“Antes que cheguem os maus dias”

“Antes que cheguem os maus dias”


Na exortação, que dá título a este ensaio, lemos: “Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento” (Eclesiastes 12.1). Tudo o que foi escrito na Bíblia não foi por acaso, foi por inspiração do Espírito Santo. Tem finalidade, tem propósito espiritual e moral.

1) “Lembra-te do teu Criador, os dias da tua mocidade”. Com exceção dos jovens cristãos, verdadeiros, os jovens se preocupam mais com coisas humanas, “que são de baixo” ou “da terra”. Há muitas coisas, como os meios de comunicação e as redes sociais, que prendem não só o jovem, mas muita gente de outras idades, e tomam muito de seu tempo útil e proveitoso. Por isso, diz Paulo: “... buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da terra” (Colossenses 3.1,2).

2) “...antes que se escureçam o sol, e a luz, e a lua, e as estrelas, e tornem a vir as nuvens depois da chuva” (Eclesiastes 12.2). Esta exortação alerta para os problemas da visão, ocasionados pela velhice. O homem e a mulher muito idosos têm a visão diminuída, e não conseguem ver bem a luz do sol, da lua e das estrelas; quanto “a vir as nuvens depois da chuva”, há diversas interpretações sobre esse texto.

3) “no dia em que tremerem os guardas da casa...” (v. 3a). Essa palavra se referem às mãos e aos braços dos idosos, que se tornam fracos, quase sempre trementes. Na juventude, mãos e braços são fortes, não só para realizarem as tarefas da vida, mas também para defesa contra quedas e até contra inimigos que desejam agredi-los.

4) “...e se curvarem os homens fortes” (v. 3b). Refere-se às pernas, que ficam encurvadas durante a velhice. Na juventude, elas permitem andar com firmeza, e até saltar, correr. Na velhice, tornam-se fracas e, por vezes, provocam quedas, que podem trazer traumas diversos.

5) “...e cessarem os moedores, por já serem poucos” (v. 3c). Nossos dentes ficam fracos com o passar dos anos, e vão diminuindo. A mastigação fica comprometida e o prazer de alimentar-se diminui.

6) “e se escurecerem os que olham pelas janelas” (v. 3d). São nossos olhos, que, depois dos 40 anos, perdem a acuidade visual; e surgem várias doenças, que fazem a visão diminuir consideravelmente.

7) “...E as duas portas da rua se fecharem por causa do baixo ruído da moedura...” (v. 4a). São os dois ouvidos (“duas portas”), pois a audição diminui grandemente, e o muito idoso não distingue mais os sons diversos, nem pode mais apreciar a música de que tanto gostava quando era jovem.

8) “Como também temerem o que está no alto, e houver espantos no caminho...” (v. 5a). Na velhice, se agravam os distúrbios nervosos e emocionais; há o medo das alturas, e a pessoa se sente insegura, se espantando com muitas coisas.

9) “...e florescer a amendoeira...” (v. 5b). Grande parte dos exegetas concorda que tal mensagem alude aos cabelos brancos ou grisalhos que cobrem a cabeça dos mais velhos (v. 5c).

10) “...e o gafanhoto for um peso...” (v. 5d). É a falta de forças dos mais idosos, a ponto de um gafanhoto, que é um inseto tão leve, tornar-se pesado.

11) “...e perecer o apetite...” (v. 5e). Ao longo dos anos, na extrema velhice, o ser humano vai perdendo o prazer em comer aquilo que, anos atrás, lhe dava prazer.

12) “Antes que se quebre a cadeia de prata, e se despedace o copo de ouro, e se despedace o cântaro junto à fonte, e se despedace a roda junto ao poço...” (v. 6). Vejamos o que podem significar esses quatro elementos da exortação: a) “Antes que se quebre a cadeia de prata”. Uns dizem que se refere a um fio de prata que une o corpo ao espírito. “Cordão de prata: a medula oblongata (que vital e preciosa e delicada!), cinzenta- prateada”; (1) b) “...e se despedace o copo de ouro...”. “Copo de ouro: o cérebro revestido pelas amarelas membranas dura e pia mater, tudo dentro do crânio”; (2) c) “...e se despedace o cântaro junto à fonte”. “Seria a vena cava, que traz de volta o sangue para o ventrículo direito do coração, aqui chamado de fonte, no sentido que produz jorros de sangue na sístole (contração) e diástole (expansão)”. (3) Pode ser entendida essa figura como o coração em si mesmo; d) “...e se despedace a roda junto ao poço”. “A grande aorta, que recebe sangue da cisterna, o ventrículo esquerdo do coração, e o distribui às diferentes partes do sistema circulatório”. (4)

Ainda diz o texto: “...e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu. Vaidade de vaidade, diz o Pregador, tudo é vaidade” (Eclesiastes 12.6,7). O texto mostra, com clareza, o destino do corpo e do espírito humano. O corpo, formado de substâncias químicas, que há no pó da terra, é sepultado e se decompõe; o espírito, ou “o homem interior” (Romanos 7.22,23), formado de alma e espírito, volta “a Deus que o deu”.

O texto do capítulo 12 de Eclesiastes é um dos mais expressivos para exortação à juventude, especialmente nos dias atuais, em que a maioria dos jovens e dos adolescentes não demonstra o menor interesse em buscar a Deus em suas vidas.

No capítulo 12, o pregador chama a atenção para “os maus dias” que poderão vir na velhice, incluindo a perda parcial da visão, ou até a cegueira total; os problemas de ordem nervosa ou emocional, e outros problemas próprios da idade muito avançada. Por fim, lembra o destino dos homens: “O pó”, ou seja, o corpo físico voltará à terra, ao barro; mas “o espírito”, isto é, a parte espiritual, volta para Deus.

Notas
1 Disponível em: <https://solascriptura-tt.org/Sermoes/V9C-Ec12.2-5-Decadencia_Na_Velhice_Ate_A_Morte>. Acesso: 20 junho 2025.

2 Disponível em: <https://solascriptura-tt.org/Sermoes/V9C-Ec12.2-5-Decadencia_Na_Velhice_Ate_A_Morte>. Acesso: 20 junho 2025.

3 Ibidem.

4 Ibidem

por Elinaldo Renovato de Lima

Compartilhe este artigo. Obrigado.

Comentário

Seu comentário é muito importante

Postagem Anterior Próxima Postagem