Igrejas e objetos atestam forte presença cristã ali nos primeiros séculos
Uma nova descoberta divulgada pelo professor israelense Jacob Ashkenazi, do Kinneret College, ao site The Times of Israel no dia 14 de maio revelou a existência de mais de 700 igrejas na antiga província romana da Palestina, a maioria funcionando em residências particulares. As descobertas indicam a prática comum entre os primevos cristãos durante a Antiguidade Tardia, entre os séculos 4 e 7 d.C. O relatório afirma que as residências funcionavam como igreja enquanto os judeus se concentravam nas sinagogas comunitárias. O professor israelense explicou que a construção de igrejas foi estimulada pelo desejo de celebrar a fé e recebeu apoio financeiro de gente abastada para financiar as construções dos templos.
Na Galileia Ocidental, Ashkenazi e o professor Motti Aviam escavaram
sete igrejas e pesquisaram mais de 70. Em uma vila denominada Hippos, com cerca
de 2 mil habitantes, os estudiosos identificaram oito igrejas, sendo seis em
residências. Em Khirbet al-Samra, foram encontradas cerca de oito igrejas que
remontam ao início do 7º século. “A quantidade de igrejas em pequenas
comunidades contrasta com a prática judaica, onde cada aldeia tinha apenas uma
sinagoga. As sinagogas serviam como centros comunitários, enquanto as igrejas
eram frequentemente construídas em casas, acessíveis ao público”, disse
Ashkenazi. As inscrições nas igrejas revelam informações sobre seus patronos.
Por exemplo, na igreja em Horvat Hesheq, os estudiosos identificaram uma inscrição
mencionando Demétrio, um diácono. O relatório sugere que muitas dessas igrejas
funcionavam nas residências de famílias abastadas, com acesso para a área
privada e a via pública. O modelo foge do padrão estabelecido pelas comunidades
judaicas, que mantinham apenas uma sinagoga por vila, decorada com mosaicos e
funcionando como centro comunitário e local de leitura da Torá.
Ainda em Israel, foi descoberto no dia 20 de maio, nas escavações
na Cidade de Davi, um pequeno anel de ouro que remonta a cerca de 2,3 mil anos e
ao início do período do Segundo Templo, sendo considerado uma nova evidência da
riqueza e do estilo de vida da aristocracia judaica. De acordo com os arqueólogos,
já é a segunda relíquia descoberta no local em poucos meses e que remonta ao
mesmo período histórico. A pesquisa é conduzida pela Autoridade de Antiguidades
de Israel (IAA, na sigla em inglês), em parceria com a Universidade de Tel Aviv
e com apoio da Associação Elad, no Parque Nacional dos Muros de Jerusalém. Os responsáveis
pela escavação - os arqueólogos Dr. Yiftah Shalev, Dr. Marion Zindel, Efrat
Bocher e professor Yuval Gadot – informaram que a peça é adornada com uma pedra
vermelha, aparência comum das joias do período helenístico. Os arqueólogos
explicaram que a utilização de pedras preciosas coloridas foi popularizada na região
após as campanhas militares de Alexandre, o Grande, que ampliaram o contato comercial
com culturas orientais. “O anel foi encontrado em uma camada arqueológica
datada do final do século 3 a.C. ou início do século 2 a.C., junto a outros objetos
valiosos. A localização dos objetos sob as fundações de um grande edifício
levanta a hipótese de que tenham sido enterrados propositalmente”, disseram os
arqueólogos. Por sua vez, a Dra. Marion Zindel indicou a possibilidade de se
tratar de uma prática cerimonial: “Há registros de que, no período helenístico,
mulheres prometidas em casamento enterravam suas joias e objetos de infância sob
o piso das casas como parte de um rito de passagem para a vida adulta”.
No deserto do Negev, foram descobertas duas enigmáticas estatuetas
de 1,5 mil anos, esculpidas em madeira rara de ébano da Índia ou do Sri Lanka e
supostamente produzidas na África. O anúncio foi feito pela Autoridade de
Antiguidades de Israel no dia 14 de maio no site de notícias The Times of
Israel. As relíquias foram encontradas em duas tumbas cristãs do final do século
6 ou início do 7º século no sítio arqueológico de Tel Malhata (no nordeste do
Vale de Arad, no Neguev). O Dr. Noah D. Michael, ligado ao IAA e à Universidade
de Colônia, na Alemanha, disse que a descoberta é inédita. “Até onde sabemos,
nenhuma estatueta desse tipo foi identificada em Israel, na Jordânia e em nossa
região”, disse ele ao The Times of Israel. “Acreditamos que, como os
túmulos eram próximos e ofereciam o mesmo tipo de presentes funerários,
provavelmente eram uma mãe e um filho”, disse Michael. “Infelizmente, não
conseguimos extrair restos de DNA dos ossos para fazer um teste”. Além das estatuetas,
os estudiosos também encontraram três estatuetas de osso. “Estatuetas de osso
são raras, mas não únicas”, observou Michael. “Muitos túmulos daquele período,
especialmente os de mulheres e crianças, ofereciam presentes de sepultamento,
como joias, objetos de vidro, moedas e outros objetos. É um fenômeno bem
conhecido em tumbas da época bizantina, atestado também em cemitérios fora de
Israel. Homens raramente eram enterrados com tais presentes”, explicou o arqueólogo.
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