Vivemos em uma era em que a inserção precoce das crianças no ambiente escolar se tornou uma realidade comum. Muitas vezes, ainda com poucos meses de vida, elas são colocadas em creches que oferecem não apenas cuidados, mas também estímulos pedagógicos importantes. Esta dinâmica é fruto de demandas familiares que, na maioria das vezes, exigem que as mães retornem rapidamente ao mercado de trabalho — um movimento legítimo e necessário. Contudo, um aspecto preocupante é que, à medida que as crianças crescem, observa-se uma redução significativa da participação dos pais em sua vida escolar.
Nos primeiros anos, na Educação Infantil, a presença dos
pais — especialmente das mães — é mais constante: participam de festas, apresentações
e celebrações sazonais como Dia das Mães, Páscoa e outras datas comemorativas. Mas,
ao ingressarem no Ensino Fundamental, essas atividades diminuem, restando
apenas reuniões esporádicas de pais e eventos escolares ocasionais. Muitas famílias passam a considerar que, com o crescimento da criança, o acompanhamento
escolar já não é tão necessário.
Porém, esse pensamento não poderia estar mais equivocado. A
pesquisa Family Involvement in Education, do National Education Association
(NEA), aponta que o envolvimento dos pais na vida escolar dos filhos está diretamente relacionado
ao sucesso acadêmico. Estudantes cujos pais se mantêm próximos à sua rotina
educacional têm 81% mais chances de obterem um bom desempenho e de concluir seus
estudos com êxito, enquanto aqueles que não contam com esse suporte familiar apresentam índices significativamente mais altos de evasão e
baixo rendimento.
Além disso, um estudo do Fundo das Nações Unidas para a
Infância (UNICEF) revela que o apoio e o acompanhamento dos pais são determinantes
para o desenvolvimento socioemocional das crianças, impactando não apenas nas notas, mas também na formação do caráter, no desenvolvimento de valores e na
construção de sua visão de mundo.
Sabemos que, em nossa sociedade, as escolas estão cada vez mais
assumindo funções que extrapolam o ensino de conteúdos acadêmicos, oferecendo
atividades em tempo integral para atender à extensa carga de trabalho dos pais e às dificuldades de deslocamento nas grandes cidades. Assim, muitas
crianças passam mais tempo dentro da escola do que em casa, sendo acompanhadas por
professores, colegas e outros adultos, mas muitas vezes sem a presença ativa dos pais neste processo.
Este contexto nos leva a uma reflexão profunda: quem está
formando nossos filhos? A escola, por mais capacitada e bem-intencionada que
seja, não pode substituir a função primordial dos pais na formação do caráter, dos princípios,
dos hábitos e da espiritualidade dos seus filhos. Como bem nos ensina a Palavra de Deus: “Ensine a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for
velho não se desviará dele” (Provérbios 22.6).
Infelizmente, muitos pais limitam sua participação à
matrícula, à compra do material escolar e ao pagamento da mensalidade. A
verdadeira presença, contudo, se manifesta no acompanhamento cotidiano: revisar
cadernos, supervisionar tarefas, dialogar sobre os desafios enfrentados na escola,
conhecer os professores, participar das reuniões, entender as dificuldades e
celebrar as conquistas.
Em muitos casos, a direção e os professores relatam
frustração pela ausência de um envolvimento mais efetivo dos pais. Reuniões de
responsáveis, convites para eventos e tentativas de contato são,
frequentemente, ignorados. Esse distanciamento gera consequências: filhos
desmotivados, dificuldades de aprendizagem e, não raramente, problemas de comportamento.
Criar filhos é uma das maiores responsabilidades e
ministérios que Deus confiou aos pais. Não se encerra quando eles aprendem a
ler ou a escrever. O ambiente escolar é também um espaço de socialização
intensa, onde há trocas de valores, compartilhamento de ideias, construção de
identidade e, inevitavelmente, confrontos com desafios morais e espirituais.
Pais, será que vocês sabem o nome dos professores dos seus filhos?
Quando foi a última vez que vocês estiveram presentes na escola para além da
matrícula?
Outro equívoco muito comum é pensar que, por estar numa escola
de qualidade, particular ou confessional, o acompanhamento familiar torna-se
dispensável. Não se engane: a presença dos pais é insubstituível, independentemente do prestígio
ou do custo da instituição.
Diante dos desafios contemporâneos da educação e da formação
das novas gerações, precisamos reconhecer que nossos filhos necessitam da nossa
presença, orientação e exemplo. O mundo que os cerca apresenta inúmeros riscos e tentações. Eles precisam de pais que estejam ao seu lado, não apenas
para fiscalizar, mas para amar, aconselhar, ensinar e, acima de tudo, apontar o
caminho do Senhor. O apóstolo Paulo nos exorta: “E vós, pais, não provoqueis à ira os vossos filhos, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor”
(Efésios 6.4).
A responsabilidade familiar é um chamado divino que não podemos
negligenciar. A ausência constante dos pais na vida escolar, quando se torna
rotina, configura-se como uma forma de abandono emocional.
Nossos filhos adolescentes estão crescendo em um contexto
repleto de desafios emocionais, acadêmicos e espirituais. Mais do que nunca, precisam
de pais presentes — não apenas fisicamente, mas emocional e espiritualmente.
Presença que se traduz em comunicação, orientação, compartilhamento de valores e
estabelecimento de limites seguros.
Que os ministérios da paternidade e da maternidade sejam exercidos
com zelo, responsabilidade e temor a Deus. A educação dos nossos filhos é parte
essencial da missão que o Senhor confiou às nossas mãos. Não podemos terceirizar
aquilo que Deus nos incumbiu de fazer pessoalmente.
Pais presentes geram filhos fortes — emocional, intelectual
e espiritualmente. Não desperdice a oportunidade de ser o maior e melhor
exemplo na vida de seu filho.
por Flavianne Vaz
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