Como as raÃzes histórico-teológicas do Movimento Pentecostal e as origens das Assembleias de Deus evidenciam a importância da Escola Dominical para a essência do Pentecostalismo
A Escola Dominical é uma das grandes marcas do Evangelicalismo mundial moderno, de maneira que a ligação do Pentecostalismo – principal corrente do Evangelicalismo mundial – com a Escola Dominical pode ser vista desde suas origens. Basta lembrar que as raÃzes histórico-teológicas do Movimento Pentecostal remontam, em última análise, ao metodismo,(1) que foi o grande responsável pelo surgimento, popularização e expansão da Escola Dominical no mundo.(2)
O relato tradicional da fundação da Escola Dominical afirma que
ela foi criada na Inglaterra em 1780 pelo anglicano leigo e jornalista Robert
Raikes, de Gloucester. Compadecido com as crianças de sua cidade, Raikes quis dar-lhes
um futuro promissor. Na sua cidade, localizada no sul da Inglaterra, a delinquência
infantil era um problema que parecia insolúvel. A maioria dos menores roubava,
viciava-se e estava sempre envolvida nos piores delitos. Logo, Raikes, então com
44 anos, saiu pelas ruas a convidar os pequenos transgressores a que se
reunissem todos os domingos para aprender a Palavra de Deus. Juntamente com o ensino
religioso, era-lhes ministrado matemática, história e o inglês. Logo, sua escola
se tornou bastante popular. Assim nascia a Escola Dominical.
Esse relato é verdadeiro, mas incompleto. O que poucas
pessoas sabem é que a ideia de criação da Escola Dominical não veio de Raikes.
Ele foi apenas quem executou a ideia. A ideia originou-se de uma senhora
metodista chamada Sophia Cooke, esposa do célebre pregador metodista Samuel Bradburn,
que, por ser um grande e eloquente orador, foi apelidado de “O Demóstenes do Metodismo”.
O casal era da mesma cidade de Raikes, Gloucester, e, devido à amizade com ele,
o jornalista compartilhou com o casal sua preocupação com as crianças nas ruas,
exclamando ao final da conversa: “O que podemos fazer por essas pobres e negligenciadas
crianças?”. Então, Sophia respondeu: “Vamos ensiná-las a ler e leva-las Ã
igreja”. Raikes animou-se com a ideia e colocou-a em execução com a ajuda de Sophia,
que o ajudou na organização da primeira Escola Dominical, marchava na frente dos
alunos levando-os à igreja paroquial para as aulas e fez parte da primeira equipe
de professores. Portanto, a história da Escola Dominical está intimamente
ligada à história do Metodismo.(3) Aliás, o próprio Raikes era muito ligado aos
metodistas. E quando surgiu a primeira oposição à Escola Dominical, Raikes
contou com a ajuda deles.
Muitos eram os que acusavam Raikes de estar deixando de
consagrar o domingo a Deus devido a essa atividade de Escola Dominical. O
questionamento levantado era: “Onde já se viu comprometer o dia do Senhor com essas
atividades para esses delinquentes?”. Diante dessas acusações, em 1783, após três
anos de execução do projeto, munido de números que evidenciavam os bons
resultados da Escola Dominical, Raikes resolveu divulgá-los. Assim, no dia 3 de
novembro daquele ano, ele publicou em seu jornal o que Deus operara e
continuava a operar na vida daqueles meninos em Gloucester por meio da Escola Dominical.
Por isso, a data de 3 de novembro de 1783 é considerada o dia oficial de
fundação da Escola Dominical, não obstante o trabalho ter se iniciado em 1780.
