Pré-milenismo é a crença de que Cristo retornará fisicamente à Terra (Atos 1.6-11; Apocalipse 1.7), estabelecerá seu trono em Jerusalém (Mateus 19:28) e reinará sobre toda a Terra por mil anos (Apocalipse 20.1-6). Já o Amilenismo (não-milênio) nega o reinado futuro literal de Cristo e afirma que Cristo está reinando sobre o mundo espiritual. O Pós-milenismo, por sua vez, sustenta que Cristo voltará à Terra depois que a Igreja trazer o Reino, cristianizando progressivamente o mundo antes da Volta de Cristo. Há muitos argumentos a favor do Pré-milenismo. Ao contrário dos pontos de vista opostos, o pré-milenismo é baseado em um uso consistente da interpretação literal histórico-gramatical de passagens proféticas das Escrituras. Há muitas boas razões para acreditar em um reinado de mil anos literal de Cristo.
Primeiro, sem o Milênio, parece que Deus perdeu a batalha na
História. Deus começou a História da Humanidade através da criação de seres humanos
em um paraíso literal (Gênesis1-2). Havia árvores, plantas, animais e rios (Gênesis
2). Esse paraíso tinha uma localização geográfica específica sobre a Terra, junto
aos rios Tigre e Eufrates (Iraque). Ali, não havia pecado, o mal ou quem sofre-se.
Os nossos primeiros pais, Adão e Eva, viviam em um ambiente físico perfeito. Mas,
esse paraíso foi perdido pelo pecado. Sendo tentados pelo Diabo, Adão e Eva
comeram o fruto proibido (Gênesis 2.16-17), trazendo dor, sofrimento e morte
para si mesmo (Gênesis 3.14-19) e sobre toda a humanidade (Romanos 5.12; Romanos
8.18-25). Eles foram expulsos do Paraíso, que foi fechado e guardado por um anjo
(Gênesis 3.24). Então, aparentemente, o tentador vencera, pois ele trouxe a
morte, os seus resultados e seu medo sobre a humanidade (Hebreus 2.14).
Se o Paraíso perdido nunca é recuperado, então, eventualmente,
Deus é o perdedor e Satanás, o vencedor. Se a morte física não é revertida pela
ressurreição física (João 5.28-29), então Satanás vence ao final (Hebreus 2.14).
E se um paraíso literal não é restaurado, então Deus perdeu o que Ele criou.
Mas, Deus é onipotente (Apocalipse 19.6) e, obviamente, não perde. Portanto,
deve haver um Paraíso literal recuperado, como vemos na visão pré-milenista da
História.
Além do mais, a Bíblia diz que Deus vai recuperar o paraíso que
foi perdido. Ele o fará por uma ressurreição literal (1 Coríntios 15.12-19; Lucas
24.39-43) e pelo reinado literal na Terra de Cristo, o último Adão. Ele reinará
e a morte será total e realmente derrotada (1 Coríntios 15.24-27). Mas, isso não
será até o final do Milênio (Apocalipse 20.4-6) e o início do Novo Céu e da Nova
Terra a qual se refere João e onde Deus enxugará toda lágrima e não haverá mais
morte, nem pranto, nem clamor, nem mais dor, “porque as primeiras coisas
passaram” (Apocalipse 21.4 ). Portanto, apenas em um reinado literal de Cristo
na Terra, como o Milênio será, haverá o verdadeiro paraíso restaurado.
Em segundo lugar, sem Milênio a História não tem clímax. É
amplamente reconhecido que uma visão linear da História (na qual a História avança
em direção a um objetivo final) é o resultado da revelação judaico-cristã. A História
pertence a Deus. Ele a tem planejado e ela está se movendo (Daniel 2.7) em
direção ao seu fim (Eschaton). E sem um Milênio literal e histórico na Terra, não
há um fim real à História. De acordo com uma visão tradicional amilenista, a história
humana apenas para, mas nunca chega a um clímax. Ela simplesmente termina e,
então, o estado eterno começa. No entanto, na visão pré-milenista, o Milênio não
é o primeiro capítulo da eternidade, é o último capítulo do tempo. É o momento
em que, pelo Reino de Cristo, o pecado, o sofrimento e a morte serão finalmente
superados. Então virá o fim, quando Ele entregar o reino a Deus Pai, depois de ter
subjugado todo domínio, autoridade e poder (1 Coríntios 15.24-25). Cristo, porém,
só faz isso por meio de Seu Reino milenar, que termina na ressurreição final (Apocalipse
20.5). Assim, sem um Milênio literal, não há o fim real da História.
