Quando falamos sobre a Assembleia de Deus e seu centenário, é impossível não destacarmos o seu amor pela obra missionária. Tenho participado constantemente de congressos, conferências, palestras e outros eventos com teor missionário, e o que vejo é uma igreja que sente profundamente em seu coração amor pelas vidas que se perdem. Creio firmemente que isso é algo que vem da parte de Deus, pois o próprio Deus é o Criador da obra missionária. A Assembleia de Deus no Brasil, no decorrer dos seus quase 100 anos de existência, tem demonstrado que é uma igreja que obedece ao Ide de Cristo; prova disso é que em seus primeiros anos já enviava o primeiro missionário ao estrangeiro, o pastor José Plácido da Costa, para Portugal.
Isso não é por acaso. Existem várias razões pelas quais a AD
no Brasil é uma igreja missionária.
Em primeiro lugar, somos uma igreja missionária porque somos
pentecostais. “O que isso tem a ver?” – pode perguntar alguém. Se analisarmos o
texto de Atos dos Apóstolos no momento do derramamento do Espírito Santo, no momento
do Pentecostes, notaremos algo interessante. Deus escolheu uma cidade e um tempo
para esse evento: Jerusalém (Lucas 24.29). Ela seria a cidade anfitriã do Pentecostes
e o momento não dava para ser mais oportuno. Nesses dias, a Bíblia afirma que estavam
em Jerusalém pessoas de todas as nações debaixo do céu (Atos 2.5) e o mover do
Espírito foi tão poderoso que muitas dessas pessoas ouviram a voz dos crentes
no cenáculo. Houve espanto instantâneo, pois essas pessoas ouviam, em suas
línguas maternas, aqueles homens galileus falarem das grandes obras de Deus (Atos
2.7-11). Por que o Espírito Santo fez isso? Porque já queria iniciar ali um grande
movimento missionário. Poderia ser algo apenas para aqueles irmãos que estavam reunidos
no cenáculo, mas Deus quis que esse evento desse início à pregação do Evangelho
para todas as nações.
Em segundo lugar, somos uma igreja missionária por que nascemos
nos braços de missionários. Dizem que alguém sem passado é alguém sem futuro. Acredito
nessa afirmação. Não podemos esquecer o fato de que a AD é o que é hoje devido ao
trabalho incansável dos missionários enviados por Deus para nossa terra. Homens
e mulheres com seus filhos derramaram a sua vida neste país para que conhecêssemos
a mensagem do Evangelho. Em 19 de novembro de 1910, dois missionários suecos desembarcaram
no Brasil e, já em 18 de junho de 1911, fundaram a Assembleia de Deus, conforme
relato do irmão Emílio Conde em “História das Assembleias de Deus no Brasil”
(CPAD). Temos em nosso sangue o DNA missionário. Somos filhos de missionários
e, como filhos, queremos imitar nossos pais.
Na teologia, aprendemos que, quando encontramos na Bíblia o
termo “filhos de Deus”, não devemos interpretá-lo apenas como algo que traz a
ideia da adoção e do laço filial, mas também como um termo que traz a ideia de
ligação no comportamento – o filho faz aquilo que o pai faz. Jesus disse que fazia
aquilo que o Pai fazia (João 5.19). Por isso, se somos, como igreja, filhos de missionários,
inevitavelmente devemos ser fiéis a nossas raízes e sermos missionários também.
Em terceiro e último lugar, somos uma igreja missionária porque
acreditamos que o “Ide” é para todos. A AD se destaca em relação às demais denominações
pelo fato de que até os novos convertidos pregam com ousadia a Palavra. Em outros
lugares, os vocacionados têm que ir a um seminário para, só depois de 4 ou 5
anos, começarem a pregar. Na AD, até o mais novo crente pode testemunhar do que
Deus tem feito em sua vida. Apesar de jovem, sou do tempo em que cada crente pedia
a seu pastor a realização de cultos em seu lar. Nesses cultos, Jesus salvava,
curava e batizava no Espírito Santo. Isso já bastava para que ali fosse aberto
um ponto de pregação.
Acreditamos que o “Ide” de Jesus é algo para todos os crentes.
Alguém falou que podemos fazer Missões de três maneiras: indo, orando ou
contribuindo. Gostaria de mudar apenas uma coisa nessa afirmação. Acredito que podemos
fazer Missões indo, orando e contribuindo. A AD tem feito as três coisas porque
acredita que não pode ficar de fora de nenhuma delas. Não há como fazer Missões
apenas indo, e muito menos apenas orando ou contribuindo. Devemos atuar nas
três áreas: indo, se não para outros países, mas para o vizinho da casa ao lado;
orando incessantemente; e contribuindo, pois cremos que tudo o que temos é para
o engrandecimento do Reino de Deus.
por Arieuston Gomes Netto
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