Enquanto Raikes respondia aos crÃticos, John Wesley e seus seguidores
engajavam-se na expansão da Escola Dominical em todo o território inglês. Em
1784, em seu diário, Wesley registra sua satisfação ao visitar às Escolas Dominicais
promovidas pelos metodistas de Leeds, na Inglaterra. Na época, aquela cidade já
tinha 26 turmas de Escola Dominical com 2 mil alunos e 45 professores, um
sucesso absoluto No inÃcio, Wesley as chamou de “creches cristãs”, mas depois, ainda
em 1784, as batizou de “Escolas Dominicais Metodistas”. Também neste ano, Wesley
menciona pela primeira vez o trabalho de Escola Dominical em seu periódico The
Arminian Magazine, o então órgão oficial do movimento metodista, mencionando
sua ministração, no domingo de 18 de junho de 1784, na Escola Dominical
instalada na cidade de Bingley.
Como fruto desse engajamento dos metodistas com a ED, Wesley
publicou, na edição de janeiro de 1785 do periódico oficial das igrejas metodistas
na Inglaterra, um longo artigo intitulado Um relato sobre as Escolas de
Caridade de Domingo, iniciadas em várias partes da Inglaterra, divulgando
maciçamente o trabalho de Escola Dominical em todo o paÃs.(4) Ele “percebeu que
poderia usar a Escola Dominical para expandir” o avivamento metodista, de maneira
que escreveu: “É preciso que haja uma Escola Dominical onde houver uma sociedade
metodista”.(5) Wesley promoveu até o final da vida, e seus seguidores após ele,
as Escolas Dominicais, a começar entre as congregações metodistas na Inglaterra
e, logo depois, também nos Estados Unidos, levando outras denominações a
copiaram seu exemplo.
O Movimento Metodista: o propulsor da Escola Dominical
Portanto, a ideia da criação da Escola Dominical, a promoção
e a disseminação do trabalho encetado por Raikes, e a popularização da Escola Dominical
em toda a Inglaterra e depois nos Estados Unidos, e assim no resto do mundo, se
deve, portanto, aos metodistas, capitaneados por seu lÃder John Wesley. Os historiadores
frisam inclusive que “a organização das classes” de Escola Dominical feita
pelos metodistas e “suas conferências anuais” de Escola Dominical “foram o
segredo do sucesso” da Escola Dominical no mundo.(6) Se Raikes foi o primeiro a
pôr em execução, os metodistas melhoraram o trabalho, o expandiram e o
popularizaram pelo mundo.
Como resultado do esforço dos metodistas para popularizar a Escola
Dominical, se em 1784 havia 2,3 mil crianças nas Escolas Dominicais na
Inglaterra, todas de trabalhos metodistas, em 1795 já eram 94 mil alunos; em
1798, os metodistas fundam em Londres a Sociedade de Escolas Dominicais Metodistas;
em 1805, eles teriam mais de 200 mil alunos matriculados; e em 1820, 480 mil
alunos matriculados, ou seja, quase meio milhão, só em solo inglês, sem contar
as milhares de outras crianças em outros paÃses. Como informa o historiador Thomas
Walter Laqueur, através dos metodistas as Escolas Dominicais se tornaram “tanto
um fenômeno social quanto um fenômeno religioso e educacional”, e era dotada de
“uma visão da infância” que era “nova, mais humana, mais tolerante e, de fato,
mais otimista”.(7) Entre os grandes entusiastas da Escola Dominical está a anglicana
Hannah More (1745-1833), que de tão ligada aos metodistas foi considerada por muitos
como sendo um deles.