Em terceiro lugar, sem o Milênio, Deus iria quebrar sua promessa
incondicional da Terra Prometida a Abraão. Deus prometeu a terra de Canaã para Abraão
e seus descendentes para sempre. Essa terra cobre todo oeste do Rio Jordão, do
Egito ao Iraque (Gênesis 15.18; 17.8; 13.15). Deus selou essa promessa com um sacrifício
feito por Abrão sob a orientação divina (Gênesis 15.9-18).
A Bíblia declara que “os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis”
(Romanos 11.29). As promessas de Deus não dependem de nossa fé, mas da Sua fidelidade.
Pois, “se formos infiéis, Ele permanece fiel, pois não pode negar a si mesmo”
(2 Timóteo 2.13). A promessa de Deus era imutável. Ele jurou por si mesmo, e Ele
não pode mentir (Hebreus 6.13-18). Mas, essa promessa da terra de Abraão nunca foi
plenamente cumprida. No entanto, segundo a Bíblia, ela ainda será cumprida (Mateus
19.28; Atos 1.6-8; Romanos 11), no futuro, no reinado de mil anos de Cristo (Apocalipse
20.1-6). Mesmo após os dias de Josué (Josué 21.43), a promessa da terra ainda estava
no futuro (Jeremias 11.5; Amós 9.14-15). Sem um cumprimento nacional e literal,
como o Milênio, Deus teria quebrado uma aliança incondicional, o que é
impossível (Hebreus 6.17-18).
Em quarto lugar, sem o Milênio, Deus iria quebrar uma
promessa incondicional sobre o Trono de Davi. Deus prometeu a Davi que ele e
seus descendentes reinariam sobre o Trono de Israel para sempre. Ele declarou que
“o seu trono será estabelecido para sempre” (2 Samuel 7.12-16). Essa foi uma
promessa incondicional para Davi e seus descendentes, como vemos em Salmos
89.28-37. No entanto, nenhum descendente de Davi está agora, nem esteve nos últimos
2.500 anos, reinando no Trono em Jerusalém literalmente. Mas, Deus prometeu que
Jesus Cristo, descendente de Davi, iria fazê-lo no futuro (Mateus 19.28). Essa
promessa incondicional e eterna ainda não foi cumprida literalmente. Sem o Retorno
de Cristo e Seu perpétuo Reino, Deus teria quebrado essa promessa incondicional.
Mas, Deus não pode quebrá-la (Romanos 11.29). Portanto, deve ainda haver um reino
messiânico literal de Cristo na Terra, como está prometido no Milênio (Apocalipse
20.1-6).
Em quinto lugar, só o Pré-milenismo emprega uma hermenêutica
consistente. Para negar o Pré-milenismo, é preciso negar uma aplicação coerente
da interpretação literal histórico-gramatical da Bíblia.
Em sexto lugar, o Pré-milenismo aumenta a urgência de evangelismo.
Não é por acaso que muitos dos movimentos e grandes missionários modernos (William
Carey, David Livingston e Adoniron Judson), e dos grandes esforços
evangelísticos e grandes evangelistas da História da Igreja (John Wesley, Billy
Sunday, D. L. Moody e Billy Graham) eram Pré-milenistas.
Por fim, em sétimo lugar, o Pré-milenismo adiciona um incentivo
à santidade. Não é que não há outros incentivos para a piedade, mas certamente a
expectativa de um Arrebatamento iminente acrescenta. O verdadeiro crente não quer
ser pego em pecado, quando Jesus retornar. Os apóstolos João (1 João 3.2-3), Paulo
(Tito 2.14) e Pedro falaram sobre isso (2 Pedro 3.10-11).
por Norman Geisler
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