismo profético o real não é suplantado pelo virtual nem tampouco
a fé é transformada em espetáculo.
Leiamos o texto bíblico de Mateus 12.9-21
“9Tendo Jesus partido dali, entrou na sinagoga deles. 10 Achava-se
ali um homem que tinha uma das mãos ressequida; e eles, então, com o intuito de
acusá-lo, perguntaram a Jesus: É lícito curar no sábado? 11 Ao que lhes respondeu:
Qual dentre vós será o homem que, tendo uma ovelha, e, num sábado, esta cair
numa cova, não fará todo o esforço, tirando-a dali? 12 Ora, quanto mais vale um
homem que uma ovelha? Logo, é lícito, nos sábados, fazer o bem. 13 Então, disse
ao homem: Estende a mão. Estendeu-a, e ela ficou sã como a outra. 14 Retirando-se,
porém, os fariseus, conspiravam contra ele, sobre como lhe tirariam a vida. 15 Mas
Jesus, sabendo disto, afastou-se dali. Muitos o seguiram, e a todos ele curou, 16
advertindo-lhes, porém, que o não expusessem à publicidade, 17 para se cumprir
o que foi dito por intermédio do profeta Isaías: 18 Eis aqui o meu servo, que
escolhi, o meu amado, em quem a minha alma se compraz. Farei repousar sobre ele
o meu Espírito, e ele anunciará juízo aos gentios. 19 Não contenderá, nem gritará,
nem alguém ouvirá nas praças a sua voz. 20 Não esmagará a cana quebrada, nem apagará
a torcida que fumega, até que faça vencedor o juízo. 21 E, no seu nome,
esperarão os gentios.”
Vejamos alguns princípios de um cristianismo profético:
O cristianismo profético não faz propaganda, mas é visto! –
“Advertindo-lhes, porém, que o não expusessem à publicidade” (v.16).
Compare esse cristianismo bíblico com os pregadores que estão
na mídia fazendo de tudo para ficarem famosos! A palavra grega phaneros usada
nesse versículo como sinônimo de publicidade, significa também aquilo que obtém
reconhecimento. Enquanto a maioria dos pregadores da mídia está buscando reconhecimento
humano, o Senhor Jesus fugia dele! Esta febre em busca de reconhecimento já adoeceu
a fé pentecostal e suas vítimas só aumentam a cada dia que passa.
O sociólogo polonês Zigmunt Bauman (2008, p.20,21) detectou isso
de uma forma surpreendente quando escreveu em Vida Para Consumo – a
transformação das pessoas em mercadoria:
“O primeiro álbum gravado por Corinne Bailey Era, cantora de
27 anos nascida em Leeds e contratada em 2005 por um homem do Departamento de Artistas
& Repertorio da EMI, ganhou o disco de platina em apenas quatro meses. Um
fato extraordinário. Uma em cada um milhão ou centenas de milhões de pessoas
chegam ao estrelado depois de uma breve aparição numa banda independente e de
um emprego como atendente numa boate de música soul. Uma probabilidade não
maior, talvez ainda menor, do que a de ganhar na loteria (mas observamos que,
semana após semana, milhões de pessoas continuam comprando bilhetes lotéricos).
“Minha mãe é professora de uma escola primária”, disse Corinne a um entrevistador,
“e quando ela pergunta aos meninos o que eles querem ser quando crescer, eles dizem:
‘Famoso’. Ela pergunta por que motivo e eles respondem: ‘Não sei, só quero ser
famoso’.
Nesses sonhos, “ser famoso” não significa nada mais (mas também
nada menos!) do que aparecer nas primeiras páginas de milhares de revistas e em
milhões de telas, ser visto, notado, comentado e, portanto, presumivelmente desejado
por muitos – assim como sapatos, saias ou acessórios exibidos nas revistas
luxuosas e nas telas de TV; e por isso, vistos, notados, comentados, desejados...
“Há mais coisas na vida além da mídia”, observa Germaine Greer, “mas não muito...
Na era da informação, a invisibilidade é equivalente à morte”.
O cristianismo profético não grita, mas possui voz - “nem gritará,
nem alguém ouvirá nas praças a sua voz” (v.19).
Um dos males do pentecostalismo contemporâneo é que ele
grita muito. Gosta de espetáculo e talvez seja por isso que faz muito barulho.
Todavia não consegue ser ouvido. Não possui voz – ou ainda sua voz não consegue
produzir eco! Comparo muitos desses pregadores pentecostais com o sacerdote Zacarias,
pai de João Batista logo após a sentença que o anjo lhe aplicou: “Ficarás mudo”
(Lucas 1.20). É um pentecostalismo mudo, afônico e que por isso não consegue ser
ouvido. Os maus testemunhos, os escândalos sexuais e financeiros calaram a sua
voz! O que, por exemplo, a imprensa tem divulgado sobre esse tipo de pentecostalismo?
Brigas internas por liderança de igrejas; construção de obras faraônicas, como
por exemplo, reconstrução de antigos monumentos bíblicos; compra de jatos
supersônicos e escândalos financeiros.
O cristianismo profético é integral, mas trabalha com pedaços
- “Não esmagará a cana quebrada, e não apagará a torcida que fumega” (v. 20).
Jesus certa vez disse “que os são não precisam de médico e
sim os doentes” (Lucas 5.31). Na sua missão profética estava aquela de
restaurar o ferido! A expressão cana quebrada é uma referência a uma cana de
junco que crescia junto aos pântanos. O caule quebrado não possuía valor comercial.
A metáfora é que ele não acabaria de matar quem já estivesse morrendo, mas o restauraria!
Da mesma forma da cana quebrada, o autor sagrado observa também que ele não apagará
o pavio que fumega. Aqui a imagem é de uma lamparina cujo pavio já está por se
consumir. Nesses casos o fogo fica bem baixo, e até um pouco de vento soprando é
sufi ciente para apagá-lo. Jesus não acabaria de apagar o pouco de fogo
existente, mas o reacenderia.
Com uma teologia distorcida e contaminada pelo materialismo,
o pentecostalismo contemporâneo corre o risco enorme de acabar de matar a fé e
esperança de quem acredita ainda na fé cristã. Por quê? Por produzir apenas espetáculo
e não uma fé autentica, ele possui um potencial enorme de gerar frustrações nas
pessoas. Aquelas mesmas pessoas que acreditam que tocando no manto sagrado; que
bebendo a água do rio Jordão; que pondo seu nome dentro do cálice cheio com
óleo, etc., obterão a resposta para a solução de seus problemas. Há muitos que
não conseguem ver seus sonhos realizados e mergulham em um ceticismo sombrio.
por José Gonçalves
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