A Escola Dominical chega nos Estados Unidos
A primeira Escola Dominical nos Estados Unidos também foi fundada
pelos metodistas. Antes de vermos como isso se deu, é importante lembrar que, curiosamente,
quando John Wesley foi missionário nos Estados Unidos de 1736 a 1738, atuando
na VirgÃnia e na Georgia, ele empreendeu na Georgia o que poderia ser chamado de
“A primeira Escola Dominical do mundo”, mas que não teve continuidade após a
sua partida. Ressalta o Dr. Elmer L. Towns que o povo de Savannah, Georgia, afirma
até hoje “que John Wesley iniciou a primeira Escola Dominical em sua cidade em 1736”,
ao vir “ao estado da Georgia como um jovem clérigo anglicano para pregar aos
Ãndios na nova colônia” e, nesse perÃodo, ter a ideia de dar aulas de
“discipulado à s crianças de sua igreja nas tardes de sábado e domingo”. Frisa
Towns que conquanto “esse exercÃcio religioso não se encaixe [perfeitamente] na
definição técnica de uma Escola Dominical”, fato é que John Wesley pode ser
considerado “o precursor da Escola Dominical”, pois, décadas “antes de Robert
Raikes iniciar a primeira Escola Dominical”, ele “plantou as sementes do
movimento”, além do que “o desejo de Wesley de alcançar todas as crianças com o
evangelho foi manifestado mais tarde no movimento da Escola Dominical”, que acabou
sendo capitaneado por ele.(8)
Towns lembra ainda que, também antes do surgimento da Escola
Dominical, “Wesley dividia seus seguidores em pequenas classes, prenunciando a Escola
Dominical que viria a seguir”; ele escreveu mais de 300 livros em sua vida objetivando
“ajudar os pregadores laicos a transmitir a Palavra de Deus, novamente como um
prenúncio da Escola Dominical, que propiciou literatura para o público laico”;
e “também trabalhou com as massas fora da igreja estabelecida, novamente em um prenúncio
das escolas domincais que se iniciariam fora das construções das igrejas,
visando a alcançar as igrejas das ruas”.(9)
Feita essa ressalva, oficialmente foi o metodista William
Elliott, que emigrou da Inglaterra para os EUA em 1724, tendo se convertido ao
metodismo em 1772, quem inaugurou de fatos a primeira ED em solo
norte-americano, em 1785, com as aulas sendo realizadas inicialmente em sua
casa (Em janeiro de 1791, elas seriam transferidas para o recém-inaugurado
templo da Igreja Metodista de Burton Oak Grove, na VirgÃnia). Os primeiros alunos
foram seus filhos e os filhos dos vizinhos e amigos, além de seus servos e os
escravos negros da região que quisessem ter aulas.(10)
Aqui vale lembrar que os metodistas foram pioneiros, juntamente
com os Quakers, na luta pela abolição da escravatura na Europa e nos EUA. Wesley
começou essa luta ainda nos anos de 1750 e levou-a até à sua morte. Aliás, sua última
carta antes de morrer foi endereçada a William Wilberforce para que não
desistisse de lutar por isso; e Wilberforce, que tinha Wesley como uma de suas
referências morais, guardou a missiva com carinho até o final da vida. Lembrando
ainda que, em 1780, a Conferência Metodista dos EUA publicou documento pregando
o fim da escravatura no paÃs; e que, em 1790, os negros já representavam 20% da
membresia da Igreja Metodista norte-americana.(11)
Além de Elliott, outros metodistas fundariam Escolas Dominicais
ainda em 1786 e nos anos seguintes, espalhando-as em solo norte-americano. E após
os metodistas, os batistas começariam a fazê-lo também. O britânico Samuel Slater
(1768-1835), o “Pai da Revolução Industrial dos Estados Unidos”, que trouxe a
Revolução Industrial da Inglaterra para os EUA, com suas fábricas têxteis,
fundando a primeira em solo norte-americano em 1791, foi responsável por fundar
também, em 15 de setembro de 1799, uma Escola Dominical inspirada no que vira
na Inglaterra. A iniciativa visava ao benefÃcio de crianças empregadas na
fábrica de algodão de Slater em Pawtucket, Rhode Island, ensinando-as a ler a BÃblia.
A primeira turma tinha apenas sete meninos, porém logo ela foi crescendo, o que
levou Slater a entregar a direção da ED aos cuidados da 1ª Igreja Batista de
Rhode Island. Essa experiência fez com que os batistas norte-americanos se
interessassem muito pela Escola Dominical, se dedicando também à sua promoção
no paÃs.
