“Espíritas dizem que, no grego, não aparece em algumas passagens da Bíblia o artigo definido antes de ‘Espírito Santo’, logo o certo seria ‘um espírito santo’. É verdade?”
Inicialmente, impressiona-me a forma superficial como esses autores tratam a língua grega, como se esta não fosse uma língua cheia de nuances.
No apêndice do clássico dicionário de língua grega de W. E.
Vine, encontramos 64 páginas dedicadas exclusivamente à análise do uso do artigo
grego e das inúmeras regras que o regem.
Da mesma forma, Archibald Thomas Robertson, em sua monumental
gramática de grego com suas 1.454 páginas, reserva mais de 40 delas para mostrar
as várias regras que regulamentam o uso do artigo grego.
Em sua gramática de grego, o Dr. H. E. Dana trata do mesmo assunto
em quase 20 páginas. Se as regras que regem o uso do artigo grego são tão complexas,
como então se pode dizer tudo sobre elas em apenas um parágrafo? Além do mais,
a emprestado métodos estranhos do espiritismo, da hipnose, do Budismo, do Hinduísmo
e de outros movimentos e filosofias que contrariam a Palavra de Deus. Alguns perigos
nessa terapia espiritual estranha são a regressão espiritual, a maldição hereditária
e a confissão positiva ou poder da mente. Ora, a verdadeira cura interior caracteriza-se
pela libertação dos pecados, de traumas interiores e de mágoas ou
ressentimentos, e não por “quebra” de maldições e/ou encantamentos ou pelo uso do
poder da mente e de técnicas de regressão.
A mais terrível doença interior chama-se pecado. É tão grave
que é comparada a uma chaga horrível. Essa “enfermidade”, a que se referia o profeta
Isaías (Isaías 1.6) é espiritual e tal regra criada por esses autores é absurda.
Vamos tentar aplicar essa regra desses autores em alguns textos
do Novo Testamento grego.
1) Em João 1.6, leríamos: “Houve um homem enviado (...) seu
nome era um João”. No texto grego, o nome João não vem precedido de artigo. Pelas
regras desses “eruditos”, a referência aqui deverá ser a um João qualquer e não
a João Batista. Qualquer pessoa que tem bom senso e já leu o capítulo 1 de João
sabe que a referência é claramente a João Batista, e não a um João qualquer.
2) Em Mateus 1.1, encontraríamos: “Livro da geração de um Jesus
Cristo, filho de um Davi, filho de um Abraão”. Os nomes: Jesus, Cristo, Davi e
Abraão não vêm precedidos de artigo no texto grego. Mais uma vez, pela regra desses
“gramáticos”, a referência aqui não deverá ser ao Senhor Jesus Cristo, nem tampouco
ao rei Davi, e muito menos ao patriarca Abraão, pela simples razão dessas
palavras não virem acompanhadas do artigo grego. Um absurdo.
3) Em 1 Coríntios 1.1, leríamos: “Paulo, chamado para ser apóstolo
de um Cristo Jesus”. Aqui também o nome de Paulo e Jesus Cristo não são
precedidos de artigo no texto grego. Alguém tem dúvidas que esse texto está se referindo
a Paulo de Tarso, que se tornou apóstolo do Senhor Jesus Cristo?
Enfim, se fôssemos aplicar esses princípios criados e usados
por esses intérpretes, faríamos com que o texto bíblico se tornasse um
verdadeiro caos.
Sobre o caso da ausência de artigo definido em algumas referências
ao Espírito Santo, escreve W. E. Vine: “Em certas ocasiões se deve explicar a ausência
(do artigo) pelo fato de que Pneuma (Espírito) é substancialmente um nome próprio,
por exemplo João 7.39. Como regra geral, o artigo está presente quando o tema
do ensino é a pessoa do Espírito Santo, p.e., João 14.26, onde é mencionado o
Espírito em distinção ao Pai e ao Filho”.
Archibald Thomas Robertson, considerado mundialmente a maior
autoridade em língua grega do século 20, ressalta, numa referência ao mesmo
assunto, que “a palavra theos (Deus), como um nome próprio, é frequentemente usada
com ou sem artigo; (...) também pneuma (Espírito) e Pneuma Hagion (Espírito Santo)
podem ocorrer com ou sem o artigo”.
por José Gonçalves
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