Dessa forma, os batistas e os metodistas foram os principais
difusores da Escola Dominical nos EUA durante o século 19. Como fruto do
trabalho dessas duas denominações, a Escola Dominical se espalhou rapidamente e
começou a receber a adesão de outras denominações, até que nasceu a União
Americana de Escolas Dominicais em 1817, consolidada em 1824 e que já nasceu
reunindo Escolas Dominicais de várias denominações (Em 1974, ela mudaria de nome
e propósito, se tornando a Associação Missionária Americana).
Além do forte trabalho evangelÃstico e de Escola Dominical
desenvolvido especialmente pelos metodistas e batistas nesse perÃodo, outro fator
que certamente contribuiu fortemente para o crescimento de ambas as
denominações e consequentemente para a disseminação definitiva da Escola Dominical
nos EUA foi o “Segundo Grande Despertamento” naquele paÃs, ocorrido no século 19
e que foi predominantemente de linha arminiana (diferentemente do “Primeiro
Grande Despertamento”, do século 18, que foi quase que totalmente calvinista, já
que a maioria da população naquela época era de calvinistas). O “Segundo Grande
Despertamento” fez com que os metodistas e os batistas, que eram minoria na
nação, mas por esta época já se encontravam em um exponencial crescimento,
tivessem um boom em solo norte-americano, entrando no século 20 como as maiores
denominações evangélicas do paÃs. Ambas igrejas eram arminianas (No caso dos batistas,
que inicialmente eram de maioria calvinista, eles se tornaram, até o final do
século 19, majoritariamente arminianos de quatro pontos). Em pleno avivamento, a
União Americana de Escolas Dominicais criaria em 1859 o jornal The Sunday School
Times, que duraria até 1966.
Os laços do Pentecostalismo com a Escola Dominical
Na esteira deste “Segundo Grande Despertamento”, surge, na segunda
metade do século 19, os movimentos avivalÃsticos restauracionistas, com destaque
para o Movimento de Santidade, nascido entre os metodistas, mas que contamina também
protestantes de outras denominações (caso dos congregacionais, como Charles Finney,
que abandonará o calvinismo). É a partir desses movimentos que surgirá o Movimento
Pentecostal, que, via metodismo, já nascerá com o “DNA” da Escola Dominical.
Charles Fox Parham e William J. Seymour, por exemplo, vieram do Movimento de
Santidade e ambos, como bons metodistas de origem, valorizavam muito a Escola
Dominical. Parham foi professor de Escola Dominical desde sua adolescência e as
igrejas que dirigia sempre tinham Escolas Dominicais. No Avivamento em Azusa,
havia aulas de Escola Dominical com salas dedicadas para isso e que, devido às poucas
condições da igreja, eram também usadas por Seymour como alojamento durante a
semana.
Antes de Parham e Seymour, porém, é preciso lembrar de vários
grandes nomes que se destacaram na onda avivalÃstica restauracionista do final do
século 19, pré-Movimento Pentecostal, exercendo, inclusive, grande influência
teológica sobre o Pentecostalismo em seu inÃcio. São os casos de A. J. Gordon, R.
A. Torrey e A. B. Simpson, todos defensores do batismo no EspÃrito Santo como uma
experiência subsequente à conversão e consistindo em um revestimento de poder do
Alto para dinamizar a vida espiritual e de serviço a Deus (mas não vinculando
ainda nessa época, necessariamente, as lÃnguas ao batismo no EspÃrito), e que
também criam na contemporaneidade dos dons espirituais. Eles eram amantes e
divulgadores da Escola Dominical. O batista A. J. Gordon escrevia mensalmente
lições de Escola Dominical em seu jornal The Watchword, que durou de 1878 a 1897.
Também um grande promotor da Escola Dominical, R. A. Torrey chegou a afirmar que
“um fiel professor da Escola Dominical é um dos melhores instrumentos de Deus
na terra para a salvação dos que perecem”. Ele sempre vinculava a importância
da Escola Dominical para a missão evangelÃstica e discipuladora da Igreja. A.
B. Simpson, por sua vez, além de adotar a Escola Dominical em suas igrejas, frequentemente
lecionava para professores de Escola Dominical.
Mas, de todos desse perÃodo do “Protopentecostalismo”, o
mais notório foi o célebre evangelista norte-americano Dwight Lyman Moody
(1837-1899), que foi o maior evangelista do século 19 e um dos maiores propagadores
da Escola Dominical no mundo. Ele veio a Cristo pela instrumentalidade de um
professor de Escola Dominical e começaria sua atividade na Obra de Deus como professor
de ED. Durante seu ministério, Moody seria simplesmente o responsável pela abertura
de mais de 70 mil Escolas Dominicais nos EUA. Até o presidente Abraham Lincoln visitou
a Escola Dominical de Moody.
Assim, quando nasceram as primeiras igrejas pentecostais no
século 20, todas elas valorizavam muito a Escola Dominical, entendendo-a como
uma das bases do avivamento espiritual. A Assembleia de Deus nos EUA, por
exemplo, desde seu inÃcio, promovia a Escola Dominical, tendo, inclusive, entre
os seus primeiros grandes nomes na área teológica, Myer Pearlman, que se
notabilizou não apenas por suas obras teológicas, mas por comentar durante anos
as revistas de ED da denominação no paÃs. Algumas dessas revistas comentadas por
ele se tornaram livros que são best-sellers no Brasil publicados pela CPAD, e
que a editora recentemente transformou na Coleção Myer Pearlman em sete
volumes.
A Escola Dominical e o Pentecostalismo no Brasil
Os missionários escoceses Robert e Sara Kalley são considerados
os fundadores da Escola Dominical no Brasil. Houve, sim, reuniões de Escola Dominical
antes de 1855, no Rio de Janeiro, porém em caráter interno e no idioma inglês,
entre os membros da comunidade norte-americana. Em 19 de agosto de 1855, na
cidade imperial de Petrópolis, no Rio de Janeiro, o casal Kalley dirigiu a primeira
Escola Dominical em terras brasileiras. Sua audiência não era grande – apenas cinco
crianças assistiram à quela aula –, todavia foi o suficiente para que seu trabalho
florescesse e alcançasse os lugares mais retirados de nosso paÃs. Essa mesma
Escola Dominical deu origem à Igreja Congregacional no Brasil.
Hoje, no local onde funcionou a primeira Escola Dominical do
Brasil, na cidade de Petrópolis (RJ), acha-se instalado um colégio, mas ainda é
possÃvel ver o memorial que registra esse importante momento do ensino da
Palavra de Deus em nosso paÃs.
Desde o inÃcio das Assembleias de Deus no Brasil, os pioneiros
suecos valorizaram a Escola Dominical. Daniel Berg e Gunnar Vingren vieram de
igrejas batistas suecas dos Estados Unidos onde funcionavam Escolas Dominicais.
No jornal Boa Semente, primeiro órgão oficial da Assembleia de Deus em nosso
paÃs, criado em 1919 por Gunnar Vingren apenas oito anos após a fundação da denominação
no Brasil, os comentários para ED vinham encartados para toda a igreja. Eles
eram denominados Ensinos Dominicais e posteriormente mudariam de nome para
Lições BÃblicas, adotado até hoje.
Devido ao trabalho da Casa Publicadora das Assembleias de Deus
(CPAD), sobretudo desde 1974, com o Curso de Aperfeiçoamento de Professores de Escola
Dominical (CAPED), capitaneado pelo pastor Antonio Gilberto, e depois, a partir
dos anos de 1990 para cá, com os Congressos Nacionais e Conferências Regionais
de Escola Dominical, e a criação de currÃculos modernos de ED, a Escola
Dominical da Assembleia de Deus brasileira se tornou a maior do paÃs e a CPAD
passou a ser denominada, com todos os méritos, “A Editora da Escola Dominical”.
Sem dúvida alguma, podemos afirmar que a Escola Dominical é
uma das razões do crescimento sólido das Assembleias de Deus em nossa nação. O crescimento
das Assembleias de Deus em nosso paÃs se deve, claro, ao poder do EspÃrito
Santo, mas operando a partir de um poderoso tripé de ações, que são o forte
evangelismo pessoal, a Escola Dominical e a ênfase na oração. Sem um desses
três pilares, o crescimento da denominação não se daria.
O impacto do ensino já no nascedouro da Igreja de Cristo
Após a pregação de Pedro no Dia de Pentecostes, quase 3 mil vidas
agregaram-se aos primeiros discÃpulos de Jesus (Atos 2.41), e o texto de Atos 2
ainda informa na sequência que esse número continuou crescendo de forma vertiginosa
(Atos 2.47). Entretanto, a maior parte da descrição que o texto faz desse crescimento
é dedicada não aos números desse crescimento, mas à qualidade dele, que é apresentada
como sendo a razão desse vertiginoso crescimento numérico.
Hoje em dia, é muito comum encontrarmos lÃderes e igrejas evangélicas
que, na ânsia de obterem um forte crescimento para suas congregações, acabam
negociando valores caros ao Evangelho de Cristo, como se fosse impossÃvel ter
uma igreja em franco crescimento sem abrir mão da qualidade espiritual desse
crescimento. Porém, o que esse texto nos mostra é que esse tipo de pensamento é
absolutamente equivocado: é possÃvel ter um grande crescimento sem perder a
qualidade espiritual.
Sim, a qualidade é mais importante do que a quantidade; e pode
ter certeza de que não vai ser sempre que encontraremos grande quantidade lado a
lado com grande qualidade. Porém, fato é que, à luz de Atos 2.42-47, entendemos
que essa não deve ser a regra, mas a exceção. A regra deve ser crescimento
quantitativo com crescimento qualitativo.
Uma das razões desse crescimento com qualidade foi: “E perseveraram
na doutrina dos apóstolos”. É significativo que a primeira caracterÃstica
ressaltada pelo evangelista Lucas, a que primeiro chamou a atenção do historiador
bÃblico, seja exatamente a perseverança da Igreja na doutrina que esposava.
Isso significa que a primeira preocupação para um crescimento saudável da
igreja deve ser sempre com a doutrina. A primeira preocupação deve ser sempre
com o ensino e a pregação do Evangelho. Ademais, a comunhão entre os irmãos é intensificada
através da Escola Dominical, que pode, inclusive, ser um canal para a promoção de
atividades conjuntas da igreja que visem a alcançar a sociedade lá fora.
Que Deus nos ajude para que a Escola Dominical seja sempre valorizada
em nossas igrejas, para o fortalecimento e o crescimento saudável do Corpo de
Cristo.
Referência
(1) Ver DAYTON, Donald W. RaÃzes Teológicas do
Pentecostalismo. Natal, RN: Editora Carisma, 2018.
(2) Ver DANIEL, Silas. Arminianismo – A Mecânica da
Salvação. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp. 293 e 294.
(3) WARDLE, Addie Grace. History of the Sunday School Movement
in the Methodist Episcopal Church. New York: The Metodhist Book Concern, 1918,
p. 17.
(4) WARDLE, Ibid., p. 18.
(5) TOWNS, Elmer L. Enciclopédia da Escola Dominical. CPAD,
2017, p. 636.
(6) SCHLOSSBERG, Herbert. The Silent Revolution and the
Making of Victorian England, Ohio State University Press, 2000, p. 44.
(7) SCHLOSSBERG, Ibid., p. 44; LAQUEUR, Thomas Walter.
Religion and Reséctability: Sunday Schools and Working-CLass Culture,
1780-1850. New Haven, 1976, pp. XI, 9 e 35; e HIMMELFARB, Gertrude. Os Caminhos
para a Modernidade. É Realizações, 2011, p. 182.
(8) TOWNS, lbid., pp. 635 e 636.
(9) TOWNS, Ibid., p. 636. | 10 WARDLE, Ibid., p. 46. | 11
DANIEL, Ibid., pp. 294 a 301.
por Silas Daniel
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